Num ano em que o Rali de Portugal ficou fora do WRC, devido à rotatividade no calendário, fazendo parte apenas da F2, Rui Madeira aproveitou a ausência das equipas oficiais para dar pela primeira vez desde a trágica edição de 1986 uma vitória com bandeira nacional aos adeptos portugueses
Viviam-se novamente tempos de maior emotividade. Os carros do Grupo A haviam evoluído e eram já quase tão rápidos como os Grupo B. A entrada de novos construtores trouxe maior competitividade e as lutas entre a Toyota, Ford, Subaru e Mitsubishi atraíam multidões. Alvo de maior rigor no que toca à sua colocação, milhares de espetadores continuavam a deslocar-se às florestas, combatendo as horas de espera ao frio com reconfortantes fogueiras e generosos farnéis. O Mundial conhecia novas paragens e a pressão dos custos levou a FIA a instituir um esquema de rotatividade
que deixou o Rali de Portugal fora do campeonato em 1996. Nesse ano, a prova apenas contou para o Mundial de 2 litros, uma espécie de segunda divisão dos ralis. Sem as equipas de fábrica, Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva aproveitaram uma oportunidade de ouro para vencer à geral, o que já não sucedia desde a trágica edição de 1986, levando a melhor sobre Freddy Loix, enquanto Jesus Puras, em Seat Ibiza, levava a melhor na F2.
A prova valeu essencialmente pela grande luta entre o piloto português e o belga, pois cedo se percebeu que Fernando Peres não andava no seu máximo, mais preocupado com o Nacional de Ralis. No final da primeira etapa, Rui Madeira tinha 36 segundos de avanço para Peres, num dia em que Freddy Loix furou e perdeu 3m30s. Na segunda etapa em Fafe, as distâncias mantiveram-se, mas em Viseu, Madeira atacou, afastou-se de Peres e permitiu a Loix recuperar apenas sete segundos. Rui Madeira partiu para o último dia, em Arganil, com 59s de avanço, e apesar de dois piões nesse troço, tinha avanço suficiente para gerir. Peres e Mokonen abandonaram, Loix terminou em 2º e Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva, depois de terem vencido a Taça FIA de Grupo N em 1995, inscreviam o seu nome no lugar mais alto do palmarés do Rali de Portugal.