MEMÓRIA: Quando Fernando Peres comparou o Mitsubishi Lancer Evo VII e Evo VIII: eu tenho dois amores

Por a 6 Julho 2024 11:27

Há precisamente 20 anos pedimos a Fernando Peres que comparasse os seus Mitsubishi Lancer, o Evolution VII e o Evolution VIII, carros muito semelhantes, mas que o piloto do Porto soube ‘descodificar’ e explicar como só um bom piloto sabe fazer. Eis as diferenças de carros que ainda se veem, e muitos, nos ralis.

Pela primeira e única vez este ano, Fernando Peres teve a oportunidade de juntar os dois Mitsubishi Lancer com que vai disputar os Campeonatos Nacional e Açoriano de Ralis, num comparativo que ajudou a perceber melhor os trunfos do novíssimo Evolution

VIII, acabadinho de chegar da Alemanha, diretamente da Ralliart.

Depois de uma breve passagem pelas instalações da Peres Competições, a última versão do carro japonês seguiu viagem rumo à Serra da Freita, local escolhido para o sempre emblemático ‘batismo’ de estrada, mas também para o prometido desafio ao seu mais

direto antecessor… em tudo tão parecido! Depois de uma primeira “troca de olhares”, piloto e máquina foram então “apresentados”, deixando logo no ar um “clima” de cumplicidade, posteriormente estreitado com as primeiras impressões ao volante deixadas por

Peres: “A primeira e mais imediata conclusão é que se tratam de dois carros muito semelhantes, embora seja evidentemente de sublinhar o facto do Lancer Evo VIII não estar ainda com os alinhamentos ideais nem com a suspensão corretamente afinada”. Pela óbvia

falta de tempo. De qualquer forma, e como também faz questão de salientar, “nota-se já que este novo carro, no seu conjunto, é mais equilibrado e que o chassis trabalha melhor.

Seja como for, as verdadeiras conclusões só podem ser tiradas ao cronómetro, o que era impossível fazer neste primeiro contacto”. A outra nota é que “ao volante, o Evo VIII torna-se menos exigente, parecendo ter uma margem de progressão superior”.

MELHOR MAS… POUCO!

Tecnicamente falando, são realmente poucas as diferenças que separam as duas versões. Mas ainda assim, elas começam no exterior da carroçaria e só terminam no propulsor nipónico. Por fora, o pára-choques dianteiro, o “aileron” traseiro e a entrada de ar no “capot” são as alterações mais visíveis. Mas como dá conta José Miguel Peres, o principal responsável técnico da equipa, nem todas servem para otimizar o comportamento do carro: “por exemplo, o pára choques, com um desenho mais arredondado, e a asa traseira,

ligeiramente diferente, não interferem decisivamente na aerodinâmica do carro. Penso que foram apenas alterados para que se pudesse distinguir a versão VII da VIII. Já no que toca à entrada de ar (que por acaso estava já homologada para a versão VII) revela-se

importante para a refrigeração do ‘cockpit’. Para além disso, o seu design inovador interfere diretamente na aerodinâmica, pois corta o ar de modo a que interaja na perfeição com a asa traseira”.

Ainda mais importante é o novo “roll bar”, do tipo “WRC”.

O material dos tubos e o seu desenho, com mais três pontos de apoio do que o arco de segurança montado no Evo VII, aumentam a rigidez do chassis, “fazendo com que tenha um melhor desempenho a curvar” – teoriza o mesmo responsável.

Da mesma forma, também a colocação (invisível) do depósito da gasolina debaixo dos “assentos traseiros” proporciona “uma melhor distribuição do peso, ajudando a baixar o centro de gravidade do carro e, por consequência, permitindo que o piloto consiga ‘sentir’ mais o carro”. Agora debaixo do “capot”, o motor apresenta algumas diferenças, nomeadamente ao nível dos pistões e do turbo, mas que não trazem qualquer acréscimo de potência. Nesta altura, a equipa Peres Competições está à espera de uma nova electrónica

que deverá dar mais uns “pózinhos” ao propulsor japonês, podendo ser já utilizada no Rali de Santa Maria.

Sentado na “bacquet” do lado direito, José Miguel Peres teve também a oportunidade para perceber o “feeling” do seu primo Fernando ao volante, destacando que “a inserção em curva do Evo VIII é mais fácil do que no Evo VII. A meio da curva torna-se mais fácil

fazer correções porque a direção deste último modelo oferece uma reação mais directa”.

Concluído este primeiro contacto com o último dos seus “amores”, Fernando Peres prepara-se agora para continuar a investir forte nos resultados. E se o Evo VII já deu dores de cabeça aos adversários, o Evo VIII promete dar muitas mais…

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