CRÓNICA: Os ralis não têm sorte com Gaia
Eduardo Vítor Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Gaia colocou ontem no seu Facebook um post em que tenta explicar o que sucedeu com a anulação da Gaia Street Stage. Tudo bem quanto ao que lá diz, mas o que me traz aqui é o o Senhor Presidente não diz.
Que ele tenha feito o post para explicar aos seus eleitores camarários e dizer “Posso correr riscos com o meu dinheiro, mas não com o dinheiro do povo. E se correr riscos com dinheiro do povo, há-de ser por razões muito importantes, não para ver carros de corrida”, tudo bem, mas o que ele não diz é que tem que saber desde o primeiro momento que uma candidatura ao Turismo de Portugal pode, ou não, ser aceite. Mas comprometeu-se na mesma com o Rali de Portugal.
Ou seja, quando Eduardo Vítor Rodrigues diz agora que “E se decidirem em cima da hora que apenas financiam uma parte pequena, como se prevê, quem paga a diferença? A Câmara?! Bem mais de 600 mil euros para ver corridas de carros? Mais do dobro do que custou o Red Bull Air Race?! Não foram essas as contas nem o espírito da candidatura”.
Ora, aqui é que está o busílis da questão. Quando uma entidade deste tipo faz uma candidatura ao financiamento a uma instituição como o Turismo de Portugal, que está Integrado no Ministério da Economia, e é a Autoridade Turística Nacional, esta pode deferir, ou não, o pedido, e se deferir, pode decidir se o faz na totalidade, ou apenas em parte.
Quando a Câmara Municipal de Gaia decidiu avançar com a Gaia Street Stage, tinha que saber desse pressuposto. Eu sei que é assim, quanto mais um Presidente da Câmara. Mas foi em frente na mesma e o risco já existia nessa altura.
A Câmara Municipal de Gaia beneficiou de todo o mediatismo à volta do evento, estiveram na apresentação do Vodafone Rally de Portugal, tiveram meses de visibilidade de todas as vezes que se falou deste assunto, em Portugal e no estrangeiro. Só no AutoSport, foram várias as vezes que falámos e reportámos o evento.
Não sabemos o que aconteceu nestes meses, mas temos uma boa ideia de como é o funcionamento e preparação de um evento desta envergadura (falamos só da Street Stage), porque ao longo dos anos que temos acompanhado as outras que já se realizaram, Lisboa, Porto e Braga, sabemos bem o que é preciso fazer que que se tornem realidade. Reuniões atrás de reuniões com o clube organizador, o ACP, para preparar os mais ínfimos pormenores, especialmente a segurança, que é fulcral neste tipo de especiais do Mundial de Ralis.
Só que, a três semanas da prova, o Presidente de Gaia mudou de opinião. Em primeiro lugar, pessoalmente, penso que lhe fica muito mal escrever: “Bem mais de 600 mil euros para ver corridas de carros?”.
Essas “corridas de carros” a que se refere é um dos eventos que mais longe tem levado o nome de Portugal por esse mundo fora, há mais de 50 anos. Não são muitos os eventos de cariz ‘Mundial’ que um país como Portugal tem. O WRC é um deles.
Tudo bem que o Turismo de Portugal devia ter decidido há mais tempo, mas assim sendo o edil de Gaia tinha que ter salvaguardado isso mesmo logo de início. Será que o fez? Porquê o não a 20 dias da prova quando esse poderia ter acontecido a dois ou três meses, e com isso dado tempo ao ACP para tentar outra solução?
Fazer uma pergunta “Mas quem me explica como se contrata toda a logística em 15 dias?” Mas passa pela cabeça de alguém que só agora iria começar a tratar da logística do evento junto dos fornecedores? “Não alinho em aventuras com o dinheiro de todos”. Tudo bem. Acho bem que o faça. Mas será que se lhe pagassem a ‘festa’ toda as “corridas de carros” já eram fabulosas?
Definitivamente os ralis não têm sorte com Gaia (há uns anos, a super especial Gaia Street Stage também foi anulada, no Rali Casino de Espinho), o que vale é que os gaienses têm o RallySpirit, e não precisam de se deslocar muito para ver um evento fantástico do WRC como foi o Porto Street Stage há um, e três anos, e como foi Braga o ano passado.
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