História e os Ralis ‘esquecidos’ do CNR/CPR
Os ralis em Portugal têm uma história longa e fascinante, marcada por momentos que ajudaram a definir a modalidade no país. Desde muito cedo se evidenciou um espírito de aventura e competição, até ao surgimento dos primeiro ralis oficialmente designados como tal, a evolução deste desporto foi intensa.
Com a passagem dos anos e o aumento do número de provas organizadas, os ralis foram ganhando espaço no panorama nacional, com eventos emblemáticos e pioneiros que moldaram o percurso desta modalidade. Hoje, relembrar estes marcos é essencial para entender o caminho que levou à paixão crescente pelo desporto automóvel em Portugal.
Neste texto, exploraremos o que lhes deu suporte, as provas. Apesar de muitas terem deixado de existir, foram fundamentais para a história do automobilismo português. É uma viagem pelos ralis esquecidos, aqueles que marcaram época e contribuíram para a evolução deste desporto em Portugal.
Os primórdios
A primeira competição em Portugal a que se pode chamar ‘rali’ teve lugar em 1905, o Lisboa-Caldas da Rainha-Lisboa, com quase 200 Km, tinha controlos para verificação de média horária, na altura, 25 Km/h.
Desde aí, muita coisa mudou com as provas de regularidade a crescerem em importância e número.
Mas a primeira que teve verdadeiramente designação de ‘Rali’, foi o Rallye Nacional de Automóveis, realizado em Chaves, em 1925. Foi a primeira a utilizar Rallye em Portugal na sua designação.
Nos anos 30 do século passado, os ralis foram ganhando importância, em 1932 já se organizavam três ralis em Portugal, cinco anos depois esse número já quadriplicara. E a Volta a Portugal foi uma das grades, se não, a maior responsável do desenvolvimento com uma prova considerada como ‘Grande Prova de Resistência e Turismo’. Foi a mítica revista O Volante que a organizou em parceria com o ACP – Automóvel Club de Portugal.
O impulso deu-se nesta altura, mas ainda com eventos que só nos anos 50, nos pós-guerra, se começaram verdadeiramente a desenvolver. A primeira prova internacional lusa, foi o I Rallye Internacional de Lisboa, em 1947, realizado pelo ACP.
Nos anos 50, com a existência o nascimento de Clubes como o Arte e Sport, Targa, e o 100 à Hora, que já existia antes, a modalidade desenvolveu-se. Estrela e Vigorosa Sport, Sport Lisboa e Benfica, Sporting Clube de Portugal, Sport Clube do Porto, entre outros.
Em 1952, Carlos Fonseca e a sua equipa no Estrela e Vigorosa, plantaram uma semente chamada Rali da Montanha, enquanto Heitor de Morais e o 100 à Hora desenvolveram o figurino.
Mas não foi fácil a mudança para ‘ralis a sério’, pois houve muita resistência dos ‘Velhos do Restelo’ que queriam manter o ‘status quo’ das provas.
Tendo em conta que não se podia fugir ao código da estrada, eram criados troços com médias ‘impossíveis’, mas começaram-se a tirar tempos e a somá-los. Foi assim que nasceram as PEC – Provas Especiais de Classificação, troços, ou especiais. Até hoje. Para evitar problemas em estradas abertas, começaram a ser utilizadas estradas particulares fechadas ao trânsito.
Heitor de Morais, organizador da Volta a Portugal do 100 à Hora, desenvolveu um conceito de troços que transformaria todo o futuro dos ralis nacionais, sendo esse o primeiro passo, dado depois com o contributo de César Torres, modernizando a regulamentação dos ralis em todo o mundo.
Heitor de Morais sabia que o mapa rodoviário do ACP tinha distâncias reais que eram maiores do que as marcadas no mapa, e nessas regularidades, todos penalizam, pois as médias eram impossíveis de cumprir. Daqui aos troços, ou PEC’s, foi um ‘pulinho’, e os ralis começaram mesmo a ser simplesmente cronometrados, largado-se as médias, pouco a pouco.
O primeiro Campeão Nacional de Ralis ‘registado’ pela FPAK é Fernando Stock em 1956, mas até 1965 só havia Campeonato Nacional de Condutores e as provas não eram só Ralis, havia Velocidade também, e Rampas, pelo que só em 1966 começou o Campeonato Nacional de Ralis, a partir de 2018, Campeonato de Portugal de Ralis. Foi a partir daí que os ralis começaram verdadeiramente a dar um enorme salto de popularidade em Portugal.
A década de 70 do século passado fica claramente marcada como um dos períodos áureos do automobilismo nacional. Nessa altura nasceram projetos muito profissionais – a Diabolique é o expoente máximo – donde saíram pilotos de grande talento e eventos que fizeram história nos ralis em Portugal.
Na década de 70 os ralis nacionais foram marcados por nomes como Américo Nunes (com a famosa ‘bomba verde’, o Porsche 911), Giovanni Salvi, Carpinteiro Albino e Francisco Romãozinho.
E mais tarde com uma nova gesta de pilotos, como Carlos Torres, ‘Mêqêpê’ ou José Pedro Borges e Santinho Mendes. Eram tempos muito diferentes dos que se vivem hoje, mas basicamente, os nomes referidos serão talvez os ‘pais fundadores’ e, em boa parte, fortemente ‘culpados’ pelo entusiasmo pela modalidade que se vive em Portugal.
Claro que nesta altura tudo isto era muito potenciado com a fama que o Rali de Portugal foi granjeando aquém e além-fronteiras, ‘alicerces’ que foram bastante solidificados e ainda hoje estão vigorosos.
Mas este é só um enquadramento, pois é dos ralis que ‘ficaram pelo caminho’ e que não queremos deixar esquecer, que queremos falar…
Os ralis esquecidos
Na história dos ralis em Portugal houve muitos ralis, e se hoje em dia temos apenas provas com nomes de Regiões: Rali Serras de Fafe – Felgueiras – Boticas e Cabeceiras de Basto, Rali Terras d’Aboboreira, Vodafone Rally de Portugal, Rallye Vidreiro – Centro de Portugal Marinha Grande, Rali de Castelo Branco, Rali Vinho da Madeira, Rali da Água – Transibérico – Eurocidade Chaves / Verín e um misto de Empresas e Região: Rallye Casinos do Algarve, no passado, houve um pouco de tudo.
Recuando mesmo aos primórdios, tínhamos ralis com nomes de Regiões, Cidades, Festas, Locais, Clubes Auto, Empresas e Outros. Para todos os gostos…
Em baixo, pode ver essa lista dos ralis que se ‘perderam’, mas que em algum momento passaram pelos calendários nacionais. Mais à frente, um pouco de história dos mais relevantes, dos que se fundiram, os que aproveitaram zonas semelhantes, etc.
Regiões
Rali do Vinho do Porto
Volta à Madeira
Volta a Portugal
Volta ao Minho
Cidades
Rali a Viseu
Rali ao Porto
Rallye a Espinho
Rallye a Guimarães
Rallye a Vizela
Rallye ao Porto
Rallye da Agonia a Viana do Castelo
Rallye das Cidades
Rallye Lisboa – Madrid
Clubes
Grande Rali de ‘Os Belenenses’
Grande Rali do Benfica
Grande Rali do Sporting
Locais
Rali à Curia
Rali a Monte Carlos
Rali às Barragens Norte
Rali de São Pedro de Moel
Rali Tá-Mar à Nazaré
Rally de Santana
Rally do Santo da Serra
Rallye à Costa da Caparica
Rallye à Curia
Rallye à Praia da Rocha
Rallye a Salvaterra de Magos
Rallye às Antas
Rallye de Santana
Rallye do Distrito de Setúbal
Clubes Auto
Rali Arte e Sport
Rali do Automóvel Clube de Portugal
Rallye do ACP Aveiro – Estoril
Empresas
Rali da Casa de Pessoal da Cidla
Rali da TAP
Rali da TV
Rali das Telecomunicações
Rali do GD da Casa Baptista Russo
Rali do GD da Companhia de Seguros Império
Rali do GD da Companhia Nacional de Navegação
Rali do GD da Companhia Rádio Marconi
Rali do GD da Sociedade Comercial Guérin
Rali do GD do Banco de Angola
Rali do Rádio Clube Português
Rallye da Casa do Pessoal da Sacor
Rallye do GD da Companhia Carris de Ferro
Rallye Shell
Festas
Rali Abril em Portugal
Rali Aniversário
Rali da Acção Académica
Rali da Queima das Fitas
Rali de São Martinho
Rali do Fim do Ano
Rali São Martinho
Rallye Aniversário
Rallye Bodas de Ouro
Rallye de São Martinho
Rallye de São Silvestre
Outros
Rali Abertura
Rali Aniversário do Benfica
Rali da Montanha
Rali das Vindimas
Rali de Inverno
Rali de São João de Deus às Caldas da Rainha
Rali do Académico
Rali do Mediterrâneo
Rali Donas Elviras
Rali dos Alunos do Instituto Superior Técnico
Rali Encerramento
Rali Feminino
Rali Nocturno do Sporting
Rally Nocturno
Rallye da Boa Vontade
Rallye da Montanha
Rallye da Primavera
Rallye das Amendoeiras
Rallye das Rampas
Rallye das Vindimas
Rallye do Fim do Ano à Figueira da Foz
Rallye Emancipação
Rallye Mistério
Rallye Universitário
Rali à Praia de Santa Cruz
Ralis ‘perdidos’ do CNR/CPR
Nos meandros da história dos ralis em Portugal, há provas que não só desafiaram pilotos e equipas, mas que se tornaram verdadeiros ícones do desporto automóvel nacional. Estes eventos eram muito mais do que simples competições: eram celebrações da adrenalina, da perícia e da paixão. No entanto, como tudo na vida, o tempo trouxe mudanças e, aos poucos, alguns dos ralis mais memoráveis foram ficando para trás, substituídos por novas aventuras e diferentes desafios.
Quem se lembra do Rali Rota do Sol? Entre 1978 e 1999, que fez história na mítica mata do Pinhal de Leiria e por lá ainda anda numa prova com outro nome, o Rali Vidreiro.
E o Rali Sopete-Póvoa de Varzim? Uma presença sólida entre 1983 e 1997, marcado pela enorme paixão minhota pelos ralis com troço numa das zonas mais importantes historicamente dos ralis em Portugal.
O Rallye do F.C. Porto, precursor do atual Rally Serras de Fafe, que se estabeleceu há muito numa das caedrais dos ralis em Portugal, Fafe, e que durante mais de meio século (1951-2009), vestiu de azul e branco as paisagens nortenhas.
E como esquecer o Rali da Figueira da Foz? Logo a partir de 1955, a Figueira era sinónimo de espetáculo, trazendo um brilho especial às margens do Mondego e mais tarde à Serra do Açor, góis, Arganil, etc.
Outra prova que marcou época foi o Rali Sport-Rota do Dão/Lafões (1998-2004), onde a natureza se transformava num palco de competição, com vinhedos e serras a comporem o cenário. Durou pouco, mas deixou uma marca intensa e duradoura no campeonato, como um vinho de safra rara.
Na década de 80, a Volta GALP (1981-1993) levou pilotos por um percurso épico através de Portugal, numa aventura que era tanto de resistência como de perícia. Era um verdadeiro teste à capacidade humana e mecânica, um tributo ao espírito do automobilismo. Mas, à medida que o mundo dos ralis mudava, também a Volta GALP cedeu lugar a novas provas, como um gigante que se retira em silêncio, sabendo que deixou um grande legado.
E finalmente, o lendário Rali das Camélias (1954-1995). Corria pelos verdes e floridos trilhos de Sintra e arredores, onde o perfume das camélias se misturava com o cheiro a gasolina e borracha queimada. Deixou saudade, e não foi por acaso que Luís Caramelo e a sua equipa o recuperaram em 2018.
Cada um destes ralis desempenhou um papel crucial no crescimento do Campeonato Nacional e de Portugal de Ralis, dando espetáculo, emoção e histórias que ainda hoje se contam nas tertúlias dos entusiastas. E embora o seu tempo tenha passado, continuam a viver no imaginário daqueles que testemunharam os seus dias de glória — ralis que ficaram pelo caminho, mas que nunca serão esquecidos.
Agora, alguma história, com mais detalhe…
Rali Rota do Sol 1978-1999/Rali Rota do Vidro 2000-2004/ Rallye Centro de Portugal 2005-
Nome mítico que vem de muito longe. Remonta a 1978, em 1981 já era prova Internacional, teve lugar com este nome até 1999, em 2000 passou a ser Rota do Vidro.
O Rota do Sol ‘desapareceu’, era a denominação da região turística de Leiria que passou a Região de Turismo Leiria/Fátima, mas ainda hoje a prova se realiza como Rali Vidreiro. Começou pela zona de São Pedro de Moel e pela mata do Pinhal de Leiria e por lá ainda anda atualmente, embora, como sempre, não se fique por aí.
Nos primeiros anos como prova Internacional, a partir de 1981, estendeu-se para a zona de Abrantes, São Facundo, mas em 1988 foi para Chimpeles, Figueiró, Alvaiázere, Ansião, Figueiró dos Vinhos, Pedrógão, Castanheira de Pêra, Campelo, troços que também eram aproveitados na 1ª etapa do Rali de Portugal quando existia 1ª etapa em asfalto.
Manteve-se assim em 2000 quando o nome mudou para Rota do Vidro, que ficou até 2004. Passou a
Rallye Centro de Portugal desde 2005, Vidreiro Centro de Portugal em 2014, o nome Marinha Grande surge em 2018, até hoje. Continua a ser uma prova importante no CPR, mans tendo em conta os regulamentos de quilometragem, estende-se apenas às zonas vizinhas.
Rali Sopete-Póvoa de Varzim (1983-1997)
É uma prova mítica que utilizou durante muitos anos os troços a norte da Póvoa de Varzim, especialmente a zona de Ponte de Lima e mais a norte até aos limites do País. O nome veio dos anos 80, sempre com Sopete, que era a denominação da Empresa de Turismo da Póvoa de Varzim.
O Rali Sopete abriu durante muito tempo o campeonato, as suas PEC, Vilar de Mouros, Cabração, Paredes de Coura, Arcos de Valdevez, Extremo, São Roque, Sopo, foram tendo variações como Arga, Ponte de Lima, Cerquido, mas quando terminou em 1997 não era muito diferente de quando começou, década e meia antes. É um dos ralis que mais saudades deixou nos adeptos lusos e nem sequer é preciso referir os minhotos, pois qualquer adepto dos ralis adorava o ‘Sopete’.
Rali Casino da Póvoa (1951-1999)
A transição do Rali Casino da Póvoa de asfalto para terra dá-se em 2000, pois até aí realizava-se uma prova que começou em 1951, o Rallye à Póvoa de Varzim, que em 1980 já era Rali Internacional James / Póvoa de Varzim, passou a Rali Internacional Sopete / Póvoa de Varzim em 1983, assim ficou até 1997, mas desse já falámos anteriormente.
O Rali Casino da Póvoa e o clube que o organizava, o Targa, teve de trocar a zona de Ponte de Lima em asfalto pela terra em troços que também se realizaram no Rali de Portugal até 2001, mas em 2002 a prova voltou a asfalto. Pisos de terra de novo em 2003, novamente nos troços de Ponte de Lima e Paredes de Coura, mas já com a introdução de uma etapa em Vieira do Minho. Em 2004, a prova já tinha os troços todos nessa zona de Vieira do Minho numa transição que acabou mesmo por se dar. A mudança de nome para Torrié veio em 2007, mas o último ano, 2006, a prova teve algo que muito poucas vezes surgiu na história do CNR/CPR, a neve. Parecia o Rali de Monte Carlo, mas em terra, numa edição inesquecível.
Rallye Torrié (2007-2011)/Rally Targa – Vieira do Minho 2012
A Serra da Cabreira e Vieira do Minho ainda hoje fazem parte do Rali de Portugal, numa zona que quase sempre tem sido aproveitada para as provas do campeonato português de ralis. Este evento, Rally Targa – Vieira do Minho surgiu em 2012 depois do Torrié ter acabado em 2011, mas só mudou de nome, pois os locais dos troços não mudaram muito, Serra da Cabreira. Seja como for, só ficou um ano no CNR, voltando em 2018 no Campeonato Norte de Ralis, os ‘regionais’ da altura. As provas do targa Clube no campeonato principal ‘viveram’, tiveram o seu ponto alto nos anos 90, até que outras a substituíram, não mais voltando ao campeonato principal. Mas o que Fernando Baptista e a sua equipa fizeram nunca será esquecido e ainda hoje muita gente recorda com saudade as suas provas, especialmente a fase de asfalto, tendo o Targa conseguido desdobrar-se com bons ralis também na terra. Mas já não era a mesma coisa…
Rali Solverde/Rali Casino de Espinho (1983-2000 )
Nunca foi dos mais importantes do campeonato português, mas teve a sua relevância, especialmente devido à zona onde se realizava. Freita, Arouca, são troços que fizeram durante muito tempo parte do Rali de Portugal, e com mais uns quantos troços naquelas mesmas belas zonas, fizeram-se ralis muito interessantes. Para além disso, o troço da Freita, especialmente é um dos mais míticos da prova portuguesa do Mundial de Ralis, e um dos mais difíceis, ficando na história quando em 1991, com péssimas condições meteorológicas, juntou asfalto, terra (havia uma zona que ainda era em piso de terra como no troço de Montejunto) e também…neve. Tudo no mesmo troço, onde ficaram inúmeras equipas naquela malfadada noite de 6 de março de 1991.
O Rallye Automóvel a Espinho realizou-se pela primeira vez e m1951, mas foi a partir de 2002 e até 2017 que se afirmou no CNR. Os troços sempre foram na mesma zona do Solverde, e quanto ao nome, quando não era Hótel Solverde, foi Casino do Espinho. O resto era tudo muito semelhante.
Volta a São Miguel, Rali dos Açores, Azores Rallye (1965- )
O Rali dos Açores está atualmente fora do CPR, mas é, efetivamente, uma prova que pertence às maiores e mais importantes do nosso campeonato. Tendo em conta que o Grupo Desportivo comercial passa por um período um pouco mais complicado, a prova tem andado dentro e fora nos últimos anos do CPR, tendo mesmo saído do Europeu, mas de uma coisa não temos dúvidas: irá voltar.
Quanto as coisas se normalizarem, e passar o período mais turbulento, o Rali dos Açores irá regressar ao lugar que lhe pertence pois é uma prova absolutamente fantástica, diversa, coloca desafios bem distintos a quem lá compete, de tudo o que estão habituados e não há piloto de alto nível que não goste de disputar o Rali dos Açores. Troços lindíssimos, competitivos, e atrvemos-nos a dizer que é um dos ralis mais bonitos do mundo!
Começa em 1965 como Volta a São Miguel, só em 1981 passou a ter também a designação Açores após São Miguel (S. Miguel/Açores), teve vários patrocínios no naming, nos anos 90, começou como SATA Rallye Açores em 1999 e assim ficou até 2015. Em 2016 passou a Azores Rallye, e assim continua. como já referimos, está por agora fora do CPR, mas há-de voltar…
Rally de Portugal 2014 2002-2014
Como se sabe, o Rali de Portugal voltou em 2015 para o Norte de Portugal, por ‘sugestão’ em forma de ‘ordem’ da FIA, e aí encontrou o público que faltava quando a prova se realizou no Algarve, em 2005 e 2006 como candidata ao Mundial, regressando em 2007, fez uma ‘paragem nas boxes’ do IRC, Intercontinental Rally Challenge em 2008, regressando definitivamente ao Mundial de Ralis em 2009, permanecendo no Algarve até 2014.
Nem sempre ‘contou’ para o CNR, mas sempre foi um rali absolutamente fantástico no que aos troços diz respeito. Ainda hoje, se perguntarmos a qualquer piloto do WRC que tenha corrido naquele tempo, referem a qualidade e competitividade dos troços. É assim com Sébastien Loeb, e também com o seu compatriota Sébastien Ogier.
Os troços do Rali de Portugal no Algarve eram fantásticos e hoje em dia, alguns deles fazem parte do CPR, pois em boa hora o Clube automóvel do Algarve colocou traçados que foram utilizados no WRC, na sua atual prova.
Felizmente, atualmente o CPR manteve-se nesses troços, mas há 10 anos, em 2014 foi a última vez que pertenceu ao então CNR, quando a prova era ainda no Algarve. Em 2013 não fez parte do CNR, existiu nesse ano uma Taça de Ouro. O Rali de Portugal, em todos os restantes anos em que a prova esteve no Algarve, pertenceu sempre ao CNR, e também nos três anos de Macedo de Cavaleiros, de 2002 a 2004.
Em 2015 e 2016, a prova não pertenceu ao CNR, voltou em 2017 e desde então tem feito sempre parte do CPR, mas hoje em dia com a etapa de Arganil, o que também é positivo, pois um campeonato português sem Arganil, Góis e Lousã no seu ‘caminho’ parece quase uma ‘heresia’.
Como é óbvio, sabemos que há hoje em dia muitas condicionantes, é preciso ir atrás dos apoios, e já não dá para fazer sempre o que se gostava, mas o que é possível, mas felizmente o CPR ainda vai à Serra do Açor, a Serra do Caldeirão, com todas as restantes provas que se realizam mais para norte.
Rallye F.C. Porto (1951-2009)
O primeiro ‘Rallye ao Porto’ remonta a 1951, mas o que se pode considerar como o precursor do atual Rallye Serras de Fafe, antes Rali do Futebol Clube do Porto, foi o Rallye às Antas de 1955.
A prova manteve o mesmo nome até 1976, em 1977 denominou-se Rali Arbo, e o primeiro Rali Internacional do Futebol Clube do Porto foi em 1979.
A prova teve alterações no nome em 1982, pois foi introduzida a zona de Dão/Lafões, em 1984 e 1985 foi Rallye Internacional Serra do Marão e só em 1986 começou a designação Rallye do Porto, que teve alguns ‘acrescentos’ de patrocinadores, como a Esso ou Porto Petróleos. O nome manteve-se até 2009 e em 2010 surge o Rallye Serras de Fafe.
Com algumas variações pelo meio, Fafe foi maioritariamente a zona de eleição da prova, algo que ainda hoje se mantém, agora com o alargamento a Felgueiras, Cabreira e Boticas.
Para trás ficaram também outras experiências como o Rali Internacional Serra do Marão 1984-1985, que era realizado também na Aboboreira e Carvalho de Rei. Como se percebe, esse rali existe hoje em dia é o Rali Terras d’Aboboreira.
A razão desta divisão é fácil, pois no passado os ralis eram bem maiores, e com isso ‘nasceram e cresceram’ muitas zonas que se tornaram importantes para os ralis e com o passar do tempo as respectivas Câmaras Municipais e clubes da zona ‘agarraram’ nessas estradas e criaram novos ralis, como é o caso da prova do Clube Automóvel de Amarante.
Rali da Figueira da Foz (1955-1992)
Rali da Figueira da Foz 1982/1993 – 2002 último
A primeira vez que ouvimos falar da Figueira da Foz nos ralis foi em 1955 . Inicialmente realizou-se até 1963, regressando depois apenas em 1978. Foi ‘Internacional’ pela primeira vez em 1979, com troços de terra na Candosa, Arganil, Lousã e na Serra da Boa Viagem, junto à Figueira da Foz.
Manteve-se durante muitos anos com troços na Serra do Açor, com algumas variações, mas sempre na zona. Em 1992 variou um pouco até Mortágua e Miranda do Corvo saindo depois do CNR, voltando apenas em 2002, com troços em Poiares, Mirando do Corvo e Góis, saindo depois para dar lugar ao Rali Cidade de Coimbra. Ou seja, tendo em conta que a Figueira da Foz só tinha a curta estrada da Serra da Boa Viagem, e a zona de Quiaios, os ralis teriam sempre de ir mais longe e na altura foi o que fez o clube automóvel do Centro, aproveitando o que podia de bons troços na zona centro do País, mas o rali da Figueira da Foz sempre viveu muito à custa dos troços da Serra do Açor, sendo que curiosamente, o Rali de Portugal viveu lá uma das mais impressionantes páginas da história do Mundial de Ralis, quando na prova de 1997, na super especial de abertura do rali, o encurtamento do percurso à última da hora levou a que uma enorme multidão, certamente mais de 100.000 pessoas se tivessem espalhado por 1.5 Km, o que significou que não havia um centímetro de berma da estrada sem espetadores, pelo que o troço foi do princípio ao fim um estreito corredor humano de cem mil corações, em que cada centímetro era um risco, onde o perigo foi constante à beira do asfalto, num equilíbrio muito precário entre a adrenalina do espetáculo, a ousadia dos espectadores e o perigo que estes correram.
Rali Cidade Coimbra -1993/1994
O Rali Cidade Coimbra e o Rali Cidade de Oliveira do Hospital foram iterações do Rali da Figueira da Foz onde o Clube Automóvel do Centro mudava o quartel-general, mas ‘mandava as tropas’ lutar para as mesmas zonas, a Serra do Açor, Góis, Arganil, numa prova que aproveitava excertos dos grandes troços que desde os aos 60 por ali são conhecidos.
O primeiro rali de Coimbra foi em 1953, mas só em 1993/1994 se realizou a contar para o CNR com um formato semelhante, na Serra do Açor. Foi substituída pelo Rali Cidade de Oliveira do Hospital, que manteve estrutura semelhante, na Serra do Açor com os troços de Góis e Arganil, mas acrescentando Oliveira do Hospital, que serviu como base, mas com os troços da zona do Piódão, São Gião e Alvôco das Várzeas, troço que também fizeram parte do Rali de Portugal, quer em asfalto como São Gião, quer em terra como Alvôco das Várzeas. A estes acrescentava ainda um troço junto a Oliveira do Hospital e ainda ‘aproveitava’ Tábua.
Rally de Mortágua (2004-2022)
O Rally de Mortágua é bem mais recente, começou em 2004 como prova da Promoção, utilizava os troços de Mortágua e Aguieira, que já vinham dos tempos do Rali de Portugal, dos anos 90, que começou a usar os troços de Mortágua e Vila Pouca em 1995, que ficaram mais uns anos no Rali de Portugal, e mais tarde fizeram também parte do Rali de Mortágua quando este passou para pisos de terra, pois durante algum tempo também foi um, excelente, diga-se de passagem, rali de asfalto.
As estradas da zona da encosta a sul da Serra do Caramulo redundaram em dois troços, que tiveram vários nomes, Mortágua, Mortazel, Vila Pouca, em estradas quase sempre entre eucaliptos. Já o troço da Aguieira é bem distinto, não só porque é realizado numa cota bem mais baixa, como se chegou a realizar na estrada que ladeia a barragem que dá o nome ao troço, mas como já houve um acidente grande que vitimou um concorrente, preferiu deixar-se essa zona, mais complicada caso houvesse algum azar semelhante. Seja como for, o troço perdeu algumas das suas características, mas continua a ser muito desafiante, e tem uma das zonas mais ‘espectador-friendly’ que há nos ralis em Portugal, a Mortágua Arena. Muita gente bem posicionada, muito espetáculo dos carros e também muito pó, dependendo da meteorologia e do vento.
Rali Sport-Rota do Dão/Iduna-Rali Lafões/Sport Dão Lafões/1982-1983 – 1998-2004
Atualmente, o Constálica Rali Vouzela e Viseu começa a regressar a zonas que no passado teve grande história nos ralis em Portugal. A zona de Lafões recebeu ralis desde 1982 e 1983, na sua fase inicial com troços de terra na zona de Viseu, mas quando regressou, em 1998, já era em asfalto, e realizava-se na zona de São Pedro do Sul, Serra da Arada e Vouzela.
A zona de são Pedro do Sul, Vouzela, Oliveira de Frades, Serra da Arada, Manhouce, tem troços de asfalto absolutamente fantásticos, algumas vezes as provas até aproveitaram o Caramulo ou Muna, dependendo dos anos, mas tanto o Rali Sport-Rota do Dao, o Iduna-Rali Lafões, Sport Dão Lafões, que se realizaram com grandes intermitências entre 1982-1983 e depois 1998 a 2004, redundaram sempre em bons ralis, com bons troços e em zonas lindíssimas.
Volta Galp/Volta a Portugal (1981-1993)
Foi um dos mais importantes ralis do CNR, pertenceu ao Europeu de Ralis também durante muito tempo,
e era quase), tal como o nome indicava, uma verdadeira Volta a Portugal, um rali bem mais extenso que o atual Rali de Portugal. A prova pertenceu ao Europeu de Ralis durante algum tempo, e teve muita variação de percurso desde o seu arranque, que remonta a… 1949.
Quando o Campeonato Nacional de ralis arrancou em 1966 a prova fez parte desse primeiro calendário
Em 1972 o itinerário era composto de um percurso de quatro dias com etapa de Lisboa – Lagos, Lagos – Coimbra, Coimbra – Braga e Braga – Estoril.
Nos anos 70 a prova já se tinha tornado num evento com troços cronometrados, e ainda ia de Cascais ao Algarve, daí para Viseu, com final nos troços de Ponte de Lima e Viana do Castelo.
Esta prova sempre foi muito eclética em termos de traçado, sendo pela primeira vez em 1980 começaram as rondas mais extensas pela Serra de Sintra, neste ano com quatro troços, dupla passagem pela Lagoa Azul e Sintra e ainda a… Rampa da Serafina.
Nos anos seguintes mais mudanças com Lisboa e Sintra a ficarem de fora, só regressando em 1984, e fo a partir daí que a prova não mais largou Sintra até ao seu final, sendo que nos últimos anos o seu traçado era mais ‘previsível’, pois durante alguns anos dividiu-se entre Sintra, Góis, Arganil, Viseu, variou com Sintra, Ulme, Pampilhosa, Abrantes e e terminou em 1993 com Sintra, Arganil, Góis, Campelo, Castanheira de Pêra, num evento que deixou muitas saudades e que marcou a despedida dos ralis em Sintra durante muitos anos.
Este é uma prova com uma história que dava para escrever um livro, não só por ter arrancado em 1949, mas principalmente por ter sido durante muitos anos uns dos ralis mais importantes do calendário nacional. Entre os seus vencedores estão nomes como Alessandro Fiorio, Carlos e Jorge Bica, António Coutinho, Joaquim Santos, Inverno Amaral, Joaquim Moutinho, José Pedro Borges, Santinho Mendes, Meqêpê, Francisco Romãozinho, Américo Nunes e…César Torres!
Rali das Camélias 1954-1995/2018-2024
O Rali das Camélias chegou a ser uma das provas mais carismáticas do calendário do Campeonato Nacional de Ralis onde se realizou até 1991. Realizada sempre em asfalto, nas estradas do parque natural de Sintra-Cascais, com idas a Mafra, Livramento, Gradil, Montejunto, Óbidos, Alenquer, Ribamar, Torres Vedras, houve edições que nem saiu de ‘Sintra’. Tinha troços de dia e à noite, ‘emulava’ a famosa ‘Noite de Sintra’ do Rali de Portugal, era uma espécie de antecâmara para as classificativas de Sintra do Rali de Portugal. Começou como Grande Rali de Sintra em 1954, voltou em 1962 já como Camélias com o clube Arte e Sport a levar a prova até 1991 no CNR e nos anos seguintes, até 1997 nos Iniciados
Regressou 2018, Prova-Extra até 2024.
Os ralis tinham fugido de Lisboa e o público ficou órfão, mas graças a um conjugar de vontades, a prova voltou. Mas foi preciso esperar quase 30 anos para que o Rali das Camélias voltasse a ser uma realidade no automobilismo nacional. O empenho do Clube Motorismo de Setúbal permitiu que uma das mais emblemáticas provas do panorama nacional estivesse de volta e assim animar a serra de Sintra e a região de Mafra.
Rali Maia Shopping (1994 – 1997)
O Rali Maia Shopping existiu entre 1994 e 1997, aproveitou o facto de um grande patrocinador, óbvio no nome, se ter chegado à frente e com isso a prova realizou-se, naturalmente, pela zona da Maia, Valongo, entre Santo Tirso, Rebordosa, nos troços de asfalto da zona. Não durou muito.
Rally Cidade de Guimarães 2015 1952-2015
O primeiro Rali de Guimarães foi em 1952, mais recentemente em 2013, no Open de Ralis, e realizou-se até 2015. A edição de 2014 fica na história do CNR, pois a prova resolveu-se com 0.3s a favor de Pedro Meireles na sua luta com Ricardo Moura. De resto, a prova do Targa Clube foi efémera na competição com troços baseados numa zona mítica dos ralis e das rampas em Portugal, a Penha.
Rali Nordeste Transmontano – O Jogo (2005)
Realizou-se apenas um ano, em asfalto, na zona de Macedo de Cavaleiros. Não houve, neste tipo de piso qualquer regresso, exceção feita aos belos troços de terra que a zona ‘emprestou’ ao Rali de Portugal entre 2002 e 2004, quando este saiu do WRC e até ‘aterrar’ no Algarve em 2005.
Rali do Estrela e Vigorosa 1992
Outro nome para Rali do Alto Tâmega, prova única com este nome.
Encerrando esta jornada pelos ralis em Portugal, fica evidente que, embora muitos tenham desaparecido, deram lugar a novos desafios, com nomes diferentes, mas a mesma alma vibrante, fruto das paisagens e características únicas de cada região deste nosso país. A história dos ralis é uma prova viva de como as tradições podem renascer, mantendo a paixão pela velocidade e pela superação sempre presentes nas estradas sinuosas de Portugal.
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Embora ainda exista um rali na mesma zona e nome semelhante, era bom uma referência ao antigo rali do Algarve quando era em troços de terra
Nem mais! Como é que se esqueceram do antigo Rallye do Algarve?! (Ainda por cima integrado no Europeu com vários coeficientes…) Tive o previlégio de participar em alguns deles: um grande rali em terra (tirando alguns do mundial, um dos melhores na minha opinião algo tendenciosa…) que deixa muitas saudades…