E que tal um Fastbravo S1300?
Presente em Fafe esteve o protótipo 4×4 que a Fastbravo construiu utilizando o conhecido chassis do SEAT Marbella e o motor de 1.000 cm3 da Honda CBR. Jorge Santos foi o primeiro e, até agora, único piloto a adquirir o carro desenvolvido pela estrutura de Jorge Pinto, disputando a prova reservada ao Campeonato de Ralis Norte e revelando no final das duas primeiras classificativas que o Fastbravo S1000 precisa de… mais cavalos: “O carro tem potencial mas precisa de um motor mais potente. A nossa ideia é colocarmos o motor 1.300 cm3 da Suzuki Hayabusa e aí penso que o produto final será imbatível em termos de custo vs performance”, referiu o piloto, que viria a desistir logo a seguir na PE3 depois da quebra de uma rótula. Está na calha um S1300 ‘made in Penafiel’. Enquanto não surge, o Autosport recorda-lhe o teste de competição que fez ao S1000.
Uma escola às 10.000 rpm
O Fastbravo S1000 é um interessante conceito de 4×4 com motor de moto e sensações de um S2000 à escala… que desperta emoções fortes. Já se questionou porque é que França gerou talentos extraordinários como Sébastien Loeb e Sébastien Ogier? Primeiro, porque a Federação Francesa (FFSA) faz o seu ‘trabalho de casa’ como nenhuma outra, criando e apoiando programas como o famoso Rally Jeunes, com eliminatórias regionais para descobrir jovens talentos um pouco por todo o país. Depois, porque esses pilotos fazem a sua formação em troféus monomarca como o troféu Citroën Saxo (Loeb) ou o troféu Peugeot 206 (Ogier), onde estão imersos num ambiente competitivo e altamente pedagógico, não só em termos de técnicas de pilotagem mas também em aspetos cruciais para o sucesso nos ralis, como a leitura do terreno e o sistema de notas. Não admira, portanto, que o talento natural de Loeb, Ogier e outros francófonos, como Thierry Neuville ou Sébastien Chardonet, chegue ao Mundial de Ralis perfeitamente lapidado e pronto a produzir resultados contra os melhores pilotos do mundo.
Jorge Pinto é um apaixonado inveterado dos ralis e um defensor acérrimo desta fórmula que, na prática, esteve na origem da criação do ‘seu’ Troféu Fastbravo, no final de 2007. A base era um veículo (SEAT Marbella/Fiat Panda) de prestações naturalmente controladas e baixos custos mas altamente instrutivo sobre os princípios da pilotagem em ralis, sobretudo para pilotos em início de carreira. Por ali passaram jovens como Ivo Nogueira ou Diogo Gago, mas depois de seis edições com o Marbella de tração dianteira, Jorge Pinto sentiu necessidade de dar um passo em frente: construir um veículo inovador, que mantivesse a filosofia low cost mas com prestações bastante mais arrojadas e capaz de habilitar um piloto para a condução de qualquer 4×4 de topo, fosse um R4, S2000, R5 ou WRC.
O S1000 era um conceito inédito no nosso país (e não só) mas também por isso a tarefa não se afigurava fácil: “Eu quis manter a carroçaria do Marbella pelas dimensões e pela estética intemporal: é como o UMM, não é bonito nem é feito”, refere o ex-piloto e organizador. “O passo seguinte foi encontrar um motor que fosse suficientemente pequeno e comprovado, quer em termos de tecnologia quer em fiabilidade. O motor Honda da CBR1000 foi a solução ideal em termos de performance, dimensão e custos, mas ao contrário de outros veículos da Velocidade e do Kartcross que utilizam motores de moto, nós queríamos manter o motor à frente, que é a opção ideal para um carro de ralis.” Este desafio foi ultrapassado com a criação de um sistema de transmissão composto por dois diferenciais: o diferencial da frente atua na prática como ‘central’, ou seja, recebe toda a potência do motor e depois transfere parte dessa energia para o diferencial traseiro, através de um sistema de engrenagens acionadas por pressão de óleo. A caixa sequencial de seis velocidades da CBR1000 recebeu uma pequena caixa ‘inversora’, também produzida pela Fastbravo, para incorporar uma marcha atrás. A empresa de Penafiel também produziu um sistema que fecha a válvula da transmissão traseira sempre que o travão de mão é acionado, permitindo que as rodas traseiras possam bloquear e, desta forma, ajudem a contornar ganchos ou curvas mais apertadas. “Experimentámos várias soluções até chegarmos a um compromisso que agora considerámos ideal: simplicidade, performance, baixos custos e experiência de condução”, refere Jorge Pinto.
Mas há dois carros no troço?
Ao vivo, o Fastbravo S1000 parece um Marbella saído de umas sessões no ginásio. O caráter inconfundível do pequeno utilitário que fez sucesso na década de 1990 é agora reforçado por um novo para-choques dianteiro, entradas de ar, cavas das rodas mais salientes e até um aileron traseiro. No interior destaca-se a simplicidade e robustez. A um volante e bacquets de competição com conforto muito acima da média, juntam-se o seletor da caixa sequencial colocado muito próximo do volante e com o travão de mão logo em baixo. O painel de instrumentos herda os visores da Honda CBR1000: velocímetro, conta-rotações e indicadores de temperatura. Ao lado, um outro painel onde se destacam os comandos das bombas e o botão da ignição. Tudo minimalista, mas com uma qualidade de construção assinalável.
E se visualmente o S1000 já se afirma como uma evolução clara do seu ‘irmão’ mais pequeno, quando o botão da ignição desperta o motor Honda há logo uma imposição de… respeito. O fator sonoro é algo importante na competição automóvel e principalmente nos ralis, quase sempre disputados em terreno florestal. O S1000 tem esse elemento de espectáculo que mantém os espectadores ‘agarrados’ nos troços, criando expectativa à medida que o ‘gritar’ do motor se vai aproximando cada vez mais. Para quem está de fora, há quase a sensação de que existem dois carros no troço: o ‘verdadeiro’, e depois um outro criado pelo eco que o vai acompanhando pelo meio das árvores.
Por dentro, confirmam-se os prognósticos de um “S2000 à escala”. O peso de apenas 900 kg (com os dois ocupantes) é o principal aliado dos 140 cavalos extraídos do bloco da CBR (com gasolina de competição), principalmente entre as 7.000 e as 11.000 rpm, já que abaixo daquele valor mínimo quase não há entrega de potência. Esta necessidade de rodar constantemente em regimes elevadas é a maior ‘escola’ do S1000 para um piloto com pretensões já que os reflexos (e até a coragem) exigidos em pleno troço não têm comparação com o Marbella de duas rodas motrizes. Outro aspeto importante é o trabalho das suspensões, surpreendentemente eficazes para um veículo desta tipologia, absorvendo qualquer ressalto ou mau piso como se de um moderno (e dispendioso) Mitsubishi Lancer se tratasse. A eficácia e equilíbrio do conunto chassis-motor-suspensão fazem pequenas maravilhas em zonas de curvas encadeadas, com constantes transferências de massas que num Grupo N com uma tonelada e meia seriam muito menos fluídas e ‘incisivas’. Para Jorge Santos, piloto habituado às prestações do Citroën Saxo Kit-Car e que ajudou a desenvolver este S1000, “o carro tem o motor de uma moto e a dinâmica de um S2000. Para quem guia as sensações são fabulosas e acredito que para o público também. Na atual conjuntura do nosso país, ter um carro de 20 mil euros que permite as sensações de um carro de 100 mil é algo que nos enche de orgulho. Espero que mais pessoas adiram porque poderemos ter aqui um troféu muito interessante e que trará gente nova para os ralis.” Afinal de contas, até os Sébastien não nasceram ensinados…
20 mil euros por um pequeno diabo
Mantendo uma filosofia de custos controlados, a empresa de Jorge Pinto estabeleceu um preço de 20 mil euros para a compra de um S1000 montado de raiz. O responsável da Fastbravo explica que “este valor pode variar se o piloto quiser comprar ele próprio acessórios como as jantes, pneus, bacquets, volante e cintos, algo que no total pode chegar a cerca de 5 mil euros. Mas a nossa grande vantagem são os custos de manutenção porque a maioria dos componentes são fabricados pela Fastbravo e portanto os custos de reparação e substituição não têm nada a ver com outros carros de tração total.”
Outra intenção da Fastbravo para o troféu dos S1000 é atribuir os resultados na competição ao carro e não ao piloto, para que desta forma “um grupo de pessoas ou uma empresa possam comprar o carro e que este seja guiado por diferentes pilotos ao longo da época. Também pode acontecer, por exemplo, que um patrocinador queira colocar um jovem promissor no seu carro para tentar chegar à vitória e desta forma ter maior retorno em termos de imagem. Sabemos que os tempos não estão fáceis e com este modelo poderemos dividir os custos de aquisição por diferentes pessoas ou empresas”, referiu.
FASTBRAVO S1000 – DADOS TÉCNICOS
Motor: 1.000cc, posição frontal, 140 cavalos às 7.000 rpm
Transmissão: Caixa sequencial de 6 velocidades + marcha atrás, dois diferenciais mecânicos, tração integral
Suspensão: McPherson à frente e atrás com triângulos inferiores, amortecedores Fastbravo com carga Bilstein (afinação Paulo Amortecedores) com curso de 175mm à frente e 180mm atrás
Travões: Discos ventilados à frente, 240mm de diâmetro à frente e atrás (em asfalto, 260mm)
Rodas: 13 polegadas em terra, 15 polegadas em asfalto
Peso: 750 kg (cerca de 900 kg com pilotos)
Valor: 20.000 euros
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