Q&A, Andrew Wheatley (Diretor Ralis da FIA): “chave é ter 3 a 5 fabricantes em cada nível da pirâmide”
O Diretor de Ralis da FIA, Andrew Wheatley, falou sobre vários temas, desde o novo Mundial de Todo o Terreno, o crescimento da categoria T4 (SSV) no seio do TT, e por fim da atual e da nova era do Mundial de Ralis.
O Campeonato Mundial de Ralis-Raid da FIA estreou-se este ano, o que pensa da competição?
“Vimos uma diversidade fantástica entre os concorrentes e assistimos a uma competição fenomenalmente próxima, com um ponto a separar os dois primeiros do campeonato antes das duas rondas finais.
O que também foi impressionante é a variedade em termos dos carros e das fontes de energia que os alimentam. Na classe T1, temos gasolina, gasóleo, biocombustível, híbrido eléctrico, tração às duas rodas, tração às quatro rodas, buggies, SUV e protótipos.
Isto resultou num campeonato dinâmico tendo como pano de fundo alguns cenários espectaculares.
Estes fatores combinam-se para criar memórias duradouras para os concorrentes, juntamente com a experiência de visitar partes do mundo que talvez não venhamos a ver com outros campeonatos”.
A classe T4 (SSV) também está a emergir, o que se pode esperar desta categoria no futuro?
“O crescimento real será na classe T4, onde há uma oportunidade para os pilotos saborearem a aventura de competir nestas provas de endurance todo o terreno.
Embora seja óptimo que o escalão superior do campeonato esteja a mostrar sinais reais de crescimento dinâmico, com mais concorrentes a procurar juntar-se às três marcas estabelecidas no topo, existe um verdadeiro espírito de aventura na classe T4.
Os concorrentes estão a levar estes carros ao limite, mas com o conhecimento de que os procedimentos de segurança em torno dos veículos e os procedimentos em torno dos eventos são geridos corretamente”.
A nova era do Mundial de Ralis de 2022, baseada nos novos Rally1 híbrido, está a proporcionar uma boa competição. Os Rally1 tem correspondido às suas expetativas até agora?
“Atingiu os objetivos que estabelecemos em 2019, quando começámos a trabalhar nesta oportunidade. A intenção era criar uma pirâmide clara e o que temos agora é o auge do desporto no topo da pirâmide, com competição próxima em cada prova do campeonato – não apenas competição equilibrada entre as equipas, mas também entre os fabricantes. Entre os três diferentes tipos de carros – Classe B, Classe C e Crossover Compacto – os três fabricantes têm sido competitivos, liderando ralis, ganhando ralis, chegando mesmo a haver troços em que fazem exatamente o mesmo tempo em certos troços.
Isto envia um sinal muito forte e estamos também a assistir a uma concorrência muito próxima ao nível dos Rally2. Estou igualmente muito satisfeito por ver os Rally3 atingir os seus objetivos de demonstrar o seu ritmo, apesar de serem ainda muito novos, os carros ainda vão melhorar”.
Até que ponto está confiante de que mais fabricantes irão juntar-se ao campeonato?
“A chave para mim é ter de três a cinco fabricantes em cada nível da pirâmide. Esse é o nosso objetivo a longo prazo. Com quatro fabricantes nos Rally1, Rally2, Rally3, Rally4 e Rally5, teríamos uma oportunidade muito positiva de sucesso para todos eles e teríamos também uma competição muito equilibrada.
A questão de saber se mais fabricantes irão aderir está ligada ao futuro do WRC, que é algo que iremos apresentar na reunião final do Conselho Mundial do Desporto Automóvel do ano. Vamos trazer os resultados das nossas reuniões com as principais partes interessadas e as nossas discussões com os fabricantes com vista a qual é o nosso caminho proposto para o WRC nos próximos anos, quando compreendermos qual e como vai ser a próxima geração de carros de competição e carros de estrada”.