20 anos de Hans no WRC: uma revolução na segurança, quantas vidas terá salvado?

Por a 1 Fevereiro 2025 10:43

Aclamado como a maior inovação em segurança desde o capacete e o fato ignífugo, o sistema HANS (Head and Neck Support) continua a ser um forte aliado da segurança de pilotos e navegadores nos ralis. No Mundial, é obrigatório desde 2005, e a sua estreia aconteceu no Rali de Monte Carlo.

Em termos gerais, o sistema consiste em ajustar um aparelho em forma de U, feito de uma sofisticada fibra de carbono, à volta da nuca e sobre as clavículas dos pilotos e navegadores. Anexado ao capacete, reduz os movimentos bruscos da cabeça para a frente. Esse movimento, em acidentes graves, é a causa mais comum de morte em corridas e, em impactos menos sérios, pode causar graves lesões associadas ao chamado efeito chicote.

O uso do capacete potencializa essas lesões, pois a cabeça tende a balançar para a frente e para baixo, devido ao peso, e em situações mais violentas, pode causar a fratura da base do crânio. O sistema HANS limita fortemente esse movimento da cabeça e reduz as potenciais lesões daí resultantes. Isso é possível ao prender o sistema ao capacete, impedindo que ele balance para baixo quando o corpo em movimento é subitamente travado.

O resultado? As forças exercidas no pescoço pela desaceleração súbita são significativamente reduzidas, o movimento da cabeça para a frente é limitado e o capacete não balança sobre a face do piloto.

Casos reais e evolução do uso do HANS

O sistema HANS foi desenvolvido para evitar lesões frequentes no automobilismo, tanto em corridas de velocidade em pista quanto em ralis, estrada, todo o terreno, Rallycross, etc. Ganhou ainda mais notoriedade após a morte de Dale Earnhardt, em 2001, devido precisamente a uma lesão no pescoço que poderia ter sido evitada com o uso do sistema. Nos ralis, houve os casos de Mark Lovell e Roger Freeman, que faleceram no campeonato norte-americano de ralis em 2003 devido a lesões deste tipo no pescoço.

Desde que o HANS passou a ser adotado nas competições, há vários registos de acidentes violentos em que as lesões na cabeça e pescoço foram notavelmente reduzidas. Casos de pilotos como Alex Zanardi, Fernando Alonso, Juan Pablo Montoya e Giancarlo Fisichella ilustram essa eficiência. O uso do HANS foi sendo progressivamente exigido, começando pelo CART, NASCAR e DTM em 2001, seguido pela F1 e F3000 em 2003, e finalmente sendo adotado para pilotos de equipas de fábrica no WRC em 2005. E daí, nas provas regionais da FIA. Hoje em dia é usado em todo o lado.

Em Portugal a FPAK recomendou o uso do HANS nas competições nacionais em outubro de 2006, já que a FIA decidiu tornar obrigatório o uso do sistema HANS a partir de 1 de janeiro de 2008, para todos.

A FPAK antecipou a recomendação do uso do dispositivo de retenção em todas as jornadas pontuáveis para campeonatos nacionais de 2007. Recorde-se que a regulamentação prevista para 2008 apenas teve carácter obrigatório para campeonatos, troféus, taças e ‘challenges’ FIA, estendendo-se a todas as provas internacionais inscritas no Calendário Desportivo Internacional da FIA a partir de 1 de janeiro de 2009. Quantas vidas terá salvado nestas mais de duas décadas?

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