FIA quer ‘combater’ os maus espectadores no WRC
O plano é ambicioso, mas a FIA está
a trabalhar naquele que é o seu projeto mais arrojado na tentativa
de combater os maus comportamentos do público no WRC, em primeiro
lugar, estendendo depois a questão às provas regionais e nacionais.
Há dois anos que a federação internacional trabalha num documento
denominado Rally Safety Guidelines, onde estão determinadas as
diretivas para as boas práticas no que aos espectadores dos ralis em
todo o mundo diz respeito. Para a FIA, os espectadores mal
comportados têm os dias contados.
Curiosamente, e como todos bem
sabemos, o Rali de Portugal sofreu muito no passado com o mau
comportamento do público, mas a direção liderada por Carlos
Barbosa há muito que trabalha no melhoramento da segurança na sua
prova e numa altura em que a FIA vai intensificar a luta contra as
más práticas por parte do público, o ACP já o faz há 20 anos.
As fitas a delimitar espaços para o
público existem há muitas décadas no WRC, mas tanto em Portugal
como um pouco por todo o mundo, na maior parte dos casos, são muito
pouco eficientes nesse controlo. Na prova portuguesa, inicialmente
era a Polícia/GNR, que fazia esse trabalho, mas depois o ACP passou
a introduzir os Marshall ao mesmo e também a medida que mais e
melhor contribuiu para o comportamento do público em Portugal: As
Zonas Espetáculo.
Mais coisa, menos coisa, foi há 20
anos que este processo começou a ser preparado, e quando o rali se
mudou para o Algarve já estava perfeitamente instituído no ACP. As
Zonas Espetáculo, apesar de muitas queixas do público, foram o
grande contributo do ACP para a segurança no Rali de Portugal e hoje
em dia, os espetadores, que já foram dos piores do Mundial de Ralis,
são hoje em dia um excelente exemplo.
O ano passado, na prova portuguesa, em
conversa com Michele Mouton, delegada de segurança do Campeonato do
Mundo de Ralis, dizia-nos que vir a Portugal fazer o seu trabalho era
quase sinónimo de férias, pois o trabalho do ACP é pouco menos que
perfeito a esse nível.
E esse é um grande mérito que tem de
ser atribuído ao ACP e aos adeptos portugueses, que só falta ser
estendido a todas as restantes provas do Campeonato de Portugal de
Ralis, pois o que se vê nesta competição ainda não é – nem de
perto – o mesmo que sucede no Rali de Portugal. Este é um caminho
que urge fazer.
Voltando à FIA, esta quer utilizar a
tecnologia existente hoje em dia para perseguir e sancionar os maus
comportamentos do público, evitando que esses próprios espectadores
se coloquem em perigo. Mas a forma como o quer fazer é uma tarefa
ciclópica.
Em entrevista ao Autosport inglês, o Diretor de Ralis
da FIA, Yves Matton, assegura que a segurança dos espectadores é um
ponto chave para o futuro dos ralis. Logicamente, e todos sabendo
como funcionam a maioria dos media, até podem não estar a ligar
nenhuma a uma prova do WRC, mas se existir um acidente grave, passa
para o topo num ápice.
Daí (e não só, claro) as Diretrizes
de Segurança dos Ralis, ou Rally Safety Guidelines, se preferir.
Este é um trabalho que tem vindo a ser feito por Stuart Robertson,
Responsável pelo Departamento de Segurança em Circuitos e Ralis da
FIA e este trabalho começa no WRC mas está projetado para ‘descer’
aos níveis regional e nacional.
Com este documento, a FIA pretende
educar os espectadores através de diretrizes claras e concisas
relativamente ao que podem ou não fazer quando assistem a uma prova:
“A meta que temos de fixar é zero (mortes e lesões), mas
sabemos como isso é difícil. É essa questão de educação e
conhecimento para que as pessoas entendam o quão perigoso pode ser
se não fizer o correto e essa educação leva tempo”, disse
Matton ao Autosport inglês.
A ideia é utilizar o WRC como montra
do que se pretende seja feito a nível regional e nacional. Lá está
o que referimos anteriormente. No CPR ainda não se chegou em todas
as provas ao nível de segurança que existe no Rali de Portugal. No
entanto, é fácil perceber o quão difícil isto é devido aos meios
disponíveis pela maioria dos clubes para o fazer.
Pouca gente sabe disto, e embora o número de mortos e feridos graves esteja a diminuir, os ralis continuam a representar metade das estatísticas em todos os desportos motorizados. E há mais espectadores feridos do que pilotos, nos ralis. Este é um dado sintomático.
em declarações ao AutoSort inglês
Stuart Robertson diz que: “Mesmo no WRC ainda se vêm
espectadores mal colocados. Essas pessoas, podem ter falta de
conhecimento, talvez seja a primeira vez que vão ver um rali, ou um
agricultor que veio ver o que está a acontecer. Ou então, são os
adeptos fanáticos que querem chegar o mais perto possível. Ou, pior
ainda, são os heróis do Youtube que querem deitar-se à beira da
estrada e filmar as pedras a voar sobre as suas próprias cabeças
quando o carro passa a poucos centímetros deles. Tudo para aumentar
o número de hits que recebem no seu vídeo: “Há uma gama
inacreditável de pessoas que temos de contactar em todo o mundo, mas
é isso que as Rally Safety Guidelines vai fazer”.
Como bem sabemos em Portugal, o que
não falta é gente assim. Mas a partir de agora vão, pelo menos
para já no WRC, mais ‘olhos’ em cima de si: “Iniciámos um
projeto que nos ajudará a detetar os espectadores através do
reconhecimento de imagens, anonimamente, usando câmaras de bordo e
várias outras ferramentas. Estamos a usar tecnologia nova e de alto
nível para identificar onde essas pessoas estão localizadas.
Sabemos que esperam que os carros de segurança passem, para se
colocarem em posições perigosas. O sistema enviará um alerta para
o Diretor de Prova, alertando-o para aquele problema específico e
isso poderá despoletar uma ‘zona lenta’, como uma espécie de ‘zona
de bandeiras amarelas no circuitos’, em que os carros terão de
passar por essa zona a uma velocidade máxima estipulada. Alguns
perguntarão como se fará o ajuste dos tempos? Simples. Basta que a
tecnologia permita atribuir um registo igual para todos naquela zona,
mas esta questão será certamente um problema, tal como muitas vezes
é, quando é atribuído um tempo a um piloto que viu o seu troço
‘interrompido’.
Para os adeptos a mensagem é simples:
“Não podes ser esse espectador renegado. Saberemos onde estás
e iremos buscar-te”. Na primeira vez que um espectador que
coloque em risco uma prova for severamente sancionado, aí tudo
começará a mudar mais depressa. As boas notícias é que em
Portugal as zonas espetáculo e a forma como o ACP interage com as
forças de segurança, já reduzem muito os problemas de toda esta
questão.
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