Não foi apenas o sucesso em Le Mans que marcou a Mazda nas décadas de 1980 e 1990, com a mudança dos ralis para os regulamentos do Grupo A, a Mazda enfrentou a Lancia, Toyota e Ford com o Mazda 323 4WD e apesar de só ter alcançado três triunfos, deixou a sua marca. A estreia triunfal deu-se no Rali da Suécia de 1987. O tamanho reduzido e o comportamento ágil do Mazda 323 4WD jogaram a seu favor, com Timo Salonen a realçá-lo ao vencer o Rali da Suécia 1987, enquanto em 1989 Ingvar Carlsson repetiu o feito ao vencer na Suécia. Naquela que provou ser a época de maior sucesso da Mazda, Carlsson somou mais uma vitória no Rali da Nova Zelândia, enquanto o piloto local Rod Millen foi segundo noutro 323. No final da época, a Mazda celebrou o terceiro lugar no Campeonato do Mundo de Construtores de Ralis e continuou a competir com a geração seguinte do 323 durante a década de 1990, antes de, em 1991, a empresa se retirar do Campeonato do Mundo de Ralis.
A vida da Mazda nos ralis começou com os RX2 e RX3, os primeiros carros a participar em ralis com motor rotativo e mas até ao RX7 nunca deram muito nas vistas, na verdade, nem o RX7, que ainda assim teve apoio da fábrica que o tornou num Grupo B em 1984. O carro era interessante, tinha uma motor de rotor duplo com 300 cv, era potente, o mais ‘poderoso’ de duas rodas motrizes com aspiração normal nos ralis, mas os resultados nunca foram bons e o Mazda 323, já com tração às quatro rodas, era bem mais apelativo às para as vendas em massa, e a marca de Hiroshima levou-o para os ralis. Com a especificação do Grupo A, surgiu com um um motor de 1,600 cc e 16 válvulas mas o 323 tinha um grande problema pela frente: a Lancia, primeiro com o HF 4WD depois com o Integrale. Ainda assim, três vitórias no WRC, duas delas na Suécia (1987 e 1989) a última na Nova Zelândia 1989. A ‘fábrica’ foi-se desinteressando do projeto, e até ao seu desaparecimento não demorou muito. Mas ficou a sua marca. Só 21 marcas venceram provas do Mundial de Ralis e a Mazda foi uma delas.
O primeiro triunfo surgiu no Rali da Suécia de 1987. Tal como surgiu em tantas provas sueca, quando o inverno era inverno e sabia-se bem quando era verão, a neve profunda e macia não deu tréguas aos carros que rodavam mais à frente, tal como sucede hoje em dia nos ralis, e os homens da Lancia (HF 4WD) e da Ford (Sierra XR4x4) tiveram muitas dificuldades, bem aproveitadas por Timo Salonen.
Com a ‘guerra’ de pneus Michelin e Pirelli pelo meio, a marca francesa esperava terra a aparecer e a ‘torrar’ os pregos, mas uma rápida mudança nas condições climatéricas colocou a Pirelli na mó de cima, com Mikael Ericsson em desvantagem face a Timo Salonen que demorou a lá chegar, mas na PEC17 chegou à liderança, em que tinham estado antes Juha Kankkunen (Lancia Delta HF 4WD), Mikael Sundstrom (Mazda 323 4WD) e Mikael Ericsson (Lancia Delta HF 4WD), desde a PEC8 até à PEC16, quando o finlandês passou para a frente.
Faltavam ainda 10 troços, e a diferença não era grande, pelo que se pensava que o Mazda não se iria aguentar por ali, mas nenhum deles deu qualquer motivo de preocupação e apesar de Ingvar Carlsson não ter conseguido igualar o ritmo de Salonen, terminou em quarto deixando claro que o triunfo de Timo Salonen e da Mazda não foi por acaso.
Mikael Sundstrom, noutro Mazda, também andou bem, até capotar na PEC8. Na Lancia, os dois Lancia Delta de Kankkunen e Alen tiveram problemas de motor, a caixa de velocidades de Ericsson tinha começado a dar chatices e dessa forma Timo Salonen (Mazda 323 4WD) terminou o rali com 23 segundos de avanço para Mikael Ericsson (Lancia Delta HF 4WD) com Juha Kankkunen (Lancia Delta HF 4WD) em terceiro a 1m46s.
Quarto posto para Ingvar Carlsson (Mazda 323 4WD) a 2m01s, com Markku Alen (Lancia Delta HF 4WD) em quinto a 3m26s, na frente do primeiro Ford, o de Stig Blomqvist (Ford Sierra XR4x4). Per Eklund com o Audi Coupé Quattro da Clarion foi sétimo e a fechar o top 10, Kenneth Eriksson (Volkswagen Golf GTi ), Bror Danielsson (Audi Coupe Quattro) e Erik Johansson (Audi Coupe Quattro).
Fazia-se assim história com o primeiro triunfo de três da Mazda, um feito depois do que se viu da Lancia em Monte Carlo, poucos (ou nenhuns esperavam) e tal como se confirmou durante o ano com nove vitórias da Lancia, uma cada da Audi, BMW, Mazda e Volkswagen, num ano de transição depois do desaparecimento dos ‘monstros’ do Grupo B. Foi há 37 anos.