Nuno Caetano: “O perigo das Road Race foi algo que nunca intimidou…”

Por Pedro Gil de Vasconcelos

Dos riscos da Ilha de Man ao ‘gozo’ do Rali Serras de Fafe e Felgueiras! Depois de «uma carreira competitiva no motociclismo que ultrapassou as melhores expetativas pessoais», Nuno Caetano voltou-se para os ralis e estreou novíssimo Citroën DS3 R3T no Rally Serras de Fafe e Felgueiras. Estreia absoluta também na condução em pisos de terra, oferecedora de «sensações estranhas, sem comparação com tudo o que havia conduzido em estrada ou circuito», numa aventura que vai prolongar-se, para já, durante todo a temporada do Campeonato de Portugal de Ralis.

Um novo amor em ponto de viragem de carreira iniciada numa corrida nacional de resistência de motos, mas que teve os pontos mais altos bem longe dos circuitos nacionais. As presenças no Grande Prémio de Macau ou nas muitas provas de Road Race nas ilhas britânicas, a começar pelos excelentes resultados nas 5 vezes que esteve na mítica Ilha de Man, continuando com a presenças nas não menos famosas North West 200 e Uslter Grand Prix (ambas na Irlanda do Norte) ou no ímpar traçado de Scarborough são recordações preciosas de algumas das mais desafiantes corridas do Mundo. «O perigo das Road Race (corridas em estradas que são utilizadas no dia-a-dia) foi algo que nunca intimidou, mas ajuda sempre a recordar que é necessária absoluta concentração», recorda o piloto que reparte o tempo entre Londres, onde vive e trabalha, e as pistas e estradas portuguesas onde… se diverte.

Uma aproximação em tudo parecida da que foi feita ao motociclismo de competição, «com entusiasmo e muita vontade de aprender, de evoluir, de aceitar novos desafios, mas sempre pelo prazer de competir, de melhorar a cada prova, a cada quilómetro». As motos ficaram para trás, «ou melhor ficam para cumprir algumas curiosidades e conhecer alguns circuitos, como as recentes visitas a Sepang, a Brno ou Phillip Island, pelo gosto de descobrir novos traçados. Como continuo a gostar muito de andar de moto em pista e em Inglaterra existe alguma facilidade em enviar as motos para qualquer ponto do mundo sem grande complexidade e a preços aceitáveis isso facilita bastante as coisas e faço uma ou duas viagens por ano, sempre com amigos que me acompanharam nas corridas».

Os automóveis, outra paixão de longa data, alimentada desde muito cedo pelo pai que o levava a ver os troços do Rali de Portugal, chegaram através da velocidade, com o Troféu Kia Picanto a «oferecer uma solução relativamente fácil, tipo chave-na-mão, porque morando fora do País não era fácil ser de outra forma. O início foi pela velocidade porque era a única solução viável». Depois dos circuitos chegou a oportunidade de passar aos ralis «com a presença no Rali das Camélias que não terminou da melhor forma, de encontro a uma árvore. Mas gostei e por isso em 2019 passei o carro para outro piloto nas corridas em pista e fiz a parte de ralis, com 6 ou 7 provas na classe RC5. As coisas nem correram mal, mas tinha vontade de andar na terra, o que não podia fazer com o Kia pelo era altura de passar a uma coisa diferente».

Com o Citroën DS3 R3T foi necessário reaprender a pilotar porque «este carro tem diferencial, o que não acontecia com Kia, e obriga a conduzir de forma diferente, acelerando para o interior das curvas. Mas há ainda muito para aprender e para já o importante mesmo é terminar até porque é preciso fazer o maior número de quilómetros possível. Aqui, no Rally Serras de Fafe e Felgueiras nem correu muito mal porque, pontuando para o Europeu, tem treinos limitados acabando por minimizar a desvantagem face aos que moram mais perto daqui. Daqui para a frente, apesar da logística mais complicada por viver em Inglaterra, vou tentar fazer dois ou três dias de teste antes da provas mas, acima de tudo, quero é continuar a divertir-me, que é o mais importante»