Cyril Abiteboul lança alertas, faz críticas diretas, expõe falhas do WRC e sugere mudanças

Cyril Abiteboul, presidente e Chefe de equipa da Hyundai Motorsport, deu esta semana uma entrevista à revista francesa Auto Hebdo, em que explica de forma muito direta quais são os problemas do WRC, quais são os problemas da Hyundai com o WRC, o que poderá ser feito para que a Hyundai se mantenha, e ainda ideias para uma eventual melhoria do ‘estado’ do Mundial de Ralis.

É uma entrevista que ‘corta a direito, sem meias-palavras e que dá o que é a sua visão. Está feito o aviso, todo e qualquer elemento que tenha alguma ligação ao Mundial de Ralis a começar na FIA, passando pelo Promotor, chegando aos organizadores e terminando nos adeptos, a todos ‘dá recados’ e o único conselho que damos a todos e ler com muita atenção. É que este caso nem é preciso ler nas entrelinhas…

Cyril Abiteboul revela que o problema da Hyundai não é 2026, mas sim o WRC 2027. E a questão é muito simples: se forem resolvidos os problemas que a Hyundai tem com o WRC 2027 e com o que a FIA preconiza, 2026 nem sequer será tema. Se for para ficar, é para ficar, mas se for para sair, o que faz sentido é sair o mais depressa possível.

Abiteboul diz que entre os construtores, há muitas preocupações sobre o que a FIA está a propor para 2027. A Hyundai não só não começou a desenvolver um novo carro para 2027, como, segundo as regras, nem terá, sequer, motor para o fazer. A Hyundai não aceita os regulamentos técnicos propostos pela FIA para 2027 pois não se alinham com a marca e que por isso “Neste momento não faz sentido”. E o que isto significa? Se a FIA não mudar nada, adeus Hyundai no final deste ano…

Abiteboul sabe que a FIA abriu muito o que pode ser no futuro, mas inicialmente, em 2027, continua tão restrito como é este ano, 2025, e se houver mudanças é lá mais para 2029, e por isso diz que só pelo facto do WRC se tornar mais barato, isso não chega, pois se o WRC for mau, ser apenas mais barato não ajuda nada…

Depois diz uma coisa que é inevitável e que praticamente confirma a saída da Hyundai se não houver mudanças: “para nós, como não nos revemos nestes regulamentos, não estamos a desenvolver um carro e o sinal de ‘demasiado tarde’ já passou”.

O líder da Hyundai MotorSport diz ainda que as prioridades são as FIA voltar a pensar no novo ciclo (WRC 2027) e a questão do promotor, acrescentando que nenhum construtor virá com todas estas incertezas.

Mas na mesma entrevista à AutoHebdo toca em mais temas. Tendo em conta o trabalho do atual Promotor, revela que as receitas vindas daí para as equipas são quase nulas e o retorno não financeiros e de marketing são muito difíceis de quantificar. Como se sabe, qualquer marca que invista no desporto automóvel fá-lo para ‘alavancar’ o seu marketing, como Abiteboul diz, as provas do WRC para os construtores são uma despesa de marketing e essas despesas, ou são justificadas, ou não. Ninguém quer ir para um qualquer evento e depois perceber que gastou mais do que recebeu.

Para o futuro, a visão de Abiteboul é que o WRC deve ser reinventado, e para isso deve haver discussões e debates para encontrar soluções e uma das coisas em que fala é o que diz ser o erro de ter ralis demasiado centralizados, dizendo que devia ser em linha como no passado. E diz também que parte do problema são os organizadores das provas, embora compreenda os ‘espartillhos’ monetários. Muito e bom para ‘descodificar’ na entrevista à AutoHebdo.