CPR, Rallye do Algarve: Vitória de Meeke, muita luta nos lugares seguintes
Kris Meeke/James Fulton, em Hyundai i20 N Rally2, venceram o Rallye Casinos do Algarve, segunda prova do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR), depois de liderar desde a primeira à nona e última classificativa, culminando com uma vantagem de 55.6s face a Armindo Araújo e Luís Ramalho, no Skoda Fabia RS Rally2. O piloto britânico somou em Portimão o seu segundo triunfo consecutivo na presente temporada do CPR, venceram todas as classificativas menos uma em Fafe, triunfaram em todas no Algarve, e mostraram mais uma vez que têm um ritmo que não está ao alcance dos melhores pilotos portugueses. Nada que já não se soubesse, o irlandês gosta de fazer ralis em Portugal, está a divertir-se à grande e para o perceber, depois do que disse dos troços de Fafe´- “dos melhores troços do mundo” , mesmo com as condições difíceis, no final da prova, ontem, a sua expressão quando lhe perguntámos o que achou dos troços disse tudo: “Lembrava-me de 2014, e são mesmo troços fantásticos”.
Se o primeiro lugar, só em condições muito especiais pode ser contestado, pode ter um azar, um furo, um toque, uma avaria, mas em condições normais só não ganha os troços todos se gerir andamento ou lhe suceder algo.
Se para o primeiro lugar estamos conversados, logo a seguir a luta foi ‘brava’ e para o perceber basta ver as diferenças entre Armindo Araújo e Ricardo Teodósio, troço a troço, tendo em conta que Pedro Almeida começou o rali em segundo atrás de Meeke, caiu para terceiro atrás de Teodósio na PEC2, caiu para quarto na PEC4, para quinto na PEC5 e desistindo devido a saída de estrada na sétima especial.
Quanto a Armindo Araújo e Ricardo Teodósio, que terminaram o rali em segundo e terceiro separados por 2.4s favoráveis ao piloto do Skoda, a luta começou favorável ao algarvio e só se resolveu no último troço para onde os dois seguiram separados por apenas um segundo já favorável a Armindo Araújo. Vejam como evoluiu a margem: PEC1-3.9, favoráveis a Teodósio, PEC 2, 6.9s, Teodósio, PEC 3, 8.6s, Teodósio, PEC 4, 7.0s, Teodósio, PEC 5, 6.7s, Teodósio, PEC 6, 4.6s, Teodósio, PEC 7, 1.3s, Teodósio, PEC 8, 1.0 Armindo, PEC 9, 2.4 Armindo.
E a explicação é simples. Armindo Araújo escolheu pneus ‘errados’ no 1º dia, mas sabia que com isso teria melhores pneus ideais para a fase decisiva do rali, só que o tempo perdido na sexta-feira foi significativo, mas no sábado começou logo a recuperar, e só virou o tabuleiro no penúltimo troço, confirmando no último o segundo lugar da geral na frente de Ricardo Teodósio, repetindo o mesmos segundo lugar de Fafe, ‘vencendo’ o seu rali, pois Meeke é muito difícil de chegar…
Uma grande luta entre os dois Campeões de Portugal de Ralis dos últimos seis anos!
Como se percebe, o derradeiro e decisivo dia de prova foi repleto de emoções.
A saída de estrada que Pedro Almeida (Skoda Fabia Rally2 evo) sofreu quando era quinto a 13.8s de Zé Pedro Fontes não apaga o bom andamento que teve até aí. Claramente, meteu uma ‘mudança’ acima nesta prova, que acabou por não correr bem devido à saída de estrada mas deixou sinais de se estar a chegar ao grupo da frente em termos de andamento, pelo que será uma questão de tempo até a consistência de resultados aparecer.
Ricardo Teodósio (Hyundai i20 N Rally2) foi terceiro, perdeu a luta com Armindo Araújo, no troço decisivo não conseguiu dar a volta ao segundo que trazia de atraso, mas os pequenos contratempos que sofreu durante a prova mostraram-se decisivos no final. Um arranque falhado numa das especiais da manhã de sábado e um problema com o diferencial tiraram-lhe algum tempo que lhe fez falta no final. Os ralis são assim mesmo.
Grande rali fez Ernesto Cunha, uma bela surpresa o andamento, terminando a prova no quarto lugar, o seu melhor resultado no CPR – naturalmente, pois guiava um 2RM – fez vários top 5 nos troços, e mostrou uma bela adaptação ao carro preparado pela ARC Sport, com Ernesto Cunha a destacar isso mesmo: “deram-me um carro perfeito” Claramente, apenas na sua segunda prova com o Skoda Fabia Rally2 evo, deu mostras de uma boa evolução e sem cometer erros logrou por somar um ótimo resultado, como, aliás, tal como Rui Madeira na sua estreia aos comandos do Ford Fiesta MK II Rally2. O piloto de Almada, já tinha guiado várias vezes o Fiesta R5, mas agora passou para o Rally2 e fez uma prova em crescendo e com dois quartos lugares nos últimos três troços, recuperou inclusivamente tempo a Ernesto Cunha, suplantando Lucas Simões, Paulo Neto e Ricardo Filipe.
Quem estava a recuperar, em termos de andamento, face ao dia anterior era José Pedro Fontes (Citroen C3 Rally2) que tinha conseguido ascender à quarta posição, mas um desesperante problema elétrico, a causar sucessivas quebras de rendimento do motor, fê-lo cair muito na tabela classificativa (20º).
Pior sorte teve Pedro Meireles (Hyundai i20 N Rally2), que quando parecia ter assegurado o quarto lugar debateu-se com problemas de travões e acabou por ser forçado ao abandono.
Lucas Simões (Ford Fiesta R5), Paulo Neto (Skoda Fabia Rally2 evo) e Ricardo Filipe (Skoda Fabia R5) fecharam o “pelotão” dos Rally2, enquanto Diogo Salvi (Skoda Fabia Rally2 evo) viu o seu regresso ao CPR penalizado por problemas mecânicos logo no início do segundo dia. O acelerador ‘prendia’ e o abandono foi inevitável.
No CPR 2RM não faltou incerteza na discussão dos primeiros lugares, com esta a manter-se até à classificativa de fecho, já depois do campeão Gonçalo Henriques (Renault Clio Rally4) ter sido forçado a desistir, devido à quebra da caixa de velocidades, depois de ter arrebatado a liderança a Hugo Lopes (Peugeot 208 Rally4). A partir de então, o jovem piloto de Viseu esteve sempre na frente, destacando-se de Daniel Nunes (Peugeot 208 Rally4), Ricardo Sousa (Peugeot 208 Rally4) e de João Andrade (Peugeot 208 Rally4). Triunfo indiscutível de Lopes, sendo de destacar a subida de Andrade ao segundo lugar na última classificativa, com Nunes a ser vítima de problemas mecânicos (transmissão) após o final, algo que o fez penalizar um minuto à chegada a Portimão, sendo relegado para o quarto lugar.
Pedro Pereira (Peugeot 208 Rally4), o vencedor da FPAK Júnior Team em 2023, entrou com o pé direito no CPR ao terminar em quinto, na frente de Guilherme Meireles (Peugeot 208 Rally4) que passa a liderar o Campeonato Júnior.
A dupla lituana Martynas Samsonas/Ervinas Snitkas (Skoda Fabia N5) foi a vencedora das provas do Campeonato Promo e do Start Sul, José Merceano (Mitsubishi Lancer Evo VI) triunfou nos Clássicos, Rui Madeira (Ford Fiesta Rally2) no Masters e José Viana Martins (Peugeot 208 R2) no Promo 2RM e no Start Sul 2RM.
Destacar também a vitória de José Merceano/Francisco Pereira entre os concorrentes dos Clássicos.
Nota ainda para a competição do Start Sul e Start Sul 2 Rodas Motrizes que tiveram aqui o seu arranque, sendo que no primeiro caso tiveram como 3 primeiros classificado Miguel Carvalho/António Reis em Hyundai, seguido de João Bica/Pedro Conde e Nelson Trindade/Liliana Costa, ambos em Mitsubishi. Já nas 2 rodas motrizes os vencedores foram Paulo Anselmo/André Silva em BMW, seguidos de Viana Martins/Rodrigo Assunção em Peugeot e os regressados Nuno Pinto/João Silva em Citroen.
Classificação final do CPR
1º, Kris Meeke/James Fulton (Hyundai i20 N Rally2), 1h02m32.2s
2º, Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia RS Rally2), a 55.6s
3º, Ricardo Teodósio/José Teixeira (Hyundai i20 N Rally2), a 58.0
4º, Ernesto Cunha/Rui Raimundo (Skoda Fabia Rally2 evo), a 2.47.7
5º, Rui Madeira/Nuno Rodrigues da Silva (Ford Fiesta MK2 Rally2), a 3.06.0
6º, Lucas Simões/Valter Gomes (Ford Fiesta R5), a 3.33.5
7º, Paulo Neto/Nuno Mota Ribeiro (Skoda Fabia Rally2 evo), a 4.01.0
8º, Ricardo Filipe/Filipe Carvalho (Skoda Fabia R5), a 4.43.9
9º, Daniel Nunes/José Janela (Peugeot 208 Rally4), a 7.35.8
10º, Pedro Pereira/João Aguiar (Peugeot 208 Rally4), 7.52.2
2RM(oficiosa)
1º, Hugo Lopes/Magda Oliveira (Peugeot 208 Rally4),1h08m31.3s
2º, João Andrade/Pedro Santana (Peugeot 208 Rally4), a 1.30.0
3º, Ricardo Sousa/Luís Marques (Peugeot 208 Rally4), a 1.32.9
4º, Daniel Nunes/José Janela (Peugeot 208 Rally4), a 1.36.7
5º, Pedro Pereira/João Aguiar (Peugeot 208 Rally4), a 1.53.1
6º, Guilherme Meireles/Pedro Alves (Peugeot 208 Rally4), a 2.02.7
7º, Jorge Carvalho/António Santos (Renault Clio Rally4), a 2.54.5
8º, Pedro Silva/Roberto Santos (Peugeot 208 Rally4), a 3.10.9
9º, Anton Korzun/Pavlo Kononov (Peugeot 208 Rally4), a 4.15.9
10º, Luís Morais/Rafael Cunha (Peugeot 208 Rally4), a 5.01.1
Junior(oficiosa)
1º, Hugo Lopes/Magda Oliveira (Peugeot 208 Rally4), 1.08.31.3
2º, João Andrade/Pedro Santana (Peugeot 208 Rally4), a 1.30.0
3º, Pedro Pereira/João Aguiar (Peugeot 208 Rally4), a 1.53.1
4º, Guilherme Meireles/Pedro Alves (Peugeot 208 Rally4), a 2.02.7
5º, Diogo Marujo/Jorge Carvalho (Peugeot 208 Rally4), a 5.10.5
CAMPEONATOS(classificações oficiosas)
Absoluto: 1º, Kris Meeke, 56 pontos; 2º, Armindo Araújo, 44; 3º, Ricardo Teodósio, 28; 4ºs, Rúben Rodrigues e Ernesto Cunha, 18; 6ºs, Lucas Simões e Paulo Neto, 16; 8º, José Pedro Fontes, 15; 9º, Rui Madeira, 12; 10º, Ricardo Filipe, 8.
2RM: 1ºs, Gonçalo Henriques e Hugo Lopes, 28 pontos; 3ºs, Guilherme Meireles e Pedro Silva, 24; 5ºs, Kevin Saraiva e João Andrade, 22; 7º, Jorge Carvalho, 20; 8º, Ricardo Sousa, 17; 9º, Daniel Nunes, 14; 10º, Pedro Pereira, 13.
Júnior: 1º, Guilherme Meireles, 32 pontos; 2ºs, Gonçalo Henriques, Hugo Lopes e Diogo Marujo, 28; 5º, Luís Caetano, 24; 6ºs, Kevin Saraiva e João Andrade, 22; 8º, Pedro Pereira, 18.
A próxima jornada (3ª) do CPR, também em pisos de terra, será o Rali Terras D’Aboboreira (26/27 abril), nas regiões de Amarante, Baião e Marco de Canaveses.
FOTO ZOOM Motorsport