CPR, Rali Vidreiro/Marinha Grande: Decisão adiada
Ricardo Teodósio venceu na Marinha Grande e com isso protelou a decisão do título para Mortágua. Armindo Araújo foi segundo, na frente de José Pedro Fontes, numa prova interessante, mas com um vencedor incontestado. Agora, tudo se decide em Mortágua.
Ricardo Teodósio/José Teixeira (Skoda Fabia Rally2 Evo) venceram o Rali Vidreiro/Marinha Grande, 11.1s na frente de Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia Rally 2 Evo) e com isso adiaram para o Rali de Mortágua a decisão do título do Campeonato de Portugal de Ralis.
O piloto da The Racing Factory ainda tem uma vantagem importante, sete pontos, que não sendo decisivos, são muito significativos na luta que se preconiza na prova da zona centro.
Em Mortágua, Armindo Araújo pode utilizar uma tática de alguma expetativa, pois não precisa de vencer, mas permitindo um eventual triunfo de Ricardo Teodósio, se o algarvio também vencer a PowerStage, Araújo tem que ser segundo, ou terceiro somando mais dois pontos na PS. Resumidamente, terá que que somar 19 pontos.
Portanto, como se percebe, há ainda algumas contas a fazer, partindo do princípio que o cenário da luta direta na prova do Clube Automóvel do Centro, vai suceder. É que convém não esquecer que os dois homens da frente do campeonato, não correm sozinhos e têm adversários fortes com que lidar.
Para não fugir à regra, o campeonato de 2021 volta a resolver-se apenas na derradeira prova, o que sucede desde 2017. Nesse ano, Carlos Vieira derrotou Pedro Meireles, na ‘negra’ do Algarve, em 2018 Armindo Araújo chancelou o título a sul. 2019 foi o ano em que Ricardo Teodósio festejou em ‘casa’, e o ano passado o campeonato terminou abruptamente, sorrindo a Armindo Araújo, quando tudo se iria decidir no Rali Casinos do Algarve.
Este ano, Mortágua tem a honra de receber a ‘Grand Finale’, e a calculadora é acessório fundamental para as equipas de Armindo Araújo e Ricardo Teodósio. Com os resultados do ‘Vidreiro’, Bruno Magalhães e José Pedro Fontes deixaram de ter hipóteses matemáticas de chegar ao título.
Teodósio dominador
Ricardo Teodósio liderou da primeira à última especial e Armindo Araújo foi sempre segundo. Embora a margem final tenha sido 11.1s, depois de Armindo Araújo ter cedido 6.8s a Teodósio na PE2, o piloto de Santo Tirso ainda recuperou até aos 5.2s. Terminou a manhã do segundo dia a 5.8s, e com o algarvio a vencer o primeiro troço da tarde, Armindo já não conseguiu recuperar, preferindo não arriscar e levar a decisão para Mortágua com o conforto do que assegurou: 7 pontos de vantagem.
Já a luta pelo pódio foi mais ‘irregular’, pois Bruno Magalhães foi o primeiro nessa posição, mas esta terminou nas mãos de José Pedro Fontes depois dos dois homens da Sports & You terem trocado de posição cinco vezes.
Miguel Correia reservou para si a quinta posição do início ao fim e Manuel Castro foi sexto até ter problemas na PE3 e cair várias posições.
Decifrando melhor a prestação de cada dupla, Ricardo Teodósio/José Teixeira (Skoda Fabia Rally2 Evo) começaram logo bem na 6ª feira, aumentando para 8.7s a margem logo na PE2. Com o carro bem adaptado às exigências do Rali Vidreiro, e com o piloto muito motivado para correr ‘atrás do prejuízo’, Teodósio esteve um degrau acima da concorrência em todo o rali. Na manhã do dia decisivo, ainda tinha margem para andar um pouco mais, de tarde, um grande susto logo na PE5, quase saindo de estrada. A toada rápida confirma-se pelo facto de, mesmo assim, terem vencido este troço. Agora, vão para a ‘negra’ em Mortágua, depois de tudo lhes ter corrido às mil maravilhas na Marinha Grande.
Quanto a Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia Rally 2 Evo), sabendo que podiam arriscar um pouco menos que a concorrência, em sete troços, só venceram um, o que diz bem o que foi a sua prova. Seja como for, é mais mérito de Teodósio do que demérito seu. O único troço que verdadeiramente lhes correu mal foi a PE2, onde perderam 6.8s para Teodósio, tornando logo aí a recuperação bem mais difícil, o que se viria a confirmar.
Ainda tentaram reagir na PE3, que venceram, batendo Teodósio por 3.5s, mas Teodósio não cedeu muito, e quando ao início da tarde a margem passou para 8.1s, em condições normais o vencedor estava encontrado.
O Skoda estava demasiado duro, ainda tentaram mexer, mas já não surtiu efeito.
José Pedro Fontes/Inês Ponte (Citroen C3 Rally2) terminaram no pódio, a 44.7s da frente. Não lhes correu bem a PE1, em que perderam 11.3s, reagiram na PE2, mas nessa altura já a margem subira para 17.1s. Logo de seguida, problemas de travões até ao fim da manhã atirou-os para o quarto lugar. Um forcing final de tarde ainda lhes permitiu chegar ao pódio, mas a maior alegria para Fontes foram os quatro carros da Sports & You no top 10.
Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai I20 N Rally2) terminaram em quarto, posição para onde caíram só no último troço. Como se previa, uma prova complicada, pois ao nível a que se andou na frente sabia-se que seria difícil
Que o piloto de Lisboa tivesse já uma ligação ao novo carro, suficiente para essas lutas, e isso confirmou-se, pois há ainda muita coisa a descobrir pelo piloto e pela equipa, do novo carro. Diferenciais longe do ideal colocaram dificuldades na tração e a velocidade de ponta do carro também não era a ideal. Um rali de descoberta, mas ainda assim a certeza que o carro tem grande potencial, e a evolução vai ser constante até ao fim do ano, havendo depois disso tempo para trabalhar para 2022.
Miguel Correia/Jorge Carvalho (Skoda Fabia Rally2 evo) terminaram em quinto, precisamente a mesma classificação de Castelo Branco, basicamente a posição que é neste momento possível ao jovem piloto em pisos de asfalto, algo que o deixou bastante contente, pois mais do que o que ‘dizem’ as classificações, que dependem das prestações alheias, a verdade é que na luta contra si próprio, aí saiu vitorioso, pois fez bem melhor que anteriormente e isso é um sinal muito positivo.
A dupla espanhola Iago Caamaño/Saavedra Varela (Citroën C3 Rally2) terminou em sexto, depois de uma prova bastante regular, sempre no sétimo e oitavo lugar nas PE.
Mais de ano e meio depois, e 22 ralis com um duas rodas motrizes, Pedro Almeida/Hugo Magalhães (Hyundai i20 R5) regressaram aos RC2, de modo a atestar o trabalho que fizeram neste hiato, e apesar de o terem feito com um carro que não conheciam, tiveram uma boa prestação, regular, premiada com um sétimo lugar.
Azar para Pedro Meireles/Pedro Alves (Volkswagen Polo GTi R5) que furaram logo na PE1, o que para quem tem tido tantos problemas este ano, foi bastante desmotivante. Entrar logo dois minutos atrás, numa prova que tinha ganho o ano passado, ‘arrasa’ qualquer um. Como se isso não bastasse, ainda tiveram um problema com o carro que num dos troços não ‘ligou’ o modo ‘stage’. Contas feitas, oitavo lugar a mais de três minutos da frente.
Paulo Neto/Vitor Hugo (Skoda Fabia R5) foram nonos, num rali que não foi fácil para a dupla, que tem tido algumas prestações irregulares em termos de andamento, ainda que tenham uma grande virtude: terminam as provas todas.
Manuel Castro/Ricardo Cunha (Skoda Fabia R5) fecharam o top 10 numa prova que foram quintos até à PE3, momento em que tiveram problemas mecânicos, que depois de resolvidos, os levaram a encetar uma recuperação à tarde.
Ricardo Sousa/Paulo Leones (Peugeot 208 Rally4) terminaram na 11ª posição e como vencedores dos 2WD, terminando com 44.5s de avanço para Ernesto Cunha/Rui Raimundo (Peugeot 208 Rally4) com Rafael Cardeira/André Couceiro (Renault Clio RS R3T) a mais de dois minutos, no lugar mais baixo do pódio.
Carlos Fernandes/Bruno Abreu (Peugeot 208 Rally4) foram os primeiros líderes, mas problemas de sobreaquecimento do motor no Peugeot levaram-nos a perder muito tempo, terminando no sétimo lugar, mas ainda assim mantendo a liderança do campeonato face a Ernesto Cunha, que está agora apenas a três pontos, com Ricardo Sousa a 12 do líder.
Daniel Nunes/Nuno Mota Ribeiro (Ford Fiesta Rally 3) terminaram na 12ª posição numa exibição melhor que o resultado, que ficou condicionado por dois furos. Vítor Pascoal/Ricardo Faria (Porsche 911 GT3 Cup) foram 14º e venceram entre os R-GT, assegurando dessa forma o título de campeões da categoria.
Paulo Caldeira/Ana Gonçalves (Citroen C3 R5) terminaram na 15ª posição na frente do vencedor do Clássicos,
Nuno Carreira/Danny Carreira, no belíssimo Subaru Impreza WRX STI, que bateram Luís Mota/Alexandre Ramos (Mitsubishi Lancer Evo VI) por apenas 0.3s.
Gil Antunes/Diogo Correia (Dacia Sandero Rally2 Kit) furaram e perderam muito tempo, terminando muito atrasados.
Paulo Barata/Joaquim Alvarinhas (Mitsubishi Lancer Evo IX) venceram no RC2N Cup. A competição termina em Mortágua dentro de três semanas.
MOMENTO
A PE2, quando Ricardo Teodósio ‘deu’ 6.8s a Armindo Araújo e o primeiro troço da tarde quando o algarvio entrou por uma garagem, numa ligeira saída de estrada que lhe podia ter acabado com o rali, foram os momentos-chave do rali. Neste prova os ‘deuses’ estavam todos do lado de Teodósio e a decisão do campeonato protelou-se.
FIGURA
Ricardo Teodósio esteve completamente imparável nesta prova e mesmo cometendo pequenos erros, voltou a mostrar que uma pilotagem espetacular também permite ganhar ralis, e não só a simpatia do público: “entrei por uma garagem e um quintal, subi uma parede, o volante ficou desalinhado, mas tudo bem…”