A F1 recomenda-se, o WEC recupera, o Dakar tem um plano 2030, mas o WRC ainda anda a pensar na vida…
A FIA e o Promotor do WRC continuam a trabalhar nos novos regulamentos do WRC para 2025, que podem trazer consigo novos construtores para o WRC, embora essa ‘conversa’ dos responsáveis do Mundial de Ralis seja a mesma há muito sem quaisquer resultados visíveis ou mesmo confirmações públicas de interesse por parte de algum construtor.
É óbvio que o segredo é a alma do negócio, mas a única marca que disse agora verdadeiramente palpável foi a Renault, por intermédio de Luca de Meo, CEO do Grupo, que aproveitou no âmbito da apresentação do Alpine A522 de Fórmula 1, isto há mais de um ano, por revelar as ambições desportivas do grupo que lidera, abrindo a possibilidade da Alpine rumar ao WRC e ao Dakar: “estou interessado em explorar, resta saber se conseguimos encontrar as condições certas para participar no Mundial de Ralis, mas eu quero fazê-lo com um carro elétrico, o que hoje em dia não é possível. E quero também fazer o Dakar…” disse Luca de Meo, que pretende colocar a Alpine como uma espécie de catalisador para toda a tecnologia do negócio.
Como se sabe, os desportos motorizados são uma área em que se ‘acelera’ muito o desenvolvimento que pode servir à indústria, e esse é um caminho que Luca de Meo pretende seguir.
No entanto é preciso olhar bem para a especificidade do que disse: “se conseguimos encontrar as condições certas”, leia-se: carros elétricos no WRC. no Dakar já se sabe que é um dos caminhos até 2030…
Só que este desejo entronca em algo que para já é impossível do WRC, pois o Mundial de Ralis não será elétrico em tão curto espaço temporal, pois isso iria requerer uma mudança completa do formato das provas, pois para o patamar de potência em que está atualmente o WRC é impossível este formato e esse não vai mudar a curto prazo, portanto, elétricos, nem pensar para já.
Sabe-se que a FIA e o Promotor estão a pensar em utilizar 75% do carro que já existe, e o que pode mudar é o tipo de motorização. E é aqui que a porca torce o rabo, pois a FIA ainda não decidiu o que quer, e sem dizerem às marcas o que irá ser o WRC nenhuma delas toma qualquer decisão que seja.
Neste momento há, segundo a FIA e o WRC, três potenciais opções de fabricantes de automóveis com os quais pretende continuar a discutir. O objetivo é ter, pelo menos, quatro construtores em 2025, quando mudarem as regras.
As atuais têm contrato até ao final de 2024. Esperava-se que este ciclo de WRC, 2022-2024, tivesse seduzido uma nova marca, mas a pandemia, a guerra na Ucrânia, e ainda a crise dos condutores para já não falar da indefinição da indústria automóvel, impediram-nos, mas dificilmente algo muda a curto prazo e o WRC continua mais perto de perder alguma equipa do que entrar outra.
Sabe-se que a FIA tem-se empenhado em falar e trabalhar com fabricantes de automóveis de todo o mundo, à medida que finalizam o seu próximo conjunto de regulamentos, a partir de 2025, e o seu futuro percurso a partir de 2027.
Segundo declarações ao Autosport inglês do diretor desportivo sénior do WRC, Peter Thul, que confirmou terem sido identificados três potenciais alvos que não identifica, com discussões em curso enquanto os futuros regulamentos estão a ser elaborados: “Estamos a trabalhar nisso. Estive com o Andrew [diretor de ralis da FIA] a falar com qualquer pessoa que esteja perto da competição”, disse Thul ao Motorsport.com.
“Temos agora duas opções e talvez três opções [de construtores] com quem continuar a falar. Não falaremos sobre isso até que tenhamos uma viabilidade, pois é um sistema muito frágil, mas ter quatro fabricantes seria perfeito.
Só que para que isto suceda é preciso fechar os regulamentos e um caminho futuro a longo prazo para o WRC.
E isto é uma ‘pescadinha de rabo na boca’: a FIA tem que consultar os construtores para decidir, e estes, cada um, quer um ‘menu diferente’, passe o exagero e fique a ideia.
É certo que a indústria automóvel está a mudar de direção, mas os elétricos não são uma opção para os ralis, para já, com este formato e tecnologia.
Abriu-se aqui uma grande janela de oportunidade com os combustíveis sintéticos para lá de 2035, na União Europeia, e o AutoSport sabe que vai haver uma grande apresentação relativamente a isto no Rali de Portugal, portanto há uma forte ligação do WRC ao desenvolvimento desta tecnologia. Vamos ver o que sai dali…
“Acreditamos que o combustível sustentável e mesmo o e-fuel são uma boa opção para o futuro e, para os carros existentes, é muito importante e também para os mercados que não podem fazer a eletrificação pura”, disse Thul.
Certo é que os regulamentos do WRC para 2025 deverão ser uma evolução do atual conjunto de regras. Só o sistema híbrido deve tornar-se mais forte, quem sabe para fazer um ou outro troço ‘inteiro’ só em modo elétrico.
Com a transação que se dá na indústria automóvel, a decisão do WRC tem que ser certa, sob risco do WRC perder ainda mais importância. A F1 está bem e recomenda-se o WEC está a recuperar o Dakar tem um plano bem traçado para 2030, o WRC anda a pensar na vida…
2025 e 2026 será uma evolução do que já temos, mas para lá disso é que está a decisão mais importante da história do WRC. Voltar a crescer ou morrer…