ERC/ERT: Ralis Internacionais de voltas trocadas

Por a 15 Maio 2020 09:25

Se a pandemia da COVID-19 tem afetado bastante as competições nacionais, o impacto nas competições internacionais é ainda maior. As diversas competições de ralis são disso um bom exemplo e a retoma afigura-se ainda mais difícil que dentro de fronteiras.

Um dos campeonatos que ainda não teve início foi o ERC cuja abertura estava marcada para os Açores. O Azores Rali foi um dos primeiros eventos a dever ser adiado devido à pandemia e rapidamente viu a sua data de realização transitada para meados de setembro. Seguia-se no calendário o Rally Islas Canarias que também rapidamente adiado para o primeiro fim de semana de dezembro. A abertura da temporada ficou então marcada para o final de maio mas o Rally Liepaja teve primeiro de ser adiado para meados de julho e, a semana passada, para meados de agosto. O arranque da competição deverá agora ser assegurado pelo Rally di Roma Capitale, marcado para 24 de julho.

Desde a chegada da pandemia COVID-19 à Europa que o Eurosport, tal como noutras características desta competição, tem sido bastante dinâmico na procura de soluções com constantes alterações e reajustamentos do calendário. No entanto, na última semana foi mesmo forçado a reduzir a temporada a sete eventos devido à impossibilidade de encontrar uma data no calendário que servisse à ida para a estrada do Rali da Polónia, pura e simplesmente cancelado.

Também os organizadores tudo têm feito para que os eventos possam se concretizar, abertos a alterações no calendário e em permanente contacto com as autoridades civis, desportivas e sanitárias. E é exatamente neste último particular que os promotores encontram as maiores dificuldades pois as regras sanitárias estão em permanente mutação à medida que maior informação vai sendo detida sobre a pandemia assim como pelos ajustes necessários ao controlo da movimentação de pessoas.

Sendo o ERC um campeonato disputado por concorrentes e equipas de inúmeras nacionalidades será necessário que a circulação de pessoas não só no país em que se disputa o evento mas também nas nações de origem e naquelas atravessadas pelos meios logísticos estejam em sintonia para que todos os interessados possam comparecer à partida. Também muito importante, é necessário que a aviação tenha retomado as suas operações regulares para permitir que concorrentes, equipas de assistência, media e demais intervenientes possam se deslocar.

Em muitos dos países visitados pelo campeonato uma das principais fontes de receita é a venda de bilhetes ao publico que queira assistir aos eventos e a proibição de super-especiais, acesso aos parques de assistência e a inexistência de zonas de espetáculo vem complicar seriamente os orçamentos estabelecidos. Em semelhante conjuntura, são muitos os que não acreditam que o campeonato se concretize mas tudo tem sido efetuado para que tal não suceda pela equipa liderada por Jean-Baptiste Ley. O francês diz que “desde o começo desta pandemia que procuramos manter o máximo de provas possível mas tem sido um tremendo desafio lidar com situações em permanente mudança e a necessidade de cumprir restrições governamentais. No entanto, a saúde e segurança permanecem a principal preocupação e nunca serão comprometidas”.

CALENDÁRIO ERC 2020

24/26 julho Rally di Roma Capitale

14/16 agosto Rally Liepaja

28/30 agosto Barum Czech Rally Zlin

17/19 setembro Azores Rali

09/11 outubro Rali do Chipre

06/08 novembro Rali da Hungria

03/05 dezembro Rally Islas Canarias

Tudo muito indefinido

Bruno Magalhães apostava regressar em 2020 a um campeonato em que foi durante anos uma das referências e onde conquistou a segunda posição em 2017. No entanto, para o piloto de Lisboa “é ainda muito prematuro poder garantir que vamos estar à partida das provas do ERC pois está tudo muito indefinido. Só depois de conhecermos o calendário do Campeonato de Portugal de Ralis, que, tal como sempre afirmámos, privilegiaremos, é que poderemos traçar um plano para as deslocações a fora de Portugal ou mesmo desistir este ano do projeto”.

O piloto do Hyundai i20 R5 lembra ainda que “se já tínhamos dificuldades logísticas para cumprir tantas provas ao longo de um ano, é expetável que se torne impossível alinhar em tantos ralis em apenas quatro ou cinco meses. A presença em alguns ralis do ERC implica longas deslocações e só temos uma viatura disponível para cumprir tantas participações”. Tal como para o campeonato, só com o esclarecimento do calendário é que o piloto português poderá confirmar a presença numa série em que obteve muito bons resultados.

European Rally Trophy em dificuldades

O European Rally Trophy, competição que integra três ralis portugueses, é uma das competições a enfrentar maiores dificuldades devido à pandemia da COVID-19. Num calendário com 32 provas, são ainda 10 os organizadores com esperança de poderem realizar os eventos enquanto 7 optaram mesmo pelo cancelamento. A situação neste troféu é, contudo, menos complicada que no ERC no que toca à circulação de pessoas, na medida em que, como a competição está dividida por zonas, será mais fácil aos concorrentes transitar em países limítrofes que, aos poucos, reabrem as fronteiras aos seus vizinhos.

O único rali já cumprido no ERT foi o português Serras de Fafe e Felgueiras que abria o calendário total e o da zona ibérica em específico. Nesta zona foi entretanto cancelado o Rallye Sierra Morena e adiado o Rally Villa de Adeje, ambos espanhóis. A prova que se segue é o Rali Vinho da Madeira que, ao que tudo indica, deverá ser adiado uma semana, indo para a estrada entre 6 e 8 de agosto. Marcados para setembro e novembro, os ralis Princesa de Asturias e Casinos do Algarve não serão, à partida, afetados pelas alterações nos calendários.

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