Recordar Francisco Romãozinho
O desporto automóvel nacional acabou de perder mais um dos seus grandes protagonistas. Morreu Francisco Romãozinho, vencedor do Rali TAP de 69, e o primeiro piloto de ralis português a conduzir um carro oficial, um Citroën. Foi igualmente um grande gestor, é uma grande perda para o desporto automóvel nacional. À família, e aos amigos, o AutoSport endereça as suas mais sentidas condolências.
Recordando resumidamente o seu percurso, Francisco Romãozinho viu nascer-lhe o gosto pelos automóveis quando a avó lhe ofereceu dinheiro para comprar um carro. Escolheu um Mini Cooper 1000 cc. A primeira prova disputou-a em 1962, o Rali às Termas de Monfortinho, vários amigos e adversários, entre eles Giovanni Salvi, incentivaram-no a alinhar em 1963 no Critério de Iniciados, e foi esta a rampa de lançamento.
Em fevereiro de 1969, conheceu o administrador delegado da Citroën em Portugal, Jacques Sonnery, e depressa foi desafiado a disputar um rali ao volante de um DS. Nesse mesmo ano, conduziu um dos três carros de fábrica que alinhariam no TAP. Segundo rali com a Citroën, segundo dilúvio, segunda vitória. No final desse ano, passou a ser Relações Públicas da Citroën. Foi Campeão Nacional de Velocidade com um BMW 2002.
O facto de se ter tornado gestor de primeira linha no setor automóvel, limitou a frequência das suas participações que se dividiam entre os interesses da marca e a sua própria iniciativa. Correu no Rali de Monte Carlo, foi 19º lugar e 4º no Grupo 1.
Os anos passaram, em 1978 correu com a Citroën no Rali de Portugal, tendo como colega de equipa um jovem desconhecido chamado Henri Toivonen.
Mais tarde foi para a SIVA, onde foi seis anos Administrador executivo, numa altura em que a Skoda acabara de se juntar ao grupo onde estavam a Volkswagen e a Audi. Mais tarde foi presidente da Fiat Portuguesa, cargo que desempenhou até se reformar parcialmente dos automóveis.
Depois, as prioridades passaram a ser a agricultura, mais concretamente a produção de milho bem como um projeto de Turismo Rural numa das margens do Tejo.
Fica marcado na história como o primeiro vencedor da marca, a Citroën, que partilha com a Lancia o maior número de vitórias no Rali de Portugal, oito.
Foi ele o vencedor da terceira edição internacional do TAP depois da recambolesca história de Tony Fall.
Tem para si reservado um enorme e importante capítulo do livro de ouro do automobilismo português.
Que descanse em Paz.