Retrospetiva do CPR 2024: os principais momentos que marcaram a época…

Desde a ausência de Miguel Correia, alguns acidentes, penalizações e incerteza em torno da luta pelo título devido, muito sucedeu no Campeonato de Portugal de Ralis de 2024. A época foi turbulenta e nem sequer faltou polémica com o facto de um piloto estrangeiro não pode ser Campeão de Portugal de Ralis.
Houve também muito brilho e alguma desilusão, reviravoltas, imprevistos, tudo isto marcou o CPR 2024.
Por isso, vamos recordar alguns dos principais momentos que se destacaram na época…
MOMENTOS
Miguel Correia esteve ausente da edição 2024 do Campeonato de Portugal de Ralis: “não irei marcar presença nesta competição em 2024. Depois de uma carreira em crescendo, que me levou ao pódio nas últimas edições do CPR, e onde consegui ser vice-campeão em 2023, optei por fazer uma pausa pensada na carreira desportiva de forma a tirar ilações para o futuro tanto a nível pessoal e profissional como desportivo!
Neste momento do ‘até já’ queria agradecer publicamente à ARC SPORT por sempre ter acreditado nas minhas capacidades e de tudo ter feito para que evoluísse neste desporto tão competitivo, assim como aos meus navegadores, com especial destaque para o Jet Carvalho.
Agora, é só esperar que possa regressar…

Pedro Almeida e Mário Castro de fora em Fafe
Pedro Almeida e Mário Castro (Skoda Fabia Rally2 evo) ficaram pelo caminho logo antes do primeiro troço da prova, depois de um acidente nos reconhecimentos que deixou Mário Castro com algumas mazelas físicas. Ainda fizeram o shakedown e o qualifying tentando perceber se era possível disputar o rali, mas ficaram por ali: “Tomamos a decisão difícil, mas sensata de não prosseguir, porque era impossível continuar”, explicou Pedro Almeida. Já Mário Castro disse depois que “durante os reconhecimentos tivemos um acidente, batemos forte numa árvore e eu fiquei com lesões no esterno e costelas. Felizmente o Pedro não sofreu nada.
Eu fiz tudo o que podia para conseguir fazer o rali. Inclusive fomos fazer o free practice e o Qualifying, mas logo aí senti muitas dores e quase não conseguia ditar notas, tal o sofrimento. Mesmo assim decidi tentar fazer a primeira especial e arrancamos para o rali, mas ainda durante a ligação, e já à entrada para a especial eu não estava nada bem e então optamos por nem sequer entrar na classificativa. Não queria nada que tivéssemos este desfecho, mas não tive alternativa.” São assim os ‘homens’ dos ralis. A paixão é tanta pela modalidade que vão para lá dos limites do impossível, mesmo em sofrimento físico. A paixão pelos ralis é mais forte que a dor, mas há limites para tudo…

Rúben Rodrigues brilhou em Fafe
“Com neve com lama, não via a estrada, aquele cenário foi um choque. Foi excelente o quarto lugar de Rúben Rodrigues/António Costa (Skoda Fabia RS Rally2). Para o piloto, que já tinha estado em Fafe, mas rodado pouco, foi uma grande estreia com o seu novo Skoda, fazendo uma exibição surpreendente, batendo pilotos bem mais experientes nos troços da zona, isto num rali que era de adaptação ao carro. O CPR só teria a ganhar com a sua presença a tempo inteiro, pois tem as capacidades que precisa para seguir os passos de outro grande piloto açoriano que brilhou no ‘continente’, Ricardo Moura.

Rui Madeira fez ‘perninha’ no CPR
Foi um regresso em grande de Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva ao Campeonato de Portugal de Ralis. Na sua estreia com o Ford Fiesta Rally2 oficial, a dupla rubricou uma sólida exibição no Rally Casinos do Algarve, coroada com o triunfo nas contas do Campeonato de Portugal Masters de Ralis e o 5º lugar da geral.
O impacto da presença da consagrada dupla “mundialista” foi tremendo, pois a dupla diz muito aos adeptos lusos quer nunca esquecerão ‘aqueles’ anos 90. Agora em 2025 completar-se-ão 30 anos que a dupla venceu a Taça FIA de Grupo N, em 1995.
“Foi um rali sempre em crescendo. Na 2ª Etapa, já com outro conhecimento do carro andámos em bom ritmo, chegando a melhorar quase 1 segundo por quilómetro. O resultado excedeu as nossas expectativas”.

Homenagem a Joaquim Santos
A comunidade do ‘motorsport’ nacional, em geral, ralis e particular nunca esquecerá Joaquim Santos, que morreu este ano e o Clube Automóvel de Amarante, organizador do Rali Terras D’Aboboreira, homenageou o piloto de uma forma muito original: “O nosso grande Joaquim Santos estará sempre connosco e este ano, o Rali Terras D’Aboboreira em estreita sintonia com o nosso piloto da viatura de segurança zero, José Silva, decidimos homenagear de forma especial o nosso amigo”, e fê-lo com um carro decorado com as míticas cores da equipa. Colírio para a vista dos adeptos…

Rali Terras d’Aboboreira, Kris Meeke: do ‘bate-chapa’ à liderança isolada
Kris Meeke/Stuart Loudon (Hyundai i20 N Rally2) chegaram à liderança do Rali Terras D’Aboboreira, apesar de um aparatoso capotanço na manhã da prova. A dupla entrou com o pé esquerdo e direito no Rali Terras D’Aboboreira, já que depois do percalço sofrido no qualifying, ao sair de estrada, assumiu a liderança da prova. De manhã, o piloto britânico do Team Hyundai Portugal capotou na sequência do toque numa pedra e acabaria, ao fim de duas cambalhotas, por cair para um descampado, valendo-lhe alguma vegetação para amortecer a queda. Sem danos graves no carro, Meeke pôde continuar em prova e depois fez tudo bem até ao triunfo…

Grande acidente de Ricardo Teodósio e José Teixeira…
Foi muito feio o acidente de Ricardo Teodósio / José Teixeira (Hyundai I20 Rally2). A dupla ficou bem, apesar do aparato dos inúmeros capotanços. Depois de alguns problemas com o carro durante essa manhã, o piloto tentava à tarde ‘apertar’ mais com a máquina, mas o acidente aconteceu e foi feio. Felizmente, apesar do susto, nada de grave se passou com a dupla. O mesmo já não se pode dizer do carro. Nos ralis, este foi o mais aparatoso acidente da carreira da dupla.

João Barros a matar saudades dos ralis
“Já tinha saudades de andar a este nível com o carro na terra” Depois de uma suspensão em Fafe, agora foi uma roda na Aboboreira que deixou fora de prova João Barros / Jorge Henriques (Volkswagen Polo GTI R5), desistiram na PEC 5 quando eram 8º do CPR, mas enquanto andaram tiveram uma boa prestação. Depois de muitas dificuldades no nevoeiro e chuva de Baião na 6ª Feira, no sábado em Amarante foram sétimos do CPR, sextos em Baião,
mas na segunda passagem por Amarante abandonaram.

Rali de Castelo Branco: Problemas atrasaram Kris Meeke
É cíclico. De vez em quando o Hyundai I20 Rally2 prega partidas a Kris Meeke/Stuart Loudon que nesta prova perderam 3m26.6s e com isso a liderança que passou para Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia RS Rally2), que acabou por vencer o evento.

Toyota Caetano Portugal de regresso aos ralis
A Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal regressou aos ralis em Portugal com a estreia do novo Toyota GR Yaris Rally2 da marca, que tão boa conta de si deu no Mundial e Europeu de Ralis, com muitas vitórias e pódios.
Claramente, a Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal está a reforçar a sua presença no desporto motorizado nacional, e tendo em conta que tem um carro competitivo, as perspetivas são boas para que esse ‘one off’ de Alexandre Camacho no Rali da Madeira, se estendesse no futuro para uma participação de âmbito mais alagado, o que, felizmente, se confirmou já no fim do ano. A Toyota regressa aos ralis nacionais em full-time em 2025.

Rali da Madeira: Kris Meeke para com princípio de incêndio
Kris Meeke – Stuart Loudon (Hyundai I20 N Rally2) vira a sua prova estragada, logo na superespecial da Avenida do Mar, com o carro a ficar cheio de fumo por dentro do habitáculo – um princípio de incêndio – o que significou novo rali estragado, por problemas mecânicos. O título começava a ficar em risco. Já em Castelo Branco, o piloto de Hyundai teve problemas com o acelerador, e caiu de primeiro para sétimo, e na Madeira, ‘ficou’ logo na PEC1. Apesar de tudo, o fim do ano correu bem e assegurou a conquista do campeonato…

Abandono de José Pedro Fontes no Rali da Madeira
“Tínhamos condições para discutir o rali!” Inglório e totalmente imerecido. Depois de uma grande luta com Armindo Araújo durante todo o rali pela primazia nas contas do Campeonato de Portugal de Ralis, José Pedro Fontes e Inês Ponte bateram no último troço, quando tinham 1.8s para tentar recuperar face a Armindo Araújo e Luís Ramalho. Quando se dá tudo, este tipo de situações podem suceder, e foi o que aconteceu a Fontes.
A luta no CPR estava a ser renhida, discutida à centésima de segundo, José Pedro Fontes chegava à última PEC do dia a 1,8 segundos da liderança no CPR a mesma distância que o separava de um pódio à geral. Infelizmente, o árduo trabalho do piloto e navegadora caiu por terra na última especial do dia, a segunda passagem pelo Rosário, desta feita em Power Stage. Ciente de que a vitória estava ao alcance, Fontes deu tudo para anular a desvantagem, mas o azar bateu-lhe à porta, com uma saída de pista que o obrigou a desistir.

Rali da Água: o acidente de Armindo Araújo
Foi uma grande luta, mas Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia RS Rally2) saíram de estrada na primeira passagem por Chaves, e com isso terminou a luta com Kris Meeke/Stuart Loudon (Hyundai I20 Rally2). A dupla ficou bem em termos físicos, mas com o abandono, os dois Hyundai ficaram isolados na frente, e o campeonato não ficou resolvido, mas ficou muito bem encaminhado para Kris Meeke.

Mário Castro fez 300º rali da carreira como navegador:
Mário Castro, navegador de Pedro Almeida, faz no Rali vidreiro o seu 300º rali da sua carreira, um percurso com um título absoluto à geral, em 2014, ao lado de Pedro Meireles, mas também títulos à classe, de Grupo N em 2001 e de Grupo A em 2013: “é um marco, 300 ralis como navegador, 30 anos de carreira, orgulho-me muito de tudo o que fiz até hoje, as coisas nem sempre correram como desejava, mas acho que no cômputo geral foi tudo muito bom, estou muito feliz por estar aqui, certamente não irei estar em mais 300 ralis e mais 30 anos, mas vou tentar ficar por cá mais alguns anos, e mais alguns ralis também para me divertir” disse Mário Castro que iniciou a sua carreira há 30 anos no Rali Cidade de Esposende/Quinta da Barca, num Peugeot 205 GTI: “já passei por vários carros, por vários carros, por várias etapas deste campeonato”,

A incerteza que consumiu a luta pelo título do CPR
Kris Meeke e Armindo Araújo chegaram à última prova na luta pelo título, mas havia um ‘elefante na sala’: Kris Meeke não pode ser considerado Campeão Nacional/de Portugal de Ralis, e antes da prova nem a FPAK sabia o que lhe poderia chamar se fosse ele a terminar com mais pontos.
O Regime Jurídico das Federações Desportivas diz que só podem ter o título de Campeão, atletas de nacionalidade portuguesa. Mas não há nada nas regras que impeça pilotos estrangeiros de se inscreverem, participarem e somarem pontos nas competições nacionais, neste caso, nos ralis. A única coisa que pelos vistos a lei portuguesa impede é que lhes seja atribuído qualquer título, distinção ou denominação honorífica, pelo que o que isto significava é que também não lhe podemos chamar vencedor do campeonato.
É o Instituto Português do Desporto e Juventude que o assegura, a FPAK não pode dizer que um piloto estrangeiro é campeão ou mesmo vencedor de um campeonato nacional.
O IPDJ diz que num caso desses um piloto não pode ter nenhum título honorifico. E Isto deixou e continua a deixar a FPAK de pés e mãos atadas.
Para Ni Amorim: “A FPAK tem feito tudo que tem ao alcance, a Lei é discriminatória, e tem que ser alterada…”
Kris Meeke não pode oficialmente ser nomeado pela FPAK, a única entidade que tem poderes para o fazer, Campeão de Portugal de Ralis e a explicação para isso está na Lei das Federações, Decreto Lei 248-B de 2008 Artigo 62 que diz que no caso de modalidades individuais, só poderá o título de Campeão Nacional a cidadão nacionais. É uma lei, e mesmo que muita gente, inclusivamente políticos, percebam que está errada e tem que se mudar, enquanto isso não sucede, a FPAK tem que a cumprir. Muita gente criticou a FPAK, mas esta tem feito tudo o que pode, e quem não fez até aqui o que tinha de ser feito foram os políticos, primeiro um governo e a seguir o outro.
A FPAK cedo obteve um parecer de um consultor externo, o Prof. Alexandre Mestre, autor da Lei de Bases do Desporto, que no seu parecer afirma ser esta Lei inconstitucional, e Ni Amorim acrescenta: “discriminatória, injusta, eu próprio, já fui campeão em Inglaterra e vem cá um estrangeiro e não pode ganhar em Portugal”, disse.
Há um processo que está a chegar ao Supremo Tribunal de Justiça, que fará jurisprudência se até lá os políticos não alterarem a Lei, que como é lógico, não pode ser a FPAK a fazer. É preciso que as pessoas entendam de uma vez por todas que a FPAK não pode regulamentar contra a Lei da República, porque senão perde o Estatuto de Utilidade Pública. Portanto, é preciso continuar à espera que os políticos façam o seu trabalho.

Muita polémica no Rali Vidreiro
Kris Meeke e Ricardo Teodósio foram penalizados já que as duplas do Team Hyundai Portugal falharam uma marcação de pneus no arranque do rali, depois de ter sido público um aditamento que alterava a zona de marcação de pneus, falharam a operação e o Colégio de Comissários Desportivos penalizam-nos em 75 segundos o que fez Kris Meeke/Stuart Loudon (Hyundai I20 Rally2) e Ricardo Teodósio/José Teixeira (Hyundai I20 Rally2) caírem, respetivamente, para 5º (Meeke) e 9º Teodósio, pelo que passaram a ser Pedro Almeida/Mário Castro (Skoda Fabia Rally2 Evo) a liderar o rali. A questão teve muitas nuances pelo meio e Ricardo Teodósio mostrava-se muito descontente com a penalização. Já Kris Meeke limitou-se a dizer no final da superespecial que “temos um longo dia pela frente amanhã…”, já Ricardo Teodósio foi bem mais longe: “recebi a informação agora quando entrei no carro, e não estou nada contente com ela. E não sei se vou continuar a fazer ralis…”, disse. São situações muito desagradáveis, há dois anos nesta mesma prova uma situação semelhante sucedeu com Armindo Araújo, que ficou extremamente zangado com o sucedido, e agora a reação de Teodósio indicia que não ficou convencido com a justeza do sucedido. Na verdade, e com o tema visto à distância, este foi daqueles momentos em que várias coisas, de vários lados, correram mal, foram cometidos erros e o desfecho do campeonato poderia ter ficado muito ensombrado.

PowerStage do Rali vidreiro decidiu rali e título do CPR 2024
À entrada da PowerStage, e apesar das polémicas que ficaram para trás, as contas estavam muito equilibradas e quanto às hipóteses de cada um, Kris Meeke e Armindo Araújo tinham o seu destino nas mãos, caso tudo se processe na normalidade até ao fim. Se Armindo Araújo vencesse a PowerStage será campeão, porque mesmo que Kris Meeke passasse Pedro Almeida, não era expectável que chegasse ao segundo lugar, o que lhe valeria o título.
Só que apesar de Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia RS Rally2) terem vencido o Rali Vidreiro com 1.8s de avanço para José Pedro Fontes/Inês Ponte (Citroen C3 Rally2), o terceiro lugar de Kris Meeke e com o triunfo do irlandês na PowerStage somou os pontos que precisava para confirmar o título, terminando assim mais um ano fantástico no CPR, que em 2025 vai contar com a Toyota, ficando agora por se saber com quem, e com que equipas o CPR 2025 vai contar. Lá mais para janeiro…
Até lá, bom Natal e bom ano de 2025 para todos….
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