CRÓNICA: Querem-me lá, mas não querem que eu ganhe…
A FPAK emitiu recentemente um comunicado em que clarifica “algumas dúvidas que têm vindo a surgir sobre a participação e a classificação final das viaturas do grupo X5 nas provas do Campeonato de Ralis FPAK e Ralis” revelando que “As viaturas do grupo X5 e RGT podem participar em todos os ralis do Campeonato FPAK e nos Ralis Regionais, podem vencer o respetivo grupo, não podem ser declaradas vencedores absolutos do rali, mas sim vencedoras do respetivo grupo.”
Prosseguindo com o comunicado, a federação explica que “Esta medida foi pensada essencialmente para proteger aqueles que se inscreveram nos respetivos campeonatos e não retirar o protagonismo aos vencedores das provas inseridas nesses campeonatos. A FPAK autoriza a participação destas viaturas, pois muitas destas participações são ‘convidadas’ pelas autarquias ou pelos clubes organizadores de modo a valorizar o espectáculo. Igualmente para dar maior protagonismo e importância aos pilotos participantes nestas provas, o grupo X5 tem uma classificação exclusiva” terminando depois com um esclarecimento: “Grupo X5 – todas as viaturas com homologação FIA / FPAK válida, exceto as viaturas RC4 e RC5 (regulamento técnico CRFPAK e regulamento técnico das provas regionais). RGT – quando inseridos nas provas do CRFPAK integram o grupo X5 (regulamento CRFPAK e regulamento técnico das provas regionais).”
Este é, na verdade, um assunto em que se torna muito difícil agradar a gregos e a troianos. Recordando o que aconteceu no Rali de Aguiar da Beira/Sernancelhe, quando Manuel Correia venceu à geral o rali, mas não pode posteriormente ser consagrado com o respetivo pódio, pois pelo meio houve dúvidas, e segundo Correia: “No final, já depois de ter ganho o rali, um membro do Clube Automóvel da Marinha Grande veio falar comigo e disse-me que não estavam preparados para o facto de eu ser o vencedor e que não tinham um troféu que não dissesse Campeonato FPAK de Ralis. Perguntaram-se se eu me importava de subir ao pódio, receber o troféu do Campeonato FPAK e depois devolvê-lo, sendo que me entregariam o meu troféu mais tarde em mãos ou pelo correio. Como nunca quis causar problemas e porque corro unicamente por gosto, aceitei. Simplesmente, o representante da FPAK impediu que se fizesse um pódio à geral e disse que o único piloto a receber troféu de vencedor era o primeiro do Campeonato FPAK. Uma situação que me deixou muito desgostoso porque abdiquei de uma prova do campeonato que lidero na Montanha e depois recebo este tratamento por parte do representante da FPAK”, afirmou Manuel Correia.
Até dou de barato o facto da organização da prova não ter previsto a possibilidade do piloto do Ford Fiesta vencer à geral, mas nem sequer era muito estranho prevê-lo tal a competitividade do carro. O que terá ali faltado foi algum bom senso, pois o que aconteceu a Manuel Correia foi, no mínimo injusto, e o que a decisão do momento fez, foi com que os adeptos fiquem a perder no futuro, pois dificilmente Manuel Correia volta a fazer um rali.
Havia ali um vazio regulamentar, como provavelmente há em muitos outros casos, e é isso que a FPAK agora tratou de colmatar, mas este é dos típicos casos em que a manta cobre um lado e vai destapar outro. As organizações precisam de ter melhores carros para chamar mais público e apoios, mas o Campeonato principal desse evento, no caso o FPAK Ralis, precisa de destaque e não ser ‘ofuscado’ por participações ocasionais. Compreende-se os dois lados, as regras são agora mais claras, mas é bom que fiquem cientes que desta forma roubam adeptos à estrada, pois sem poder “ser declaradas vencedores absolutos do rali, mas sim vencedores do respetivo grupo” vai haver muitos “Manuel Correia” que não mais levarão as suas máquinas a provas deste tipo, porque a única coisa que fazem de diferente é entreter os adeptos, porque de resto andam a correr para aquecer. Sejamos claros, não faz qualquer sentido um piloto participar num rali e chegar ao final da prova no primeiro lugar não poder ter um pódio como vencedor do rali. Mas isso é apenas uma parte da história, porque os pilotos do FPAK Ralis não é por acaso que sentem alguma ‘comichão’ com uma situação destas, porque sendo verdade que no AutoSport colocámos uma foto do Manuel Correia exatamente do mesmo tamanho que a do Carlos Fernandes, a verdade é que, muito provavelmente, em muitas publicações locais, regionais ou mesmo desportivos, sites ou papel, o editor só teria espaço para uma foto e tinha que optar. E isso faz muita diferença para quem se esforça em participar num campeonato e ver quem vem de fora com um carro melhor e vence. Lá está, é muito fácil para muita gente esgrimir argumentos a favor duma tese ou outra, cada um puxa a brasa à sua sardinha e “a minha razão é maior que a tua” mas o que é mesmo difícil é ter sempre toda a gente contente.
A FPAK clarificou agora as regras, todos sabem com o que contam. Do mal o menos. E não tinha ficado nada mal também em Aguiar da Beira, se quando alguém perguntou ao Manuel Correia se não se importava de subir ao pódio, receber o troféu do Campeonato FPAK e depois devolvê-lo, recebendo depois outro com a inscrição correta, tudo ter ficado por aqui. Era tão simples…
José Luis Abreu
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Percebo perfeitamente a frustração do Manuel Correia, ou de qualquer outro concorrente do Grupo X5 ou RGT que vença uma prova do FPAK à geral. No entanto, as regras estão lá desde o inicio. A federação entendeu clarificar em virtude da confusão dos últimos ralis, Cerveira incluído.
Não seria justo declarar um vencedor à geral, que compete numa viatura que não está homologada para a inscrição nos campeonatos de ralis.
Já fazer o pódio do X5 tem todo o sentido e acho que a solução do CAMG não parecia desprovida de bom senso, tendo em conta a situação…