Rali de Monte Carlo de 87: A ‘birra’ de Juha Kankkunen


A vitória da Lancia no Rali de Monte Carlo 1987 mostrou o poderio da marca naquela época dos ralis, já que em apenas seis meses, logo após a interdição dos Grupo B, a marca escolheu o modelo mais adequado da sua gama, o Lancia Delta HF 4WD, e construiu um carro vencedor.

Mas o primeiro rali da nova era do Grupo A o WRC foi polémico, já que com Miki Biasion e Juha Kankkunen a lutar metro a metro pela vitória, e os adversários muito longe, teve de ser Cesare Fiorio, mítico líder da Lancia a intervir, decidindo que o vencedor da especial do Turini deveria ser o vencedor do rali: “Eu queria que a vitória fosse decidida de uma forma desportiva, mas também não queria que arriscassem a cada classificativa. Deu tudo errado”, admitiu Cesare Fiorio.

Juha Kankkunen, Campeão do Mundo de 1986, recém recrutado à Peugeot, é que não gostou nada da decisão, e ainda menos quando viu a luz da temperatura do seu Lancia acender-se. Foi um final infeliz para uma notável vitória de Biasion, com Juha Kankkunen a parar o carro já com o final do troço à vista. Começava mal a era pós grupo B.

Como se percebe, apesar do domínio da Lancia, nem tudo foram facilidades para um diretor de equipa: “É uma história muito estranha. Kankkunen havia deixado a Peugeot e juntara-se a nós mas talvez a sua adaptação à equipa não tivesse sido imediata. Ele achava os italianos um bocado estranhos. No Rali de Monte Carlo, Biasion e Kankkunen estavam à frente com uma grande vantagem para o terceiro e eu achei que deviam abrandar para não correrem riscos e chegarem os dois ao final.

Para não ter de impor qual dos dois ganharia, disse então que quem fizesse o melhor tempo na primeira passagem pelo Col du Turini, ganharia a prova. Biasion venceu e, de acordo com o combinado, abrandou o ritmo, seguindo as minhas instruções. Kankkunen continuou a andar depressa e ultrapassou o Biasion, violando o acordo. Fui ter com ele e disse-lhe que teria de abrandar e deixar o Biasion passar. Ele criou uma grande história à volta disso. Mais tarde, falámos, ele compreendeu a situação e ficámos com uma excelente relação. Aliás, Kankkunen foi campeão nesse ano e, após dois anos na Toyota, regressou à Lancia para ser novamente campeão do mundo”, disse Cesare Fiorio ao AutoSport.

Ativar notificações? Sim Não, obrigado