Rali da Suécia: Segundo ’round’ é na neve
Depois do gelo e asfalto de Monte Carlo agora é a vez da caravana do Mundial de Ralis rumar à Suécia para a segunda prova do WRC 2017, onde vamos ter mais uma oportunidade de tirar dúvidas quanto ao verdadeiro andamento dos novos carros. Se no Rali de Monte Carlo já foi possível tirar algumas pequenas conclusões, tendo em conta que as afinações da neve sueca e dos pisos de terra não são assim tão diferentes, esta prova vai dar uma ideia mais real da performance dos novos WRC. Ao contrário do Rali de Monte Carlo, esta prova não tem, nem de perto, tanta diversidade de afinações possíveis nos carros (os pneus são exatamente os mesmos para todos) e portanto o que sair dos troços vai dar uma boa ideia do que os carros andam. A única diferença tem a ver com as condições dos troços.
Nós damos um exemplo, tendo em conta os atrasos de Monte Carlo, os Citroën vão arrancar muito atrás. Se tiver nevado antes dos troços, os Citroën terão vantagem de vir atrás. Se por outro lado a neve estiver com tendência a derreter, então vai ser pior, porque os da frente têm pisos melhores e quem vem atrás sofre mais. Mas isto não cria uma diferença abismal como em Monte Carlo.
Do lado da Hyundai, Hayden Paddon terá agora um “novo começo” depois do que sucedeu em Monte Carlo e Thierry Neuville quer recomeçar onde ‘parou’ em Monte Carlo. Sébastien Ogier venceu a abrir e ganhou tempo de adaptação à equipa e ao carro. A este nível não há milagres e o francês está ainda longe de se ‘dar’ com o Fiesta como se ‘dava’ com o ‘Polo’. Nem podia ser doutra forma! A Citroën tem que dar a volta ao texto e depois de um ‘Monte’ azarado, há que reagir. Por fim a Toyota que quer dar continuidade ao bom momento de Monte Carlo, aprender e evoluir, e se possível, outro resultado igual!
Nesta prova estão inscritos 46 carros, sendo que mais de metade são R5. Catorze deles vão competir no WRC2. Há, desta feita, onze WRC, e apenas uma inscrição no WRC3. O WRC Trophy conta agora com dois pilotos, Valeriy Gorban (Eurolamp Mini) e Lorenzo Bertelli (FWRT Team), ambos, logicamente, com carros de 2016. O Rali da Suécia marca a estreia da equipa Bet One Jipocar World Rally Team, de Mads Ostberg e Martin Prokop, sendo que desta feita, havendo para já só um carro, ele vai ser pilotado por Ostberg, que não irá ao México, onde estará Prokop.
As equipas
A Toyota realizou em Monte Carlo uma estreia acima das expetativas, ainda que o resultado de Jari-Matti Latvala não tenha sido conseguido fruto de andamento puro, o que de qualquer forma não apaga tudo o que de bom os homens de Tommi Makinen fizeram. E o que fizeram deixa a certeza que a Toyota, com mais alguns meses de experiência em cima, pode ter carro para andar na luta pelas posições cimeiras, provavelmente os pódios que já conseguiram logo na primeira prova, mas aí sem beneficiar de abandonos ou problemas, que, ao fim ao cabo também afligiram a equipa nipo-finlandesa. Na Suécia, vão, provavelmente, ter um rali bem mais complicado, pois a performance dos carros vem ao cimo, e aí se verá o que vale neste momento o Yaris WRC.
O facto de Latvala não ter conseguido fazer pegar o carro à saída do parque fechado logo na sexta-feira não deixou tempo à equipa para o afinar para os três troços da manhã e isso complicou muito a vida ao finlandês. Para já nem falar nos problemas que teve Juho Hanninen. O mais positivo de tudo em Monte Carlo foi o facto de não terem havido surpresas negativas, e agora para a Suécia a Toyota vai ter dois carros completamente novos, chassis 3 e 4, respetivamente para Jari-Matti Latvala e Juho Hanninen. O primeiro teste não correu como esperado, pois logo calharam temperaturas um pouco mais quentes e com isso as condições do teste não foram, nem de perto as ideais e por isso este segundo teste, esta semana foi bem mais importante:
“O Rali da Suécia já encerra menos questões para nós porque já temos agora uma ideia melhor onde estamos em termos de performance. Testámos muito na neve e em pisos de terra, é onde para já estamos mais à vontade, até porque as afinações de neve e terra não são muito diferentes. Este é um rali muito rápido, mais rápido que na Finlândia em algumas zonas, mas testámos em locais parecidos pelo que penso que estamos bem preparados. Sabemos que temos que trabalhar na fiabilidade, pois tivemos alguns pequenos problemas em Monte Carlo mas em termos gerais estou muito feliz com a fiabilidade atual. Sabemos que temos ainda muito para aprender e o objetivo na Suécia é progredir…”
Com o triunfo em Monte Carlo, Sébastien Ogier ganhou também… tempo! A este nível não há volta a dar, e o francês não está ainda ‘ligado’ ao seu carro e à equipa da mesma forma que estava com o VW Polo, é lógico. Chegou tarde à M-Sport, a preparação foi a possível, mas a verdade é que chegou a Monte Carlo…e ganhou. O facto de ter sido em Monte Carlo ajudou, já que o rali tem aspetos mais importantes do que a afinação dos carros, e apesar disso fazer diferença, atenua-se numa prova em que são muito poucas as vezes que os WRC são levados aos máximo das suas potencialidades. Com tudo isso, o francês ganhou tempo, para melhorar a sua relação com o carro, para se adaptar à equipa, e as suas declarações espelham isso mesmo: “Os testes foram bons, tenho agora quatro dias na neve, e sinto-me bem melhor preparado antes da Suécia do que estava em Monte Carlo. O feeling do carro é bastante bom, não é ainda possível julgar a performance, tudo é novo neste piso, mas tenho um bom feeling com o carro” disse Ogier. Depois da bela prestação em Monte Carlo, vamos ver o que Ott Tanak consegue na Suécia, até porque costuma obter posições perto do pódio.
Kris Meeke enfrenta este Rali da Suécia com o peso de três despistes em três semanas. Dois no Monte Carlo, um num troço, outro numa estrada de ligação, e agora capotou nos testes para a Suécia. Portanto, a sua prestação na prova sueca surge condicionada logo à partida, e o piloto da Citroën vai ter que ‘equilibrar-se” entre a procura de um bom resultado e não cometer erros para assegurar um resultado. E o ‘peso’ faz diferença: “Depois de um Monte-Carlo desapontante é difícil estar totalmente confiante, mas aprendemos as lições de Monte Carlo, e vamos voltar mais fortes. A época é longa, e se em teoria chego aqui com o objetivo de vencer, sabemos que a performance vai depender das condições dos troços. Se nevar antes do rali, a minha ordem de partida para a primeira etapa será a ideal, se não nevar, com a neve a derreter, perderei tempo. Vamos dar o nosso melhor…” O melhor que conseguiu até aqui foi um sétimo lugar, portanto não é uma prova boa para brilhar.
Quanto à Hyundai, e tendo em conta que o Monte Carlo é um caso à parte, a Suécia costuma ser um bom rali para a Hyundai: “O Monte Carlo mostrou que temos um bom carro e globalmente fiável. Não tivemos o resultado que queríamos mas viu-se o potencial que temos com as sete vitórias em troços. Vai ser uma grande batalha” disse Michel Nandan, líder da Hyundai MotorSport. Nos últimos anos a Hyunda obteve sempre segundos lugares na Suécia, pelo que é hora de melhorar…
Shakedown ‘estranho
O shakedown do Rali da Suécia voltou a provas que as novas regas não são boas para a prova teste, que apesar de ser isso mesmo, uma prova teste, também são um espetáculo para o público e novamente, tal como em Monte Carlo, não foi isso que sucedeu. A verdade é que a tabela de tempos foi demasiado estranha, embora isso tenha uma explicação muito simples. Muitos ficaram surpreendidos pelo facto de Mads Ostberg ter feito o melhor tempo do Shakedown, seguido de Craig Breen, mas as circunstâncias são especiais. Este ano a FIA mudou as regras do WRC e os pneus utilizados no Shakedown passam a ser incluídos no número total de pneus disponíveis para todo o rali, e isso nos anos anteriores não sucedia. Por isso, alguns pilotos diminuíram muito o ritmo para poupar pneus, especialmente Ogier, Tanak e Evans, da M-Sport e Neuville e Sordo, da Hyundai. Outros, especialmente os pilotos da Citroën, Kris Meeke e Craig Breen, e Hayden Paddon, da Hyundai, não o fizeram! Portanto, esqueçam indicadores de performance para a prova, só amanhã de manhã, na PE2, pois hoje à noite a super especial, com apenas 1.9 km não dá para tirar conclusões. Convém referir que no Rali da Suécia todos os pilotos rodam com pneus iguais, não há especificações diferentes, portanto a performance será muito mais real do que em Monte Carlo. A única diferença nos pneus tem a ver com o padrão do pneu, há desenhos diferentes, dentro da mesma mistura, embora o número de pregos seja o mesmo. Quanto ao que se passou neste Shakedown, agora só no último dia do Rali da Suécia iremos perceber se valeu a pena ficar cá para trás ou ‘pagou dividendos’. De qualquer forma, e como opinião pessoal, os adeptos consideram o shakedown parte do espetáculo, e por isso não é nada agradável ver pilotos a ‘pastar’, ainda que exista uma boa explicação para isso…
Portanto, está tudo preparado para mais um rali super interessante, e agora resta esperar pelas primeiras classificativas de amanhã, pois só aí se terá uma ideia do que poderá ‘dar’ o rali.
Horário
5ª Feira, 9 de fevereiro
19:08 SS 1 Karlstad SSS (1,90 km)
6ª Feira, 10 de fevereiro
05:50 Assistência Torsby
06:59 SS 2 Röjden 1 (18,47 km)
08:06 SS 3 Hof Finnskog 1 (21,26 km)
09:20 SS 4 Svullrya 1 (24,88 km)
10:56 Assistência Torsby
12:20 SS 5 Röjden 2 (18,47 km)
13:27 SS 6 Hof Finnskog (20,60 km)
14:51 SS 7 Svullrya 2 (24,88 km)
16:15 SS 8 Torsby 1 (16,42 km)
16:55 Assistência Torsby
Sábado, 11 de fevereiro
05:54 Assistência Torsby
07:08 SS 9 Knon 1 (31,60 km)
08:17 SS 10 Hagfors 1 (15,87 km
09:08 SS 11 Vargåsen 1 (14,27 km)
10:29 Assistência Torsby
11:58 SS 12 Knon 2 (31,60 km)
13:17 SS 13 Hagfors 2 (15,87 km)
14:08 SS 14 Vargåsen 2 (14,27 km)
16:45 SS 15 Karlstad SSS 2 (1,90 km)
18:41 Assistência Torsby
Domingo, 12 de fevereiro
05:35 Assistência Torsby
06:55 SS 16 Likenäs 1 (21,90 km)
08:58 SS 17 Likenäs 2 (21,19 km)
11:18 SS 18 Torsby 2 (16,42 km)
12:00 Pódio Torsby
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