CPR, Rali de Portugal: Um ‘desempate’ ou uma ‘novidade’?

Por a 16 Maio 2022 12:03

FOTOS ZOOM MotorSport; Go Agency; AIFA

O WRC chega a Portugal, mas ao mesmo tempo realiza-se a quarta prova do ano do Campeonato de Portugal de Ralis. Curiosamente, três provas, três vencedores distintos. Vamos ter repetição de triunfos, ou uma reação de quem precisa de ‘dar ao pedal’ para recuperar?

O Campeonato de Portugal de Ralis chega a uma encruzilhada fulcral para alguns, quase decisiva em termos do que pode redundar a época, e pode também direcionar quase definitivamente o destino deste campeonato no que ao título absoluto de pilotos diz respeito. Mas já lá vamos.

O Rali de Portugal volta a levar o CPR para a zona centro, para os fantásticos troços da Lousã, Góis, Arganil e Mortágua, com o epílogo em Lousada, num dia que se tem mostrado muito complicado, já que ao contrário dos dois restantes do Rali de Portugal, o primeiro não tem assistência a meio, simplesmente um zona de mudança de pneus, o que coloca dificuldades acrescidas à prova.

O facto dos concorrentes do CPR passarem depois dos concorrentes dos Rally1 e WRC2, os troços vão ser algo bem diferentes do que os primeiros na estrada vão encontrar e esse é um dado a ter (muito) em conta.

Se olharmos para o palmarés recente desta prova, não há forma de dourar a pílula: Armindo Araújo é o claro favorito a vencer, pois já o faz nesta prova, no CPR, desde que regressou aos ralis em 2018. O que tem variado são os pilotos nos restantes lugares do pódio, mas quando procuramos um possível vencedor, esta é daquelas provas em que as apostas não são complicadas de fazer.

Contudo, e como já bem sabemos há muito, os ralis são como os melões, não há como saber o que ‘valem’ sem que sejam ‘abertos’ primeiro, e nesse contexto, muita coisa pode acontecer. É óbvio que podemos apontar tendências, mas há tantas incógnitas que, literalmente, tudo pode acontecer.

Estão inscritos 18 concorrentes, com o CPR a medir forças novamente numa prova internacional. Fafe e Açores contaram para o Europeu de Ralis, e o Rali Terras D’Aboboreira, para o European Rally Trophy-ERT Iberian Rally Trophy. O pináculo é agora com o Vodafone Rally de Portugal e o WRC.

Ao contrário do que sucedeu na prova anterior, por exemplo, as equipas podem contar com o exato mesmo percurso de 2021, as únicas novidades são mesmo os 2,82 Km da Super Especial de Coimbra, e a nova Mortágua Arena, do troço com o mesmo nome.

No campeonato, Armindo Araújo obteve um triunfo e dois segundos lugares, e com isso lidera o campeonato com nove pontos de avanço para um surpreendente Miguel Correia, que se estreou a vencer no último rali, na Aboboreira. Se de Armindo Araújo ninguém duvida que vai lutar por novo triunfo no Rali de Portugal, no CPR, depois de ter vencido as três edições anteriores, já a Miguel Correia não correu nada bem esta prova o ano passado, já que desistiu por acidente logo na PE2 em Góis. Só que este ano chega a esta prova ainda mais motivado, porque ganhou na Aboboreira, e este ano já conhece melhor as armadilhas que tem pela frente. Se for capaz de dosear o andamento, resguardando-se nas zonas mais complicadas, é bem capaz de voltar a obter um grande resultado. Contudo, nenhuma das equipas do CPR pode esquecer que esta prova é muito mais de gestão, do que ataque a fundo. É precisamente nesse equilíbrio que está o segredo e Armindo Araújo sabe fazê-lo na perfeição.

Bruno Magalhães assegurou três pódios, correspondentes a três terceiros lugares, mas é também nesta prova um forte candidato a vencer, o que já fez no passado, no Rali de Portugal a Sul. O ano passado teve, desde cedo problema no seu Hyundai. Este ano tem um carro novo, os problemas de suspensão estão aparentemente resolvidos, pelo que se tudo estiver ‘normal’ vai andar na luta, o mesmo se aplicando ao seu colega de equipa, no Team Hyundai Portugal, Ricardo Teodósio, que depois de ter sido campeão o ano passado, a época de 2022 tem sido muito complicada, com azares de vária índole, que não matam mas moem.

Por isso é apenas nono no campeonato, com um abandono nos Açores, um sexto lugar em Fafe e um 12º na Aboboreira.

Não há mal que sempre dure, e apesar da revalidação do campeonato ser agora quase uma miragem, há ralis para vencer, e ‘este’ fica muito bem no palmarés.

Tem andamento e experiência para isso, numa prova sem assistência durante todo o dia, vamos ver como lhe corre.

Aliás, esta questão de não haver assistência a meio do dia, num rali de piso ‘lavrado’ pela passagem da caravana do WRC, será fulcral nas contas, e se a sorte e o azar têm aqui uma boa dose de importância, a forma como os pilotos vão abordar a prova pode ser decisiva. Em nada nos admirávamos que quem tivesse um pouco mais de paciência, pudesse colher os louros no fim, mas por outro lado, nunca se podem deixar crescer as distâncias para números difíceis de recuperar e é neste limbo que está a beleza da prova.

José Pedro Fontes obteve até aqui dois quartos e um quinto lugar. É a sua posição hoje em dia nos ralis de terra. Contudo, nesta prova, isso pode jogar a seu favor, já que sabendo que não tem andamento para lutar na frente do CPR, mas como também nunca anda muito longe, pode gerir a sua prova e depois colher os frutos disso mesmo. Contudo, para vencer, tem de andar mais do que tem feito nas provas anteriores. Será capaz?

Pedro Almeida tem aqui mais uma prova para se chegar um pouco mais à frente, e vai continuar a tentar encurtar a sua diferença para quem luta mais à frente.

Pedro Meireles estreia-se no Rali de Portugal com o seu novo Hyundai i20 N Rally2, sendo também candidato a um lugar no pódio, pois está agora já bem mais ligado ao seu novo carro.

Lucas Simões estreia-se no Rali de Portugal, e esta vai ser para si uma prova de descoberta. Neste momento, o que precisa é ganhar experiência, aprender, as coisas têm estado a correr bem e é importante completar o rali para acumular essa experiência. Diogo Salvi volta a uma prova que lhe costuma correr bem e onde já obteve bons resultados. É um piloto de endurance e isso pode valer-lhe um bom resultado.

O plantel dos Rally2 completa-se com Manuel Castro, Ricardo Filipe, Paulo Caldeira, para além dos concorrentes das duas rodas motrizes que têm nesta prova um rali bem complicado pela frente, não só pela extensão dos troços, mas também devido ao previsível mau piso que vão encontrar, tratado-se ainda mais de um rali de sobrevivência ao invés de rapidez. Nas 2RM são cinco os heróis: Ernesto Cunha, Ricardo Sousa, Luís Morais, José Loureiro e Paulo Roque, que, logicamente, fazem também parte do plantel da Peugeot Rally Cup Ibérica, que conta com 14 concorrentes, que é para já liderada por Diego Ruiloba, oito pontos na frente de Ernesto Cunha. No Rali de Portugal realiza-se também a terceira prova do Toyota Gazoo Racing Iberian Cup, competição que tem dois portugueses na frente ao cabo de duas provas, Miguel Campos e Ricardo Costa.

Paralelamente ao CPR, há sempre um conjunto grande de concorrentes portugueses que lutam também pelo posto de ‘Melhor Português’ na prova, palmarés que é liderado por Armindo Araújo, que já venceu 10 vezes na sua carreira. Tudo começou em 2003 e 2004 com o Citroën, em 2005, 2006, 2009 e 2010, com o Mitsubishi, em 2012, com o Mini, 2018, 2019 com o Hyundai e em 2021 com o Skoda Fabia Rally2 evo.

Campeonato ao cabo de três provas: 1º Armindo Araújo, 72 pontos; 2º Miguel Correia, 63; 3º Bruno Magalhães, 54; 4º José Pedro Fontes, 40; 5º Pedro, Almeida 33; 6º Ricardo Moura, 28; 7º Paulo,Neto 22; 8º Pedro Meireles, 16; 9º Ricardo Teodósio, 11; 10º Paulo Meireles, 10.

Horário/Programa

DIA 1, Quinta-Feira, 19 de maio

PE1 SSS Coimbra 2.82 km 19:03

DIA 2, Sexta-Feira, 20 de maio

PE2 Lousã 1 12.03 km 08:08

PE3 Góis 1 19.33 km 09:08

PE4 Arganil 1 18.72 km 10:08

PE5 Lousã 2 12.03 km 12:31

PE6 Góis 2 19.33 km 13:31

PE7 Arganil 2 18.72 km 14:38

PE8 Mortágua 18.16 km 16:05

PE9 SSS Lousada 3.36 km 19:03

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