CPR, Rali Terras D’ Aboboreira: 1ª vitória de Miguel Correia

Por a 17 Abril 2022 10:22

José Luís Abreu/Fábio Mendes

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FOTOS @World/A. Lavadinho; ZOOM MotorSport/A. Silva; AIFA/J.Cunha

Miguel Correia/Jorge Carvalho (Skoda Fabia Rally2 evo) estrearam-se a vencer no CPR, batendo Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia Rally2 evo) por 2.4s, numa decisão na Power Stage. Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai i20 N Rally2) foram terceiros, mas ainda sem conseguir lutar mais perto da frente.

Fez-se história no CPR com o primeiro triunfo da carreira de Miguel Correia. Ela iria suceder um dia, mais cedo ou mais tarde, mas poucos apostavam que, em condições normais, esse triunfo surgisse já. Não só surgiu como foi obtido no ‘braço’, num confronto de tudo ou nada face a Armindo Araújo, um dos melhores, senão o melhor piloto da história dos ralis em Portugal.

Com este triunfo, Miguel Correia, que tem vindo a fazer o seu caminho até ao topo nos ralis em Portugal, alcança agora este importante marco na sua carreira.

Na antevisão desta prova, projetámos uma reação da concorrência que luta pelos triunfos, leia-se os dois i20 N Rally2 do Team Hyundai Portugal, ou uma confirmação da senda de bons resultados do líder do campeonato, Armindo Araújo.

Nem uma coisa, nem outra, pois o que sucedeu foi a última pista que deixámos: A seguir a escreveremos que os Hyundai teriam de correr atrás do prejuízo, acrescentamos, com Miguel Correia fica à espreita…

E foi exatamente este o desfecho. É verdade que Armindo Araújo liderava ao cabo de 5 de 9 especiais com 9.3s de avanço para Miguel Correia e que o furo na PE6 o atirou para 3º a 15.3s do novo líder, Miguel Correia, mas a verdade é que Armindo tendo recuperado 5.1s e 8.6s a Miguel Correia no antepenúltimo e penúltimo troços, a verdade é que na ‘negra’ o jovem piloto não vacilou, deu tudo o que tinha, e foi feliz.

Poucos pensavam que pudesse resistir a Araújo, mas quem acredita até ao fim e dá tudo o que tem está sempre mais perto de ser feliz. Foi o que aconteceu.

Sempre à espreita

A principal razão pela qual Miguel Correia venceu esta prova deve-se ao mérito de ter sempre estado com o primeiro lugar à vista. No final do 1º dia estava a 4.0s, o mais longe que esteve foi quando era 2º a 9.3s de Araújo, imediatamente antes de um furo numa roda do Skoda da The Racing Factory lhe ter aberto uma janela de oportunidade que tudo fez para não perder.

Muito sintomático quanto à força mental de Miguel Correia foi o facto de mesmo tendo visto Armindo Araújo recuperar muitos segundos em dois troços, nunca deixou de acreditar e isso valeu-lhe o triunfo. Chapeau Sr. Correia.

Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia Rally2 evo) fez muito para levar de vencida este rali. Nunca se preocupou com quem não lhe tirava pontos, no caso a dupla irlandesa Josh McErlean/James Fulton (Hyundai i20 N Rally2) e sempre lutou para se posicionar o melhor possível na luta do CPR. Atacou forte no sábado de manhã, abriu aí uma distância de 6.0s para o 2º do CPR, dilatou-a para 9.3s no troço seguinte, mas depois encontrou uma “pedra no caminho” e furou.

Passou a ter um atraso de 15.3s para o novo líder, Miguel Correia, foi atrás do prejuízo, mas já não conseguiu ir buscar os 1.7s que precisava para vencer.

Seja como for, mantém-se líder do campeonato, agora com 9 pontos de avanço para Miguel Correia, e ganhou pontos a Bruno Magalhães, vendo também Ricardo Teodósio atrasar-se irremediavelmente no campeonato.

Bruno bem melhor

Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai i20 N Rally2) foram terceiros, depois duma prova bem melhor que as duas anteriores, numa prestação ainda insuficiente para chegar aos triunfos. Pelo que se viu, as mudanças na suspensão resultaram, o andamento foi totalmente diferente das duas provas anteriores, terminou o 1º dia na frente, a três troços do fim estava a 7.1s do líder. Não conseguiu melhor que o pódio mas o trabalho teve que ser refeito e as modificações feitas nesta prova, provavelmente, vão já dar frutos no último rali de terra do ano, o Rali de Portugal.

Possivelmente vamos ver os Hyundai a lutar pelo triunfo, ou mesmo a vencerem no Rali de Portugal. Tendo em conta que o andamento de Miguel Correia no asfalto está ainda um pouco abaixo do que já anda na terra, parece-nos evidente que o grande adversário na luta pelo título de Armindo Araújo vai ser Bruno Magalhães, ainda mais se o resultado do Rali de Portugal ajudar. Este 3º lugar foi importante, mas mais do que isso o trabalho feito para o futuro.

José Pedro Fontes/Inês Ponte (Citroën C3 Rally2) foram quartos, confirmando-se o que o próprio piloto já tinha antevisto: na terra, é-lhe muito difícil acompanhar o ritmo de quem luta na frente, mas no asfalto outro galo pode ‘cantar’. A meio do rali já estava a cerca de 30s da frente, e nunca mostrou poder lutar mais à frente. Está claramente à espera do asfalto.

Pedro Almeida/Mário Castro (Skoda Fabia R5 evo) foram quintos, e o piloto fez mais uma prova importante para a sua progressão, mas ainda é cedo para as lutas muito mais à frente. Com este plantel do CPR, a sua bitola anda entre o 5º e o 7º. Precisa ainda de tempo.

Paulo Meireles/Marcos Gonçalves (Hyundai i20 N Rally2) terminaram na sexta posição da geral, fruto duma prova muito bem conseguida. Conseguiram imprimir um ritmo muito interessante que redundou num resultado muito positivo para o piloto, que já não fazia ralis em terra há quase três anos. Notável.

Pedro Meireles/Pedro Alves (Hyundai i20 N Rally2) foram sétimos depois duma prova com dois furos onde deixaram minuto e meio. Uma boa exibição, num resultado que não corresponde ao que andaram. Em condições normais teriam lutado pelo quarto lugar com Zé Pedro Fontes e Pedro Almeida. Agora, com o piloto mais adaptado ao carro, pode fazer bem melhor no Rali de Portugal.

Paulo Neto/Vítor Hugo (Skoda Fabia Rally2 evo) foram oitavos depois duma prova sem grandes percalços, e com bom andamento, mas ainda assim a dupla esperava andar um pouco mais à frente, só que entraram mal no rali, ao cabo de e PE já estavam a quase um minuto da frente. Foram recuperando mas podiam ter terminando um pouco mais à frente.

Daniel Nunes/Nuno Ribeiro (Ford Fiesta Rally3) foram nonos, voltaram a colocar o seu Fiesta entre os R5. Começaram mal com um toque no shakedown, mas o piloto acalmou e fez uma boa prova, desfrutando plenamente das evoluções do carro.

Diogo Salvi e Miguel Ramalho (Skoda Fabia Rally2) fecharam o top 10, o piloto mostrou altos e baixos no ritmo, o que é natural devido ao tempo parado. Veio ganhar ritmo para o Rali de Portugal e isso conseguiu-o em pleno.

Lucas Simões/Nuno Almeida (Hyundai i20 R5) foram sétimos da geral depois duma prova de aprendizagem. É apenas o segundo rali da dupla com o i20 R5, e Fafe foi o que sabemos em termos de meteorologia. Lutou contra pilotos muito mais experientes e terminou à beira do top 10.

Sem contar para o CPR, Rakan Al-Rashed/Hugo Magalhães (Volkswagen Polo GTI R5) terminaram em 12º, mas conseguiram por vezes andar bem dentro do top 10, mas o tempo que perderam na PE5 com um furo, condicionou muito o resultado.

Ricardo Teodósio/José Teixeira (Hyundai i20 N Rally2) terminaram num inglório 13º lugar, muito atrasados e a partir daqui a revalidação do título fica extremamente complicada, ainda que não impossível.

Começaram a prova com bom andamento e nas lutas da frente, mas quando vieram os problemas, com a alavanca da caixa de velocidades, ‘encravada’ em 2ª marcha, e depois um furo, isso atrasou-os imenso. Sem o duplo azar, teriam estado na luta pelo triunfo ou muito perto. O ano não lhe está, definitivamente, a correr-lhes bem.

Gil Antunes/Diogo Correia (Dacia Sandero R4) foram 14º, passaram boa parte da prova com problemas com a pressão do turbo, pelo que não puderam lutar mais à frente.

Grande destaque do rali foram os irlandeses Josh McErlean/James Fulton (Hyundai i20 N Rally2) da Motorsport Ireland Rally Academy, que lideravam o rali à geral até se despistarem no Marão. Apesar de jovem, o piloto conta desde 2019 com sete provas do WRC, no WRC3, o que dá sempre um bom ritmo. Veio preparar o Rali de Portugal, mas despistou-se antes do meio do rali.

Nas duas rodas motrizes, grande luta entre Ricardo Sousa/Luís Marques (Peugeot 208 Rally4) e Ernesto Cunha/Rui Raimundo (Peugeot 208 Rally4), com Ricardo Sousa a levar a melhor depois duma prova muito equilibrada entre ambos.

Depois de Ernesto Cunha ter chegado à liderança na primeira especial do 2º dia de rali, com 8.1s de avanço, a diferença manteve-se no Marão depois do troço ter sido neutralizado, na PE6, Cunha ganhou mais 3.4s ao seu adversário colocando a margem nos 11.5s mas no primeiro troço da tarde Ricardo Sousa ganhou 8.0s ao seu adversário e fez cair a margem para 3.5s. nos dois últimos troços, o piloto da Prolama não deu hipóteses ao seu adversário e agora estão empatados no campeonato, ambos com um triunfo e em 2º lugar.

Manuel Castro/Ricardo Cunha (Skoda Fabia R5 evo) teve de abandonar cedo, depois de ter chegado doente a esta prova. Ainda tentou, mas estava debilitado e o esforço era demasiado. Ricardo Filipe/Fernando Almeida (Ford Fiesta R5) abandonaram depois de um toque no Marão, quando eram 15º do CPR.

Filme do Rali

Revisitando resumidamente o filme da prova, Bruno Magalhães liderava depois da super-especial noturna de Marco de Canaveses Rios de Emoção, com 0.8s de avanço para o irlandês Josh McErlean, numa altura em que havia uma diferença inferior a 5 segundos entre os cinco primeiros classificados, onde se incluíam ainda Armindo Araújo, Miguel Correia e Ricardo Teodósio.

No dia seguinte, à hora de almoço a meio do dia do rali, Miguel Correia assumia a liderança com 7.1s de diferença para Bruno Magalhães depois de uma manhã pródiga em incidências e mudanças no comando. Josh McErlean foi para a frente de Amarante, troço em que Ricardo Teodósio teve problemas com a alavanca da caixa de velocidades. Logo a seguir, McErlean, Armindo Araújo tornou-se no quinto líder do rali com uma vantagem de 9.3s face a Miguel Correia, mas logo a seguir furou, perdendo mais de 20 segundos. Miguel Correia foi novamente para a frente, com 7.1s na frente de Magalhães e 15.3 de Araújo.

Teodósio atrasou-se ainda mais com um furo. De tarde , Miguel Correia entrou com 7.1s de avanço, para Bruno Magalhães com Armindo Araújo a 15.3s, mas o líder do campeonato atacou forte e em dois troços colocou-se no segundo lugar a 1.6s de Miguel Correia. Aí, quem julgou que o jovem piloto da ARC Sport não iria suster a pressão enganou-se, com Miguel Correia a bater Armindo Araújo na última especial e a vencer o seu primeiro rali.

O CPR prossegue dentro de pouco mais de um mês com o Vodafone Rally de Portugal.

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