Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva contam como chegaram ao título no Rali da Catalunha de 1995


Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva arrancam hoje para o Rali da Catalunha, prova do Europeu de Ralis Históricos, competição em que vão este ano disputar algumas provas, como comemoração dos 30 anos do triunfo na Taça FIA de Grupo N de 1995, que venceram, com o mesmo carro com que correm esta semana na prova catalã.

Como se sabe, a dupla trouxe para Portugal o primeiro grande título internacional de ralis, a Taça FIA de Grupo N, e recuperando uma conversa com os dois campeões, estes recordaram os momentos em que garantiram a conquista do ambicionado título, provando que Portugal também podia ter campeões internacionais nos ralis.

rui madeira nuno rodrigues da silva
Rui Madeira (2)
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Para Rui Madeira: “Foi um momento único que não estávamos a contar, porque chegar ao último troço foi um foi uma grande dificuldade. O Rali não nos estava a correr bem, tivemos muitas dificuldades foi a estreia do Mitsubishi Lancer evo III, os carros, tanto o nosso como os do (Jorge) Recalde e da Isolde (Holderied) não estavam bem, era algo que tinha a ver com a centralina, com a eletrónica, os carros não estavam como era habitual, nem pouco mais ou menos a nível do evo 2 realmente foi uma prova a sofrer, porque no início o Recalde e a Isolde, havia um troço grande em que nos ganharam bastante tempo, cerca de 20 segundos, sobretudo num rali que nos estaríamos em vantagem, porque tínhamos ido lá no ano anterior, 1994, conhecíamos extremamente bem, tínhamos a vantagem de estarmos mais calmos, porque conhecíamos o rali, relativamente ao anterior, e que sabíamos quais eram os momentos chave, os troços mais importantes e acabou efetivamente por ser facilitado já que ouvimos pela rádio que tinha havido um problema com os outros carros, e quando chegámos ao fim do troço tivemos a confirmação da desistência do Reclade e da Isolde, e a partir daí foi um “ai Jesus” levar o carro até ao fim, e claramente quando chegámos ao pódio nesse momento final, nunca pensámos ser possível, caiu-nos a ficha porque realmente era muito importante para nós, pilotos, equipa e também para Portugal. Mas foi realmente difícil terminar a prova, foi muito difícil conseguir conciliar e mantermos o carro em prova sem problemas porque realmente era a eletrónica do carro, desta vez, não esteve muito bem” disse rui Madeira, numa prova cheia de acontecimentos, numa prova marcada pela exclusão da Toyota, os homens da Prodrive andavam no meio da estrada a pensar como travar o Colin McRae para o Carlos Sainz ganhar, devido às ordens de equipa e enquanto isso, uma equipa portuguesa vencia a Produção e confirmava a Taça do Mundo FIA de Grupo N: “Tal como o Rui disse, efetivamente, os carros estavam maus de eletrónica, grandes problemas de motor, na prática, foi perceber a seguir ao primeiro troço em que levámos uma ‘avidadela’ dos nossos colegas de equipa (ndr, 17s) que também não tinham os carros em grande forma, mas acabamos por optar todos pela decisão todos em grande ataque no troço a seguir, Coll de Bracons, aí era o tudo ou nada, ou vai, ou racha, e nós conseguimos acabar, eu acho que nunca andei tão depressa, tão ‘pendurado’ com o Mitsubishi em asfalto, lembro-me que andámos várias vezes em duas rodas, o que não era nada típico num carro daqueles, e no final do troço, havia um remote service, o Rui estava à conversa com o Carpinteiro Albino e, entretanto, comecei a ouvir na rádio que alguma coisa estava mal, e efetivamente que era a Isolde e o Recalde quer que destruíram os automóveis nesse troço. Depois, foi um grande suplício levar o carro até ao fim, até semieixos partimos, uma coisa que não era muito típica, nesse rali. Foi complicado inclusivamente na parte psicológica, porque já ouvíamos barulhos por todo o lado para além daqueles que já havia. Foi, foi um alívio quando chegámos ao pódio, mas depois a festa foi gira, tinham ido algumas pessoas de Portugal, acho que estavam ainda mais contentes que nós, para nós, foi a descarga nervosa, mas muito contentes, com o sentido do dever cumprido. Depois a festa, uma enorme jantarada, fomos para a piscina com os fatos de competição, foi simpático”, recordou.

Passaram 30 anos, e a dupla ainda continua a encantar os adeptos portugueses de ralis. Uma dupla que tem uma enorme e importante capítulo na história do automobilismo português.

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