Guenther Steiner: WRC tem uma crise de carisma…

Guenther Steiner é hoje em dia mais conhecido pela sua passagem pela Haas na Fórmula 1 e também pelo personagem que encantou no Drive to Survive da Netflix, mas o começo da sua carreira foi nos ralis.
Como se pode comprovar por esta foto do AutoSport no Rali de Portugal de 1993, o homem que está na ‘bagageira’ do Lancia Delta é Guenther Steiner.
Portanto, ele passou por uma era dos ralis muito diferente da atual e em entrevista à Rallying UK disse várias coisas que, tememos, tem toda a razão.
Guenther Steiner defende que o WRC precisa de personalidades marcantes para recuperar a sua proeminência global, tal como sucede hoje na Fórmula 1. Olhando para o plantel da F1, a grande maioria são pilotos marcantes, que chamam a atenção dos adeptos. E nem é preciso chegar aos mais conhecidos.
Steiner diz que isso não existe hoje em dia no WRC. Há falta de carisma. Steiner argumenta que a ausência de figuras carismáticas, como as dos pilotos finlandeses dos anos 80 e 90, diminuiu o impacto mediático e o apelo do WRC.
Sim, pilotos como Marku Alén, Juha Kankkunen, Marcus Gronholm, Ari Vatanen, Tommi Makinen, foram marcantes.
Hoje temos um Campeão finlandês que pouco fala, Kalle Rovanpera, tal como o estónio, Ott Tanak.
Colin McRae era marcante, Carlos Sainz, Miki Biasion. Hoje temos um recém-chegado, Martins Sesks, que com o seu feitio marcou desde logo a diferença para os seus colegas. Craig Breen era diferente, Esapekka Lappi é genuíno. Há um ou outro que se destaca um pouco mais, mas a maioria, é tudo muito cinzento…
Guenther Steiner desafia os pilotos atuais do WRC a aumentarem os seus perfis públicos e a interagirem muito mais com os fãs, contribuindo ativamente para a visibilidade do desporto, mas a grande questão é se são capazes.
Nunca se habituaram muito a isso, há uns que trabalham as suas redes sociais melhor do que outros, mas é tudo muito pobre. E os ralis são uma disciplina tão boa para o espetáculo e emoção…
Steiner reconhece também que os ralis são um desporto que oferece muitas dificuldades técnicas e de transmissão em relação à sua apresentação eficaz na televisão. Nas pistas é fácil, basta seguir as ‘molhadas’, as lutas.
Alguém acha que alguém que não seja adepto ‘hardcore’ segue a Rally.TV?
Mas claramente qualquer adepto doutra modalidade, se apanhar uma corrida na TV, pode ficar um bocado a ver se estiver a ser interessante. Os ralis não têm isso. Mas são infinitamente mais espetaculares! Quem vê ao vivo é fácil apaixonar-se pelos ralis.
Steiner elogia os pilotos de rali pelo seu talento distinto e inato, que considera essencial para o sucesso no desporto, mas fora da ‘bolha’ dos ralis, pouca gente os conhece. Sim, conhecem Sébastien Loeb, Ogier, mas se calhar ainda conhecem melhor Colin McRae que morreu em 2007…
Steiner alega na mesma entrevista não ter uma solução definitiva para os ralis, mas acredita que um foco renovado em pilotos muito mais dinâmicos e que gerem manchetes pode impulsionar o apelo internacional do desporto.
Infelizmente, os ‘mainstream’ quase só olham para os ralis se houver algo de grave a relatar.
O mais dramático de toda esta situação que se está a passar nos ralis, é que têm problemas em toda a sua extensão e todos nós somos capazes de os elencar com facilidade, mas para os resolver, até hoje, não tem sido fácil…
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Por acaso não tinha pensado nisso… mas tem toda a razão!
Não estou de acordo. Desde logo porque estamos a falar de epocas muito diferentes. Na minha opinião a alegada falta de empatia entre pilotos e espetadores acabou quando introduziram a norma de treinar em dias e horas marcados (e poucos) em que obviamente os pilotos têm de estar concentrados no que estão a fazer e não a conviver. Ainda me lembro quando os treinos eram livres e os pilotos passavam uma semana num hotel e passavam um dia inteiro a treinar uma só classificativa. E porque por sorte vivo num local perto de muitas classificativas sabia sempre quando chegavam as… Ler mais »
Também me lembro que era uma época diferente… daí ’tou também de acordo que a questão dos treinos e demais politicas da FIA (vamos dar nome ás coisas…) ao longo dos tempos, contribuiu – entre outras “evoluções”, para a tal “crise de carisma” que refere o Guenther.
Pegando no teu angulo… quando eu comecei nos ralis não havia internet; o teu relato fez-me lembrar um cartaz á entrada de um estabelecimento que dizia: “Não temos WI-FI, mas temos vinho que faz a comunicação mais fácil!”
Abraço.