É o WRC2 que ‘alimenta’ mal o WRC ou este que não tem lugar para mais?
Sabia que das cerca de seis dezenas de pilotos que fizeram o SWRC/WRC2 (2012/2022) na última década só 15 tiveram passagens pelo escalão mais alto, e desses, somente 12 tiveram programas com muitas provas, ou mais do que um ano na categoria de topo?
E mesmo assim, somente seis deles se ‘estabeleceram’ fruto da sua valia como pilotos, mas ainda assim, alguns, com ‘nuances’, pois os seus resultados não lhes permitiram ficar no ‘poleiro’ muito tempo, como percebe pelos seguintes nomes: Craig Breen, Elfyn Evans, Kalle Rovanperä, Esapekka Lappi, Mads Østberg e Ott Tanak.
Alguns não deixam dúvidas, outros já perderam no passado ou mais recentemente, os seus lugares. Como percebe, só quatro conseguem ou conseguiram ter programas de vários anos no WRC, e mesmo entre esses há grandes diferenças. Com grande destaque, só mesmo por ordem de importância, Ott Tanak, Kalle Rovanperä e Elfyn Evans.
Estes dados não dependem só da qualidade dos pilotos. Dizem bastante mais dos poucos lugares que o WRC tem ao mais alto nível, e isso é algo que já vem desde 2016. Nesse ano tivemos 19 pilotos a guiar carros de topo, em 2017, somente 12.
Passámos a ter dos carros mais fantásticos da história do WRC, mas se o espetáculo ganhou por um lado, perdeu noutro. 12 para 19 é uma diferença muito grande. Sete pilotos a menos a dar espetáculo. Ganhámos grandes carros, perdemos tempo de antena de bons pilotos…
Mas voltando ao WRC2, nesta dança das cadeiras, claro que não basta dizer que há poucos lugares nas três equipas oficiais, e ainda por cima numa das equipas está lá um piloto que paga para lá estar, Gus Greensmith, que por acaso até conseguiu ser o ‘melhorzinho’ de 2022 na M-Sport, dentro do seu contexto. Vamos ver, por exemplo, o que sucede em 2023 ou mais para a frente, com o Campeão do WRC2, Emil Lindholm.
Recuando um pouco para perceber o que o que o WRC tem dado ao WRC, e olhando para os vários campeões do WRC2 percebe-se que há nuances: Nasser all-Attiyah, por exemplo, guiou vários anos no WRC porque tinha tudo pago pelo Qatar. Bom piloto, como ainda é no TT/Dakar, mas nunca foi um piloto para pódios muito menos vitórias no WRC.
Andreas Mikkelsen esteve numa grande equipa ‘ganhadora’, a VW, mas nos anos seguintes nunca conseguiu afirmar-se verdadeiramente como um dos melhores, como fez, por exemplo, Elfyn Evans, que levou a luta pelo título até ao fim com Sébastien Ogier. Não é qualquer um que faz isto.
Já Jan Kopecky, sempre correu pela casa-mãe, é um caso à parte. Começou a ser conhecido na equipa oficial da Skoda no WRC e no tempo dos R5, continuou sempre fiel à sua marca de sempre, acumulando títulos nas segundas categorias. Robert Kubica, idem, veio da f1, teve uma passagem fugaz pelos ralis, venceu o WRC2. Mads Østberg também foi campeão do WRC2 já depois de uma boa passagem no WRC onde chegou a vencer um rali à geral. O percurso foi ao contrário do que se espera.
Na verdade, a percentagem de grandes pilotos que saíram do WRC2 para o WRC, é pequena. Veja-se casos de pilotos que foram segundos classificados no WRC2, a maioria nunca despontou: por exemplo Per-Gunnar Andersson, Jari Ketomaa, Yuriy Protasov e ainda Teemu Suninen e Pontus Tidemand, que tiveram as suas oportunidades, mas não as aproveitaram. Suninen ainda vai a tempo de conseguir alguma coisa da sua carreira, mas a sua passagem pela M-Sport foi mal aproveitada.
Por acaso, entre os pilotos que obtiveram um terceiro lugar no WRC2, até há pilotos melhores: Jari Huttunen e Esapekka Lappi. Também Kajetan Kajetanowicz, mas nunca foi ‘candidato’ ao WRC.
Lappi ainda pode mostrar se vale mais do que se viu até até, e Huttunen prometeu muito com a Hyundai, mas não conseguiu dar o ‘salto’ da afirmação.
Do 4º lugar para baixo nos vários anos de WRc2, alguns prometeram, mas ‘cumpriram pouco: Ole Christian Veiby, Eric Camilli. Por fim, Pierre-Louis Loubet que vai ter agora uma oportunidade na M-Sport. Venceu o WRC2 de 2019, mas havia um WRC2 Pro onde estavam os ‘tubarões’, por exemplo Kalle Rovanpera.
Resumindo, o WRC2 é muito competitivo, mas são muito poucos os grandes pilotos que se afirmam, depois nos WRC, agora Rally1. Uma das razões é haver poucos lugares, pois estamos convencidos que se esses lugares existissem, mais pilotos conseguiriam chegar ao topo. Poderiam era demorar mais. Os melhores exemplos? Ott Tanak e Elfyn Evans.
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