Após o súbito desaparecimento de Colin McRae foram muitos os que quiseram expressar o seu tributo ao piloto que perdeu a vida aos comandos de um helicóptero. Hoje, as palavras de muitas das personalidades que conviveram de perto com ele, perduram no tempo como acontece com a memória deste irreverente piloto. São esses testemunhos que vale a pena recuperar…
David Richards (Diretor da Prodrive)
“O Colin tinha um espírito competitivo como nunca encontrei em ninguém e podia dizer ‘Eu posso fazer tudo!’. Podia-se pôr-se-lhe nas mãos qualquer carro, qualquer fórmula mecânica que ele dominava-a. Lembro-me de o colocar dentro do F1, em Silverstone, e ele foi excelente. Pô-lo num carro de turismo ou num GT e também estava à vontade, tal como no Paris Dakar. É pouco usual chamar alguém de ‘lenda’, mas para o Colin esse era um nome muito apropriado. Ele dava sempre o máximo, acontecesse, o que acontecesse. Na Finlândia, capotou três vezes no mesmo rali. De cada vez nós pensávamos que era o final do rali para ele, mas ele ponha-nos sempre a ‘bater os dentes’ novamente. Era especial em tudo o que fazia. Voei com ele de helicóptero e até nisso ele era muito competente. Quando nos deixou, já o conhecia há muitos anos e acompanhei as suas mudanças. Lembro-me do desafio que era gerir o seu comportamento quando ele batia todas as semanas e não podia pagar as contas. Mas amadureceu, ao longo dos anos e tornou-se um grande amigo”.
Malcolm Wilson (Diretor da M-Sport)
“Fomos uns privilegiados em tê-lo na nossa equipa naquela altura da sua carreira. Muitas das suas prestações eram tão incríveis como marcantes. A forma como ganhou o Rali Safari de 1999 (apenas no terceiro rali que fazia com o Focus) mostrou que o seu talento não se resumia à rapidez, mas que também lhe permitia encarar os ralis duros com à vontade. Teve uma influência importante no desenvolvimento do Focus e até as suas habilidades mecânicos punham à prova os melhores mecânicos da nossa equipa. Mas Colin também era especialmente divertido. Foi algumas vezes a minha casa e lembro-me que demos uma festa de praia onde ele fazia questão de mostrar o rabo só para mostrar que estava moreno!”.
Nicky Grist (navegador de Colin McRae)
“Era alguém por quem ‘escorria’ talento abaixo e alguém que confiava nas suas aptidões. Toda a gente o temia quando tinha que estar com ele, frente a frente, num troço. Ele podia sempre tirar aqueles segundos extra para ganhar um troço e destacar-se por isso e os seus adversários sabiam-no. Na vida pessoal, vivi-a de forma completa. Também a levava ao limite, como também era a sua forma de estar nos ralis. Muita gente não o conheceu bem porque ele era, apesar de tudo, uma pessoa privada. Podia parecer fechado porque era tímido, mas, depois de se conhecer, era uma companhia encantadora. Apareci no seu caminho quando já era conhecido por ‘McRash’ porque o David Richards achava que eu seria uma influência calmante para ele. Mas quando me juntei a ele não me pareceu que ele precisasse disso. Desde o início, tudo funcionou e ganhámos ralis. Ganhar o Safari provou que também podia guiar com o cérebro”.
[rl_gallery id=”483038″]