Como foram os últimos 10 anos do Rali da Madeira

Por a 2 Agosto 2024 15:54

Relembrar os acontecimentos dos últimos anos no Rali da Madeira pode oferecer valiosas pistas sobre o que esperar neste ano. É claro que todos os anos a prova apresenta as suas ‘nuances’, mas analisando os desempenhos e acontecimentos anteriores, podemos identificar padrões de vencedores e equipas dominantes, bem como prever possíveis surpresas e desafios.

Os pilotos que se destacaram anteriormente tendem a manter uma performance consistente, e mesmo irem melhorando, e as condições da estrada, variam a cada edição, mas também existem padrões de meteorologia, por exemplo, que influenciam muito os resultados.

Portanto, uma retrospetiva dos eventos passados é fundamental para antecipar os potenciais desfechos e os protagonistas que poderão brilhar nesta edição.

Por isso, recordamos o essencial dos últimos 10 da prova madeirense.

Há 10 anos, em 2014, o evento ficou marcado pela terceira vitória de Bruno Magalhães, mas o piloto de Lisboa teve que suar as estopinhas, pois teve um rali cheio de sobressaltos.

Em 2015, Bruno Magalhães chegou às quatro vitórias no Rali Vinho Madeira, uma prova que foi muito emotiva e conheceu cinco líderes.

Na temporada de 2016, José Pedro Fontes obteve a sua primeira vitória no Rali Vinho Madeira. No asfalto madeirense, o campeão nacional não se deixou afetar pelo incidente da pedra que envolveu Bruno Magalhães e levou ao cancelamento da 18ª especial. Pelo contrário. Entrou ao ataque e ganhou a derradeira classificativa. Subiu a segundo e ‘receberia’ a vitória já no Funchal.

2017 foi o ano em que Alexandre Camacho se estreou a vencer o Rali Vinho da Madeira depois de um intenso despique com Giandomenico Basso e Miguel Nunes. Piloto do Citroën DS3 R5 cumpriu sonho de criança numa edição onde Basso e João Silva também subiram ao pódio.

Na edição de 2018, Alexandre Camacho dominou o Rali Vinho Madeira praticamente em toda a sua extensão com o campeão madeirense a vencer 16 das 19 classificativas.

O ano de 2019 ficou marcado pelo facto de Alexandre Camacho vencer pela terceira vez consecutiva o Rali Vinho da Madeira. Estreante na prova, ‘Pepe’ Lopez foi uma agradável surpresa e o maior opositor do piloto madeirense.

Em 2020 Miguel Nunes cumpriu o sonho de vencer o ‘seu’ Rali da Madeira, , numa prova em que Bruno levou a melhor entre os concorrentes do CPR, Pepe Lopéz foi ao pódio e Pedro Paixão brilhou.

Em 2021 Alexandre Camacho juntou o seu nome a um clube restrito de pilotos que venceram o Rali Vinho da Madeira em quatro ocasiões numa prova dramática em que Miguel Nunes esteve na frente até à penúltima classificativa.

O ano de 2022 foi trágico, com a morte de uma jovem espectadora, o que ensombrou a prova, que foi ganha por Alexandre Camacho, que venceu pela 5ª vez.

Em 2023, grande prova de Alexandre Camacho, que viu Kris Meeke e Giandomenico Basso liderarem na fase inicial do rali, passando para o comando da prova na PE4, quando Meeke ficou fora de prova, não mais dando grandes hipóteses à concorrência ainda que Giandomenico Basso andasse quase sempre por perto.

2023: Alexandre Camacho vence Rali Vinho da Madeira

Alexandre Camacho/Pedro Calado (Skoda Fabia Evo Rally2) vencem o Rali Vinho da Madeira com o piloto madeirense a triunfar pela sexta vez no evento. Terminam com 20.6s de avanço para Giandomenico Basso/Lorenzo Granai (Skoda Fabia Evo Rally2) com José Pedro Fontes/Inês Pontes (Citroen C3 Rally2) a terminarem no pódio, triunfando entre os concorrentes do CPR.

Quarto posto para Simone Campedelli/Tania Canton (Skoda Fabia Evo Rally2), que terminam na frente de Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia RS Rally2), segundos do CPR, na frente de Diego Ruiloba/Angel Vela (Citroen C3 Rally2), que obtém um belo resultado na sua 1ª vez no Rali da Madeira.

Ricardo Teodósio/José Teixeira (Hyundai I20 N Rally2) terminam em sétimo, terceiros do CPR, na frente de Miguel Correia/Jorge Carvalho (Skoda Fabia Evo Rally2), sétimos,

com Pedro Meireles/Pedro Alves (Hyundai I20 N Rally2), Bernardo Sousa/José Janela (Citroen C3 Rally2) e Paulo Meireles/Marcos Gonçalves (Hyundai I20 N Rally2) a completarem o top 10.

Grande prova de Alexandre Camacho, que viu Kris Meeke e Giandomenico Basso liderarem na fase inicial do rali, passando para o comando da prova na PE4, quando Meeke ficou fora de prova, não mais dando grandes hipóteses à concorrência ainda que Giandomenico Basso andasse quase sempre por perto. Hoje, entrou ao ataque, aumentou um pouco a margem, e na primeira passagem pela Calheta, praticamente decidiu a prova ao colocar a margem em 14.2s. De tarde, controlou não dando a mais pequena hipótese ao italiano, que ainda assim deu uma excelente réplica, pois o conhecimento do piloto madeirense dos troços é muito grande e só o maior ritmo que Basso tem, não chega numa prova tão específica como é a Madeira.

A dupla José Pedro Fontes/Inês Ponte (Citroen C3 Rally2) sagrou-se, este sábado, vencedora da sexta prova do Campeonato de Portugal de Ralis) e ao mesmo tempo foram terceiros classificados à geral no Rali Vinho da Madeira. Fizeram uma boa prova, encontraram o equilíbrio certo entre tentar manter o contacto com a dianteira da prova, e a liderança do CPR e quando perderam alguns segundos, o piloto teve o discernimento certo para não arriscar demais num triunfo à geral, ficando com o terceiro lugar e o triunfo no CPR com fortes hipóteses de chegar ao terceiro título nacional de ralis.

Líder do CPR desde sexta-feira, José Pedro Fontes manteve um bom ritmo e já sem ambições de discutir o primeiro lugar absoluto, centrou-se apenas no campeonato, para somar a sua primeira vitória da temporada. “Foi um excelente resultado e uma ótima operação a nível de CPR no que toca à luta pelo primeiro lugar, pois ainda restam duas provas de asfalto para o termo da época e estamos na disputa de um campeonato que queremos ganhar”, declarou o piloto da Citroen.

Simone Campedelli/Tania Canton (Skoda Fabia Evo Rally2) fizeram a prova esperada para quem se estreou na Madeira o ano passado. Andaram num bom ritmo, mas ficou sempre claro que não dava para mais.

Ainda a adaptar-se melhor ao Skoda que estrearam no Rally de Lisboa, Armindo Araújo (Skoda Fabia RS Rally2) foram quintos da geral, segundos do CPR, e com este resultado continuam na luta para tentar chegar ao título, o que há uns meses se pensava impossível, mas que fruto dos acontecimentos continua a ser uma boa possibilidade, nem sequer sendo preciso qualquer ‘milagre’. O facto do tempo passar e continuarem na luta, faz crescer as suas possibilidades pois o período de adaptação ao carro já se processou sem que perdessem demasiado.

Neste rali, tiveram azar com as escolhas de pneus no primeiro dia e com o tempo perdido era muito difícil conseguir melhor, e arriscar para lá chegar numa prova como esta costuma ser má opção. Veja-se o que sucedeu a Kris Meeke, que foi para a frente do rali, mas tendo que andar no limite do risco, o que infelizmente acabou por correr mal ao piloto da Hyundai.

A discussão do segundo lugar entre Armindo Araújo e Ricardo Teodósio (Hyundai i20 N Rally2) revelou-se interessante e durou toda a etapa. Este último começou na frente, mas antes da pausa de almoço já o seu rival estava na dianteira, para depois confirmar que era mais forte: “No primeiro dia errámos na escolha de pneus, mas hoje e sem problemas fomos aumentando o ritmo, conseguindo bons tempos, o que nos deixa bastante satisfeitos. Foi um rali em crescendo, que nos deixa boas perspetivas para o futuro…”, confessou o campeão nacional em título, ao passo que Teodósio se revelava conformado: “Demos um ‘toque’ na penúltima classificativa e o carro ficou bastante desalinhado. De qualquer modo,o balanço acaba por ser positivo, dado que ganhámos pontos ao nosso adversário direto e creio que estamos no bom caminho”

Embora mais rápido que no primeiro dia, o líder do CPR, Miguel Correia, não logrou recuperar posições, dada a diferença que o distanciava, tanto de Armindo como de Teodósio, mas nem por isso deixou de conservar a primeira posição no campeonato. “Este não é o resultado que esperava, mas continuamos na liderança do CPR. Nada está perdido, mas teremos que trabalhar muito para os dois próximos ralis”, declarou o piloto da Socicorreia.

Pedro Meireles (Hyundai i20 N Rally2) cumpriu o objetivo de rodar e fazer quilómetros na sua primeira prova de asfalto da temporada, bem ao contrário de Bernardo Sousa (Citroen C3 Rally2) que depois de ter batido no primeiro dia e ser penalizado em 2 minutos fez a recuperação possível, conseguindo o “top 10”.

Paulo Meireles (Hyundai i20 N Rally2) cumpriu, igualmente, a sua “missão” de adquirir rodagem para as duas provas de asfalto que restam, um pouco à semelhança de Paulo Neto (Skoda Fabia Rally evo), em busca de confiança… depois de duas desistências consecutivas [Rally de Lisboa e Rali de Castelo Branco] por despiste.

No CPR 2RM (duas rodas motrizes), o triunfo foi para João Silva/João Paulo (Peugeot 208 Rally4) que bateram Pedro Antunes/Vitor Oliveira (Peugeot 208 Rally4) por 23.7s com Sergi Pérez/Lorena Romero (Peugeot 208 Rally4) em terceiro a 38.3s, e Vítor Sá/Victor Calado (Peugeot 208 Rally4) em quarto.

Hugo Lopes/Tiago Neves (Peugeot 208 Rally4) surgem em quinto e venceram para o CPR, dominando de fio a pavio na sua estreia nas classificativas de asfalto madeirenses. Terminaram com uma diferença de 18.6s para o estónio Joosep Nogene (Peugeot 208 Rally4), outra surpresa numa prova bastante competitiva.

E se Ricardo Sousa (Peugeot 208 Rally4), à semelhança de Lopes, também conseguiu, com o terceiro lugar final, um bom resultado a nível de campeonato, a grande reviravolta sucedeu ainda antes de terminada a “ronde” pelas quatro classificativas do dia, quando Kevin Saraiva, que discutia o segundo lugar com Nogene, ficou atravessado numa zona crítica e sem que alguém tivesse avisado o concorrente seguinte (Ernesto Cunha), este acabou por não evitar a colisão.

De uma assentada, Saraiva (3º) e Cunha (4º) ficavam pelo caminho, depois de já antes Rafael Cardeira também ter sido forçado a desistir, devido a sobreaquecimento no motor do Renault Clio 3RT.

Gonçalo Henriques (Renault Clio Rally4) saltou, deste modo, para a quarta posição final, na frente do ucraniano Anton Korzun (Peugeot 208 Rally4)e de Manuel Pereira (Peugeot 208 Rally4).

2022: 5ª vitória de Alexandre Camacho

Alexandre Camacho fez história no Rali Vinho Madeira ao tornar-se no primeiro piloto a alcançar cinco triunfos à geral. José Pedro Fontes foi ao pódio e venceu no CPR. Miguel Nunes foi segundo e tem o título à vista….

O Rali Vinho Madeira reuniu uma muito boa lista de inscritos mas praticamente todos eram unânimes que o futuro vencedor deveria ser um dos especialistas locais, Alexandre Camacho e Miguel Nunes, ambos em Skoda Fabia Rally2 Evo.

No entanto, era aguardada com expetativa a prestação de pilotos como Bruno Magalhães e José Pedro Fontes, anteriores vencedores da prova, e tradicionalmente muito fortes na estradas da ilha.

Permanecia a dúvida do potencial do italiano Simone Campedelli, por vezes muito forte em provas de asfalto mas desconhecedor dum terreno tão específico como são as estradas da Madeira.

Em ambiente de festa e após dois anos de ausência devido à pandemia, a super-especial da Avenida do Mar abriu o programa na tarde de quinta-feira. Todos os candidatos obtiveram boas marcas mas foi Bruno Magalhães, que conquistou um novo recorde para aquele percurso, a ser o comandante após o primeiro dia de competição. Faltava, contudo, a chegada às classificativas ‘normais’ e a tradicional lotaria da escolha de pneus para a primeira ronda pelas zonas do Santo da Serra e Poiso, entre piso molhado, húmido e seco, a acontecer na manhã do dia seguinte.

Com o estado de algumas zonas de Campo de Golfe a aconselhar cautela, Alexandre Camacho atacou forte e ficou a apenas 0,1s do comando ainda detido por Magalhães. Apesar de ser Miguel Nunes, que vinha algo atrasado, a ser o mais rápido em Palheiro Ferreiro, Camacho assumiu a liderança ao cabo de três classificativas disputadas.

Nunes foi novamente o mais rápido na segunda passagem pelo Campo de Golfe mas o guia da classificação aumentava o seu avanço para o seu mais direto perseguidor.

A segunda ronda pelo Palheiro Ferreiro, a especial mais longa do programa, veio trazer alguma confusão até ao final da 1ª etapa.

O espanhol Alejandro Cachon, presente com o seu habitual Citroën C3 Rally2, teve um acidente na parte final do troço e os pilotos que o sucediam na estrada eram Nunes e Camacho. O primeiro perdeu 11,3 segundos e o segundo venceu a classificativa. Posteriormente, ao fim do dia, viria a se saber que Magalhães reassumiu o comando nessa ocasião devido à penalização (ler em separado) dada pelo CCD aos madeirenses mas, na altura e no cenário enfrentado pelos concorrentes, era Camacho quem estava cada vez mais na frente.

O piloto do carro com as cores das Vespas, aí se manteve até à penúltima classificativa do dia. Com os pilotos a calçarem as suas viaturas com borracha dura devido às altas temperaturas do asfalto abrasivo local, no norte da ilha começaram a surgir algumas nuvens e, na última prova especial da etapa, Cidade de Santana 2, choveu, o piso ficou molhado e a visibilidade era mais reduzida devido a algum nevoeiro.

Com os pneus Michelin a terem uma mistura mais mole que os Pirelli da concorrência, Bruno Magalhães foi muito eficiente e ganhou entre 14 e 34 segundos aos pilotos com quem vinha discutindo as primeiras posições. O piloto do Hyundai i20N Rally2 ficava, ao final do segundo dia de competição, novamente na frente.

Quem também começava a rodar muito forte nessa fase era José Pedro Fontes com o seu Citroën C3 Rally2, terceiro a quase 25 segundos do comandante de então.

Já com as penalizações averbadas aos protagonistas madeirenses a serem do conhecimento público, Magalhães arrancou para a segunda e última etapa com uma vantagem de 19,3 segundos para Alexandre Camacho e 43,3 segundos para Miguel Nunes.

Entre os locais estavam José P. Fontes a 24,8 e Armindo Araújo a 33,4 segundos. No entanto, a temperatura era alta e o asfalto estava ainda mais abrasivo. Magalhães não usava a mistura mais dura da Michelin e rapidamente começou a perder muito tempo.

O piloto da Hyundai ainda conseguiu manter o comando durante três especiais, mas acabou por ceder a dianteira a Camacho na última das quatro classificativas cumpridas em dupla passagem no dia.

Magalhães voltou a ceder bastante terreno ao líder no troço cronometrado seguinte e quem se aproximava bastante de si era Miguel Nunes com o Skoda da Lotus. O campeão madeirense em título nem viria a ‘saborear’ a ultrapassagem pois cedeu um dos rolamentos do Hyundai, que perdeu uma roda e qualquer hipótese de prosseguir em prova em Ponta do Sol 2. Os dois lugares mais altos pódio ficavam assim entregues àqueles que todos vaticinaram como os mais fortes candidatos ao triunfo.

Alexandre Camacho pode festejar, no contexto triste em que encerrou o evento, o facto de ser, até agora, o único piloto a conseguir vencer em cinco ocasiões a prova organizada pelo Club Sports da Madeira.

Miguel Nunes cometeu a proeza de ser o mais rápido em todas as classificativas do dia, e em onze no percurso total, consolidou a segunda posição e anulou, com o sistema de bonificação existente no campeonato local, a vantagem pontual de que o seu rival poderia beneficiar com a vitória.

O lugar mais baixo do pódio ficou na posse de José Pedro Fontes, que se mostrou bastante rápido nos últimos dois terços da corrida com o Citroën C3 Rally2. O piloto ainda foi o melhor numa prova especial mas, contudo, nunca se mostrou em condições de poder lutar por um dos seus objetivos que era revalidar o triunfo alcançado em 2016.

Ficou, contudo, a alegria daquela que foi uma vitória no que toca ao campeonato nacional da modalidade.

Quarto, Armindo Araújo realizou uma prova com uma toada consistente mas raramente revelou ser capaz de entrar em luta com os dois pilotos do CPR que rodaram durante muito tempo na sua dianteira. Logo atrás, Bernardo Sousa foi autor de alguns bons tempos mas utilizou este evento para ganhar rodagem com o Citroën C3 Rally2 com que enfrentará a restante temporada.

O madeirense já antes da prova se queixava da sua falta de ritmo, quando comparado àquela que será a sua concorrência nos próximos meses. Bom final de rali realizou Miguel Correia que demorou algum tempo a se entrosar com as muito exigentes e específicas provas especiais da ilha. O piloto do Skoda Fabia Rally2 Evo ultrapassou já muito perto da meta Ricardo Teodósio, sétimo, em mais uma participação na Madeira em que não mostrou a competitividade que costuma exibir nas tiradas continentais ou açorianas do calendário.

O oitavo classificado foi Simone Campedelli com o Skoda Fabia Rally2 Evo calçado com pneus da indiana MRF. O italiano saiu do primeiro dia na segunda posição mas perdeu muito tempo na manhã de sexta-feira com problemas no acelerador da viatura cedida pela portuguesa The Racing Factory. Uma vez resolvida a anomalia, Campedelli foi assinando alguns muito bons tempos na sua estreia no arquipélago e foi recuperando posições pois chegou a ser 16º a meio da primeira etapa. Prometeu voltar com maior experiência e ansioso para disputar um lugar no pódio.

Também presente no Rali Vinho Madeira esteve Emma Falcon com um Citroën C3 Rally2. A espanhola, que já não corria há alguns meses, acusou alguma falta de ritmo mas, mesmo nessas condições, conseguiu bater- se bater com pilotos também ao volante de viaturas do mesmo agrupamento.

2021: quatro vitórias de Alexandre Camacho

Alexandre Camacho juntou o seu nome a um clube restrito de pilotos que venceram o Rali Vinho da Madeira em quatro ocasiões. Miguel Nunes esteve na frente até à penúltima classificativa.

Nos dias que antecederam o Rali Vinho da Madeira todos vaticinavam uma 62ª edição daquele evento plena de emoção e, à semelhança dos outros ralis já disputados este ano no arquipélago, de cortar o fôlego. Esta organização do Club Sports da Madeira ficou marcada por condições climatéricas em constante mutação, algo que se aplicou aos vários momentos competitivos da prova e também às sensações vividas pelos concorrentes e muitos adeptos que todos os anos fazem questão de não perder pitada de um rali que marca a agenda geral na ilha.

Após várias semanas de canícula, a disputa do Qualifying trouxe chuva e algum frio e essas condições climatéricas trouxeram ainda mais incerteza à prova. Tal facto obrigou mesmo a que os principais candidatos ao triunfo tenham montado uma grande operação logística em que despontavam vários batedores a aferir as condições das classificativas e observadores meteorológicos a fornecer à altura e previsíveis do clima mesmo em cima da hora da escolha de pneus em cada ida ao parque de assistência.

Com os pilotos madeirenses a terem, discutido os ralis anteriores ao décimo de segundo, a disputa da primeira secção trouxe mesmo algum desânimo a todos aqueles que esperavam um rali intenso. Na base desse sentimento o domínio exercido por Miguel Nunes e pelo seu Skoda Fabia Rally2 Evo. O piloto da Play, com as melhores escolhas de acertos e pneus, foi o melhor em todas as quatro provas especiais e passou a contar com um avanço de 18,3 segundos sobre o seu mais direto rival, Alexandre Camacho em viatura idêntica.

Se tal vantagem gerou júbilo nos adeptos de Nunes, gerou-se entre os restantes um certo desalento e isso mesmo espelhava Camacho na passagem posterior pela assistência. No entanto, o piloto das Vespas acabou reagindo e com uma escolha mais acertada e uma postura algo conservadora do seu rival, conseguiu reduzir a sua desvantagem em 7 segundos na segunda passagem por Campo de Golfe, Palheiro Ferreiro, Boa ventura e Cidade de Santana. Apesar da margem ainda considerável, tudo ficava em aberto para a segunda etapa.

No começo da manhã de sábado, Miguel Nunes defendeu-se bem e aumentou em 2,1 segundos o seu avanço. Viria então aquele que poderá ser considerado o ponto fulcral da prova. Na disputa de Ponta do Pargo 1, Alexandre Camacho inverteu a tendência anterior e no troço cronometrado seguinte, Rosário 1, “roubou” ao seu adversário 6,3 segundos e reduziu para metade o avanço de Nunes. Tudo ficava em aberto para a 4ª e última secção.

Motivado pelo seu ascendente, o piloto das Vespas foi encurtando paulatinamente a sua diferença para a frente e à entrada da última prova especial, condicionada por chuva inesperada, a vantagem de Nunes era de apenas 1,7 segundos. De um lado e de outro, a expetativa era grande e até mesmo o sistema de cronometragem da prova ia abaixo com tantas solicitações.

Exatamente por isso, todos estavam “presos” às transmissões radiofónicas e televisivas em direto. As imagens da RTP Madeira acabaram por revelar o futuro vencedor quando o Skoda com as cores das Vespas foi o primeiro a aparecer. Surgiu depois a viatura da Play com uma roda arrancada. Miguel Nunes havia dado um toque após um pião e, mesmo tendo chegado ao final da classificativa, seria forçado a desistir devido à longa ligação ao final do itinerário Comum.

Na equipa de Alexandre Camacho a explosão de alegria fazia todo o sentido. Não só o seu piloto conseguia o seu quatro triunfo no evento e juntava o seu nome aos de Américo Nunes, Fabrizio Tabaton, Andrea Aghini, Giandomenico Basso, e Bruno Magalhães como seta acabou sendo uma justa recompensa para a sua inegável velocidade mas também a persistência e o ânimo demonstrado mesmo quando, cerca de 36 horas antes, tudo parecia perdido quanto a um objetivo afinal conquistado.

Outro piloto madeirense tido como favorito, Pedro Paixão arrancou mal e depois furou, caindo para o nono lugar. O piloto do Skoda Fabia Rally2 Evo da elps foi se queixando de uma prova muito difícil mas mesmo assim conseguiu recuperar durante a última secção até ao quarto posto. Os seus problemas deixaram caminho livre para que um dos mais cobiçados lugares fosse o terceiro, que chegou a ser ocupado tanto por Armindo Araújo como por Ricardo Teodósio, ambos em viatura similar à tripulada por Paixão.

Com a desistência de Miguel Nunes, essa posição ganhou maior relevo pois simbolizou ser segundo na prova e quem surgiu em melhor plano para a conquistar foi Bruno Magalhães. Apesar de o seu Hyundai 1 20 R5 já não ser uma das viaturas mais atuais do plantel e de ter mesmo errado algumas escolhas de pneus, o piloto de Lisboa mostrou porque é considerado um dos “reis” deste rali. Logo atrás, José Pedro Fontes subiu ao pódio depois de uma presença algo irregular numa prova em que habitualmente é mais fortye com o seu Citroën C3 Rally2.

Boa estreia na Madeira teve Jan Solans. Com a dura tarefa de descobrir com o Citroën C3 Rally2 o traçado de um evento em que o conhecimento do terreno é determinante, o jovem espanhol conheceu ainda alguns problemas mas mostrou a sua velocidade em classificativas em que os seus adversários passaram menos vezes. Chegou a rodar logo atrás dos “especialistas”, caiu posições com um toque e algumas anomalias mas foi capaz de regressar ao lote dos cinco primeiro lugares, uma das metas estabelecidas.

2020: Miguel Nunes cumpre sonho

Há muito que Miguel Nunes e João Paulo perseguiam o sonho de vencer o ‘seu’ Rali Vinho da Madeira. Foi agora, e merecidamente. Bruno e Carlos Magalhães levaram a melhor entre os concorrentes do CPR, numa prova em que Pepe Lopéz foi ao pódio e Pedro Paixão brilhou.

Há muito que os pilotos madeirenses dão cartas na ‘sua’ prova, e um dos pilotos que há muito perseguia o sucesso, era Miguel Nunes. Já tinha estado perto mais do que uma vez, mas por um motivo ou outro o objetivo não era concretizado. Chegou a hora, e com total merecimento. Miguel Nunes e João Paulo (Skoda Fabia R5 Evo) levaram de vencida o Rali Vinho Madeira, depois de um rali em que passaram 75% a ser pressionados, reagindo sempre bem aos ataques doutra dupla de destaque desta prova: Pedro Paixão/Luis Rodrigues. Como sempre, o Rali Vinho Madeira tem mais vencedores, pois com a prova a contar para o Campeonato de Portugal de Ralis, este é outro grande pólo de interesse deste evento, embora nesse aspeto várias condicionantes tenham levado a que Bruno Magalhães e Carlos Magalhães (Hyundai I20 R5) tenham vencido com algum à vontade, pois cedo se destacaram dos seus ‘pares’ continentais. Mas já lá vamos.

O Clube Sports Madeira está de parabéns, já que coloco u de pé um evento complicado, em tempos difíceis, mas o plano foi seguido À risca e não há sinal de problemas, se bem que a perfeição não existe. As imagens que fomos vendo mostravam muitos milhares de pessoas na estrada, muitas delas, arriscamos a grande maioria, de máscara. A festa não se pode fazer como noutros anos, mas nem por isso deixou de haver.

Em termos desportivos o principal destaque vai para Miguel Nunes e João Paulo, autores duma prova exemplar, lideraram do princípio ao fim, ganharam metade dos troços do rali, quase todos na fase em que o vencedor ainda era incerto. Não ocmeteram erros, fizeram as escolha táticas certas e por isso venceram. É verdade que ficaram pelo caminho, mas temos que destacar fortemente a prestação de Pedro Paixão, um piloto que não nos cansamos de escrever que merecia ter apoios para dar sequência à sua carreira, pois fazer o que fez depois de tanto tempo parado, é exemplar. Se não fosse o motor do Skoda ceder, não sabemos, sinceramente até onde conseguiria levar a pressão a Miguel Nunes e João Paulo. Chegou a estar somente a sete segundos, um pouco antes do motor começar a apresentar problemas. É verdade que na Ponta do Pargo 1, Miguel Nunes ‘arrasou’ toda a concorrência direta, mas logo a seguir o motor do Skoda de Paixão cedeu e nunca saberemos o que poderia acontecer nos cinco troços seguintes. Uma bela prestação do jovem Pedro Paixão, um talento que tem de se manter na estrada a competir.

Sequência de Camacho terminou

Sem culpa dos azares à sua frente, no segundo lugar final a 13.1s dos vencedores ficaram Alexandre Camacho/Pedro Calado (Citroën C3 R5), que depois de três triunfos seguidos na ‘sua’ prova, a Covid-19 trocou-lhes as voltas, pois o arranque tardio do Campeonato da Madeira de Ralis, na Calheta há três semanas, uma prova em que fizeram apenas um troço antes de sair de estrada, impediu que a dupla chegasse ao Rali da Madeira com uma melhor adaptação e conhecimento do seu novo carro, fator que foi decisivo no desfecho, já que Miguel Nunes cedo ganhou ascendente, enquanto Alexandre Camacho andou sempre atrás do prejuízo, sem nunca conseguir reverter a situação, pois Miguel Nunes fez uma prova muito inteligente fazendo a diferença, como já referimos, na PE11, Ponta do Pargo 1, que ‘aviou’ toda a concorrência com 4.9s e 5.1s, colocando a margem para cima dos 10 segundos.

Depois de ter chegado ao fim do primeiro dia com 9.0s de avanço, ao triunfo claro desta especial juntaram-se depois os problemas de Pedro Paixão na PE12, passando a margem de 11.9s para 19.7s. A luta pelo triunfo acabava aí e para piorar as coisas, Paixão já não saiu da assistência, algo que o motor do Skoda a funcionar em três cilindros já deixava antever. Até aqui o rali foi super interessante na luta pela liderança.

Pepe Lopez/Borja Rozada (Citroen C3 R5) terminaram no pódio, após uma prova em que, ao contrário do ano passado, nunca estiveram em posição de lutar na frente. Logo na PE2 o espanhol perdia o segundo lugar, na seguinte já estava em quarto, pouco depois, em quinto, e por aí foi ficando enquanto a diferença para os primeiros se avolumava. Nunca teve o carro afinado para fazer melhor, e tem capacidade para isso. Chegou ao pódio por dois motivos. Porque Bruno Magalhães não tentou sequer lutar pela posição pois o seu interesse era única e exclusivamente o CPR, e porque Paixão desistiu.

Bruno Magalhães foi o melhor do CPR

Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai I20 R5) foram quartos classificados e fizeram um boa operação para o campeonato, pois o líder, Armindo Araújo, começou logo a condicionar esta prova quando bateu no Rali da Calheta, e não foram além da terceira posição no CPR, o que permitiu ao piloto do Hyundai recuperar muitos pontos no campeonato, quando este ainda nem sequer chegou a meio. A dupla da Hyundai, depois de chegar ao fim do primeiro dia de prova com 22.8s de avanço, passou a controlar o andamento, minimizando os riscos de qualquer eventual azar. Com dois segundos lugares e uma vitória, Bruno Magalhães tem agora uma margem marginal para Armindo Araújo, que ainda lidera o campeonato, mas o que até aqui parecia um forte embalo do piloto do Skoda, o azar que teve na Madeira, fez recuar tudo quase para a estaca zero.

Bom quinto lugar para João Silva/Victor Calado (Skoda Fabia R5 Evo), que depois duma longa ausência, dificilmente poderiam fazer mais. Ainda tentaram chegar ao quarto lugar, mas já não foi possível. Tal como o piloto referiu mais do que uma vez durante a prova

a ligação dos pneus Pirelli com o Skoda requerem habituação, pois os pilotos mostram-se excelentes até meio dos troços, mas depois, dependendo das afinações e da utilização, sofrem um ‘drop’ muito repentino, e coloca dificuldades na fase final dos troços. Quando terminou o rali, João Silva estava ‘au point’ para iniciar outro e aí talvez outro galo cantasse.

Mais ‘baixos’ que ‘altos’ no CPR

Sexto lugar para José Pedro Fontes/Inês Ponte (Citroen C3 R5), que nunca se entenderam com a afinação do carro, começando cedo a perder tempo, mesmo na luta pelo CPR. No final do primeiro dia, o ‘estrago’ já era 22.8s, e aí já era muito difícil reverter alguma coisa. Nessa altura, mudou o foco para Armindo Araújo, preferindo resguardar o segundo lugar no CPR ao invés de arriscar demasiado na tentativa de recuperar tempo para Bruno Magalhães. Fez sentido a tática, pois na verdade obtiveram o melhor resultado do ano para a equipas, mas tendo em conta que já se disputaram duas provas de asfalto, o cenário não é o melhor em termos de campeonato. E o mais estranho é que os três C3 R5 tiveram todos problemas com as afinações escolhidas.

Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia R5 Evo) foram sétimos da geral e terceiros do CPR num rali que começaram a perder quando bateram no Rali da Calheta. O facto do carro que trouxeram à Madeira ser o de testes, criou um problema já que o diferencial, uma peça que não se pode mexer ‘à vontade’, não estava igual ao que a equipa utilizou na Calheta e todo esse trabalho foi por água abaixo. Muito Armindo Araújo lutou contra o carro, mas era quase impossível fazer melhor e o terceiro lugar final é um mal menor.

Continuam na frente do campeonato, mas a competição está, basicamente, ’empatada’.

Ricardo Teodósio/José Teixeira (Skoda Fabia R5 Evo) foram oitavos, quartos no CPR, um lugar muito diferente do que almejavam e para o qual trabalharam muito. O problema é que apesar do algarvio ter chegado bem preparado à Madeira, a sua prestação é sempre vista à luz do que fazem os adversários e nesse contexto, numa prova em que nunca foi especialmente rápido, embora já tenha conseguido resultados positivos para o CPR, desta feita foi impossível fazer melhor que o quarto lugar, o que é um mal menor, mas que o deixa também mais longe do seu objetivo, que é renovar o título.

Ainda é cedo para contas, mas o ano passado com três provas tinha três vitórias e um terceiro lugar. Neste momento conta com dois terceiros e um quarto lugar. Bem diferente.

Pedro Meireles/Mário Castro (W Polo GTI R5) foram nonos, ainda tentaram aproveitar o menor andamento de Teodósio, mas o algarvio reagiu sempre nunca permitindo veleidades aos homens do Polo, que basicamente terminaram na ‘sua’ posição, tendo em conta o que é atualmente a correlação de forças do CPR. Seja como for, não andaram nada mal, mas o nível do CPR tem vindo a subir, mas Pedro Meireles ainda não consegue entrar com facilidade nas lutas mais à frente. O que é curioso, é que andaram bem melhor do que têm feito nos últimos ralis.

Muitas provas ‘interessantes’ lá para trás

Filipe Freitas/Daniel Figueiroa levaram o bonito Porsche 991 GT3 Cup ao décimo lugar da geral, um tarefa que não se afigurou fácil: tiveram problemas embraiagem, e conseguiram-na mudar sem penalizar, o que não é fácil num Porsche. Terminaram na frente de Luís Rego/Jorge Henriques (Skoda Fabia R5 Evo) que tiveram uma estreia muito difícil na Madeira. Sem conhecimento absolutamente nenhuma daquelas estradas, fizeram uma boa prova.

Paulo Neto e Vítor Hugo correram pela primeira vez com um carro com o Skoda Fabia R5 na Madeira, o que não é fácil, especialmente quando ainda se está a explorar e a evoluir a condução do carro. Depois de vários anos na Madeira com o DS3 de duas rodas motrizes, fazê-lo de R5 deve ser um ‘choque’. Saíram-se bem.

Filipe Pires e Vasco Mendonça fizeram uma prova sozinhos, no RC2N, e andaram bem. Destacamos ainda a luta de Vítor Sá e Rubina Gonçalves com Rui Jorge Fernandes e João Freitas que só terminou no último controlo. Assim dá gozo.

António Dias já avisava onde ia fazer piões, e limitou-se a dar espetáculo. Boa luta também a que tiveram nos RC4B, André Silva e Adruzilo Lopes, nos Peugeot 208 R2

Pedro Almeida e Hugo Magalhães conseguiram pontuação máxima, com a vitória entre os pilotos que pontuavam para o Campeonato de Portugal de Ralis (CPR) nas duas rodas motrizes (2RM) no Rali Vinho da Madeira. A dupla venceu a categoria RC4, foram os terceiros classificados à geral entre os 2RM e concluíram o rali na 17ª posição da geral

já a dupla Gil Antunes/Diogo Correia, em Dacia Sandero R4, continuou a sua aprendizagem, e tendo em conta a posição final, os ‘testes’ foram complicados. Claramente um ano de aprendizagem pois o carro é capaz de mais.

O Rali Vinho Madeira foi uma boa prova, ficou claro que os pilotos continentais estão a ter cada vez mais dificuldades de acompanhar os pilotos locais. Se Pedro Paixão e João Silva estivessem a correr a tempo inteiro, seriam cinco os lugares ‘reservados’ da classificação geral. Miguel Nunes, Pedro Paixão e Alexandre Camacho, poderiam valorizar imenso o CPR ‘continental’, com algum tempo de ‘aprendizagem’.

2019: Terceira vez consecutiva de Alexandre Camacho

Alexandre Camacho venceu pela terceira vez consecutiva o Rali Vinho da Madeira. Estreante na prova, ‘Pepe’ Lopez foi uma agradável surpresa e o maior opositor do piloto madeirense.

A participação de Alexandre Camacho na 60ª edição do Rali Vinho Madeira quase era digna de figurar no Guiness Book of Records. O piloto do Skoda Fabia R5 começou por igualar um recorde que perdurava desde 1970, quando Américo Nunes venceu por três vezes consecutivas a prova insular. Para além disso, assinou na maior parte dos troços cronometrados novos recordes e esteve na frente da classificação durante 17 das 19 provas especiais que compunham o programa.

São números que espelham o domínio que o piloto das Vespas exerceu na prova madeirense em que a sua vitória nunca esteve, na prática, em causa. Assinando apenas o 12º melhor tempo na abertura na Avenida do Mar, Camacho passou para a frente mal o evento passou para as classificativas “normais” e em apenas três provas especiais arrecadou mais de 10 segundos de vantagem para o seu mais próximo perseguidor. Por uns instantes e com o nevoeiro na PE 5, onde perdeu muito tempo, Camacho caiu para o segundo posto, mas a apenas 0,2 segundos do líder.

A partir daí e sem nenhum fator a quebrar a rotina, o vencedor recuperou a liderança, foi dilatando o seu avanço e conseguiu atingir a meta com 40,3 segundos de vantagem para a concorrência, uma performance raramente vista na clássica madeirense e que lhe deu todo o mérito para os grandes festejos na Praça do Povo.

Aquele que mais se aproximou de Camacho no rali madeirense em 2019 foi ‘Pepe’ Lopez. O espanhol estreou-se na ilha e saiu-se bastante bem numa prova que costuma exigir bastante tempo aos pilotos para que nela sejam competitivos. O piloto do Citroën C3 R5 rodou na quinta posição durante as duas primeiras secções e aproveitou da melhor forma o nevoeiro para anular a sua inexperiência no terreno. Ganhou cerca de 10 segundos àqueles que dele se mais aproximaram e, duma assentada, assumiu o comando. No entanto, no regresso às boas condições climatéricas, Lopez não conseguiu manter a liderança mas manteve-se relativamente perto do líder até parecer se conformar com o segundo posto alcançado.

Com estes dois pilotos a discutir as duas primeiras posições, foram dois anteriores vencedores do evento a discutir o lugar mais baixo do pódio. “Calçados” com Michelin, marca que não tem evoluído os seus pneus ao mesmo ritmo que a Pirelli, Bruno Magalhães e Giandomenico Basso bem tentaram acompanhar a dupla da dianteira mas a sua tradicional rapidez na ilha não foi suficiente para ultrapassar uma evidente falta de aderência.

Magalhães mostrou ao que ia ao vencer, com novo recorde, a classificativa de abertura na Avenida do Mar. Já na manhã de sexta-feira, o piloto de Lisboa caiu para segunda posição até ao momento em que Lopes arriscou tudo no nevoeiro. A partir daí, Magalhães e Basso realizaram tempos muito semelhantes mas o ascendente pertencia ao português no final da primeira etapa.

No arranque do terceiro dia de competição, Giandomenico Basso decidiu atacar pois o seu único objetivo era vencer. O italiano vinha, para além dos pneus, a queixar-se dum Skoda Gabia R5 muito diferente daquele a que está habituado, e, numa travagem forte, não evitou um toque que fez partir um disco de travão. Com Basso fora de prova e impossibilitado de se chegar mais à frente, Bruno Magalhães decidiu não explorar ao máximo o potencial do muito melhorado Hyundai i20 R5 para correr a pensar no campeonato nacional e, mesmo assim, conquistar o bronze absoluto.

O quarto lugar final foi ocupado por Miguel Nunes que realizou uma prova em que quase não teve oposição para a conquista dessa classificação. O madeirense era tido como um dos favoritos mas demorou muito tempo até dispor no seu Hyundai i20 R5 de um acerto que lhe permitisse expressar a sua tradicional velocidade. Já com a sua viatura bem acertada, Nunes ainda rubricou alguns bons tempos mas, nessa altura, era já muito tarde para acalentar esperanças num melhor resultado.

Vencedor desta prova em 2016, José Pedro Fontes chegou ao Funchal na quinta posição. O piloto do Citroën C3 R5 ainda venceu a última classificativa mas esteve na maior parte do tempo a pensar no campeonato de Portugal e na importância da conquista de um resultado qie invertesse a tendência negativa da temporada até então.

Apesar da idade do seu Citroën DS3 R5, João Silva teve nesta uma excelente participação no Rali Vinho Madeira, coroada com o sexto lugar. O seu resultado final poderia ter sido bem melhor não fosse ter perdido muito tempo no nevoeiro, exatamente no mesmo troço cronometrado em que sofreu um forte acidente em 2018, e de na última secção se ter visto quebrar a alavanca da caixa de velocidades da sua viatura.

Outros piloto que poderia ter chegado aos primeiros lugares é Pedro Paixão. O jovem piloto madeirense do Skoda Fabia R5 venceu duas classificativas e assinou excelentes tempos na maior parte dos troços cronometrados. No entanto, perdeu cerca de 1m20s na PE 2 com um furo e deu um toque, que lhe fez perder uma roda, na última prova especial do programa. Apesar do muito tempo perdido no arranque, havia recuperado até ao sétimo lugar antes do desaire no final e desistir já na ligação final para o Funchal.

2018: Alexandre Camacho dominou

Alexandre Camacho dominou o Rali Vinho Madeira praticamente em toda a sua extensão. O piloto com o Skoda Fabia R5 das Vespas voou bem mais alto que a concorrência e repetiu o sucesso de 2017.

O campeão madeirense venceu nada menos que 16 das 19 classificativas que compunham a prova insular e essa competência espelha bem o nível competitivo da clássica levada à estrada pelo Club Sports Madeira desde 1959. Alexandre Camacho foi apenas 11º na Avenida do Mar, que mais uma vez abriu o programa, mas com a entrada nos troços cronometrados normais não deu quaisquer hipóteses à concorrência com um Skoda Fabia R5 atualizado especificamente para esta participação.

O piloto navegado por Pedro Calado foi paulatinamente aumentando a sua vantagem e obteve uma muito merecida vitória num rali bastante “morno” desportivamente, característica a que também não foi alheia a desistência prematura do italiano Giandomenico Basso. Tal como o primeiro posto ficou rapidamente “atribuído”, também os restantes lugares do ‘top ten’ cedo ficaram definidos e as poucas alterações que se registaram entre os primeiros ficaram mais a dever-se aos abandonos e problemas sentidos por algumas equipas mais que pelo confronto entre concorrentes.

Foi também quase no arranque da prova que Miguel Nunes assumiu a segunda posição e, com Basso de fora, apresentar-se como o único piloto que poderia fazer frente a Camacho na sua cavalgada triunfal. No entanto, o piloto do Citroën DS3 R5 foi acumulando atraso e uma penalização de 10 segundos, por atraso à chegada à primeira passagem por Santana “bloqueado” por adversários, deixaram-no já muito longe da frente e resignado a apenas marcar ritmo e esperar que algo acontecesse ao líder para conseguir o tão ambicionado triunfo neste rali.

Com cerca dum quarto da prova disputada as três primeiras posições eram ocupadas pelos três pilotos que têm vindo a disputar as vitórias no campeonato local. João Silva seguia no terceiro posto depois de perder algum tempo na primeira ronda por Campo de Golfe e Palheiro Ferreiro. Já no final da terceira secção e quando tentava forçar o andamento, o piloto do Citroën DS3 R5 não conseguiu evitar uma saída de estrada com um emabte algo violento e que obrigou à evacuação da dupla.

José Pedro Fontes “herdou” dessa forma o posto mais baixo do pódio, classificação em que havia de terminar. O piloto do Citroën C3 R5 chegou à Madeira esperançado em poder discutir a vitória mas não conseguiu a velocidade para rivalizar com os principais adversários madeirenses, mais habituados e bons conhecedores do terreno. Apesar disso, Fontes ainda viria a se revelar o segundo mais rápido na derradeira etapa deste rali cujo novo pódio, situado junto ao mar na Praça do Povo, deixou muita gente desgostosa com a mudança da Avenida Arriaga e com um palanque que era um ex-libris do evento.

O único concorrente que havia conseguido se intrometer entre os madeirenses era Armindo Araújo. O piloto do Hyundai i20 R5 discutia com João Silva o terceiro lugar mas um furo na segunda passagem por Palheiro Ferreiro levou a que caísse para fora do lote dos dez primeiros e desse início a uma recuperação que havia de lhe permitir cortar a meta na sexta posição já a grande distância dos pilotos que o precederam.

Com tudo isso, Ricardo Teodósio também “se arrumou” bastante cedo no quarto posto em que atingiu o último controlo desta prova em que privilegiou claramente o resultado para o campeonato nacional em detrimento da classificação absoluta. O algarvio perderia, contudo, por duas vezes essa posição. Primeiro para Miguel Barbosa que uma vez mais se mostrou muito forte na Madeira antes de desistir já a meio da segunda etapa por despiste e depois para Pedro Paixão que foi continuamente evoluindo na adaptação ao Hyundai i20 R5 antes de abandonar já na última classificativa devido à sua viatura se ter incendiado pela segunda vez em duas provas.

Único estrangeiro para além de Basso presente neste rali que no passado chegou a receber dezenas de forasteiros, o jovem belga Joachim Wagemans sentiu muitos problemas e dificuldades na estreia com o Peugeot 208 T16 mas a sua evolução foi notória até terminar no sétimo posto numa fase em que já rivalizava no cronómetro com pilotos muito mais familiarizados com a condução dum R5.

2017: Alexandre Camacho estreou-se a vencer

Alexandre Camacho estreou-se a vencer o Rali Vinho da Madeira depois de um intenso despique com Giandomenico Basso e Miguel Nunes. Piloto do Citroën DS3 R5 cumpriu sonho de criança numa edição onde Basso e João Silva também subiram ao pódio.

É conhecida a paixão pelos ralis na Madeira e para um piloto local a vitória no Rali Vinho da Madeira é uma emoção difícil de ultrapassar. O livro de vencedores da famosa prova insular inclui alguns dos maiores nomes do automobilismo nacional e estrelas internacionais como Vatanen, Biasion, Toivonen, Aghini, Liatti, Loix ou Basso. Mas desde 2004 que um madeirense não ganhava o evento principal, com Vítor Sá a levar na altura o espectacular Peugeot 306 Maxi ao triunfo. Alexandre Camacho e Pedro Calado quebraram esse enguiço de mais de uma década ao estrearem-se a ganhar o ‘Vinho Madeira’, naquela que é precisamente a época de despedida do navegador madeirense da competição. Para Camacho, o triunfo tem um sabor ainda mais especial porque foi obtido numa edição disputada em condições muito difíceis na primeira etapa, e após uma interessante disputa com o conceituado Giandomenico Basso e com o local Miguel Nunes, além de estarem presentes outros nomes com aspirações aos primeiros lugares, como o experiente Miguel Campos ou o ‘mundialista’ Stéphane Lefebvre.

Depois da tradicional Super Especial na Avenida do Mar, na quinta-feira (onde Basso foi o mais rápido), o rali ‘a sério’ começou com chuva e nevoeiro nos troços de sexta-feira. Um longo dia com 10 especiais aguardava os concorrentes mas as condições atmosféricas tornaram tudo mais difícil, com Miguel Nunes, por exemplo, a sentir dificuldades na afinação do i20 R5, que nunca tinha guiado em competição. Alexandre Camacho também teve altos e baixos nesse dia, com as escolhas de pneus a originarem enormes ganhos em alguns troços e perdas consideráveis noutros, o que levou Giandomenico Basso a liderar a prova até à PEC7. A partir daí, Miguel Nunesa assumiu o comando do rali fruto de uma exibição notável na estreia oficial com o Hyundai, transformando um atraso de 23,7s para o líder (Alexandre Camacho) após a PEC4 numa vantagem de 12,1s no final do dia de sexta-feira. Nessa altura já Lefebvre tinha desistido com problemas de caixa no DS3 R5 ‘herdado’ de José Pedro Fontes (vencedor na Madeira no ano passado), enquanto João Silva colocava outro DS3 R5 na luta pelos lugares do pódio, terminando o dia em 4º a apenas 31,5s do líder Miguel Nunes.

No sábado um golpe de teatro! O dia trouxe melhores condições atmosféricas mas ficaria marcado pelo problema mecânico que afastou o então líder Miguel Nunes. Basso e Camacho entraram ao ataque no sábado de manhã mas Nunes ainda conservava uma vantagem de 9,6s sobre o madeirense quando um cubo de roda se desintegrou no troço da Ponta do Pargo (PEC14), originando a quebra de um disco do travão na Hyundai e a desistência do piloto do Faial.

Camacho, que já tinha vencido a PEC13, assumiu o comando do rali e nunca mais o largou, consolidando o primeiro lugar na fase final da prova, quando Basso sentiu problemas elétricos no seu i20 WRC. O veterano piloto italiano, que tentava chegar à sua quinta vitória na Madeira, teve de contentar-se com o segundo lugar a 15,6s de Camacho mas com uma vantagem confortável sobre João Silva. O antigo campeão nacional de 2 Litros / 2 Rodas Motrizes também foi uma das figuras desta edição, pois só esta época se estreou ao volante de um R5 mas provou o talento que o levou a ser considerado uma das grandes promessas dos ralis nacionais, antes de ser obrigado a parar a sua progressão devido à falta de apoios.

Miguel Campos queria um resultado melhor mas ficou longe da luta pela vitória logo na sexta-feira, quando não conseguiu encontrar as melhores afinações para o Fabia R5 à chuva. O ex-campeão nacional, vencedor na Madeira em 2003, chegou mesmo a afirmar que os troços de sexta-feira foram a pior etapa da sua carreira, devido à dificuldade em manter o Skoda na estrada.

Na fase final do rali desenrolou-se um duelo entre o romeno Simone Tempestini e Miguel Barbosa pelo derradeiro lugar no top-5 da geral, com o piloto do Citroën a levar a melhor sobre o Skoda, mas com Barbosa a fazer uma excelente operação em termos de Campeonato Nacional (ler em separado). Carlos Vieira também aproveitou a desistência de João Barros já na fase final para subir ao 7º lugar da geral e ao 2º lugar na prova do CNR, na frente do melhor carro da Produção (RC2N), o Mitsubishi Lancer Exo X de Vasco Silva Jr., com Filipe Pires (Evo X) a perder essa posição

2016: primeira vitória de José Pedro Fontes

José Pedro Fontes obteve a sua primeira vitória no Rali Vinho Madeira. No asfalto madeirense, o campeão nacional não se deixou afectar pelo incidente da pedra que envolveu Bruno Magalhães e levou ao cancelamento da 18ª especial. Pelo contrário. Entrou ao ataque e ganhou a derradeira classificativa. Subiu a segundo e receberia uma vitória já no Funchal.

A edição de 2016 do Rali Vinho Madeira criou grande expectativa nas semanas que precederam a realização da prova. Num ano em que a ronda madeirense passou a integrar um novo conceito competitivo conhecido como Tour European Rally, era o campeonato nacional a competição maior da prova organizada pelo Club Sports Madeira.

Entre os concorrentes, destacavam-se alguns dos principais nomes portugueses, com José Pedro Fontes, Miguel Campos e Pedro Meireles à cabeça. A estes juntaram-se animadores habituais do Rali Vinho Madeira, como são os locais Alexandre Camacho e Miguel Nunes. Bruno Magalhães assegurou a sua presença e procurava obter o quinto triunfo, algo inédito na história das 56 edições então realizadas.

Foi neste ambiente competitivo que começou a prova. E que prova. Troço após troço, os melhores não descolavam. Foi assim durante três dias de competição. Ao fim de nove classificativas havia cinco equipas separadas por 13,5 segundos. Os dois melhores naquele momento estavam distanciados por meio segundo. Quando terminou a primeira etapa, as diferenças eram um pouco maiores, mas ninguém podia dar o rali como ganho ou perdido. Eram 19,5 segundos apenas entre o líder, Bruno Magalhães, e o quinto, Miguel Campos.

Aliás, foi o piloto do Skoda que se mostrou mais rápido no início, depois de Ricardo Moura ter sido o primeiro líder com o triunfo na super-especial. Mas alguns problemas no Skoda – manga de eixo, válvula de segurança do depósito e válvula pop-off – fizeram com que se atrasasse ao longo dos dois dias. Alexandre Camacho, pelo contrário, começou por “lutar muito com o carro”, explicou. Mas fez acertos que resultaram e de quinto no início da sexta-feira, passou a segundo. Mais consistentes foram José Pedro Fontes e Bruno Magalhães. Os dois andaram praticamente sempre nas primeiras posições. Aliás, o piloto do Ford Fiesta assumiu o comando da classificação geral após o terceiro troço. Por sua vez, o campeão nacional fez sempre sombra ao mais titulado presente no rali. Só nas classificativas noturnas sentiu maior dificuldades e perdeu tempo. Passou de segundo a 0,5s para terceiro a 12,3s.

A derradeira etapa prometia. E os pilotos cumpriram.

Bruno Magalhães, em Ford Fiesta R5, sabia que o seu carro era mais competitivo do que o Peugeot 208 R5 de Alexandre Camacho e do que o Citroën DS3 R5 de José Pedro Fontes na classificativa de Câmara de Lobos. Apostou forte e ganhou as duas passagens. Mas nos restantes três troços – com duas passagens cada –o equilíbrio de forças alterava-se. Camacho e Fontes foram sempre superiores, tanto na Ponta do Sol, na Ponta do Pargo e em Rosário. Foi com duas classificativas para o fim que o inesperado aconteceu (ler textos à parte). Passada a confusão provocada pelo cancelamento da 18ª especial, os três foram para os últimos quilómetros separados por 9,7 segundos, com Camacho a apenas 6,5s de Magalhães. E foi aí que, sem se deixar afectar pelos acontecimentos anteriores, Fontes ganhou. “Para mim era muito claro que depois do que se passou no troço antes, algo iria acontecer ao Bruno. A probabilidade de ser penalizado era grande e havia a possibilidade de vencer o rali. Era uma oportunidade única, procurei aproveitá-la e arrisquei”, explicou José Pedro Fontes. O risco assumido tirou dividendos e a partir daí é a história que se sabe. O campeão nacional passou Alexandre Camacho na classificação e, com a decisão do colégio de comissários de penalizar Bruno Magalhães em 35 segundos, obteve o primeiro triunfo da sua carreira no Rali Vinho Madeira.

A vitória no Rali Vinho Madeira valeu a José Pedro Fontes 25 pontos mais cinco por força do melhor tempo em dez classificativas entre os concorrentes inscritos no campeonato. Foram 30 pontos importantes a que se juntou o quarto lugar do principal adversário, Pedro Meireles. O piloto do Skoda Fabia R5 nunca conseguiu, nesta edição da prova madeirense, acompanhar o andamento, em particular de Fontes e de Campos. Além disso, ainda sofreu uma penalização de 1m10 segundos por chegar sete minutos mais tarde ao controlo na saída do parque fechado para a segunda etapa, que o fez ficar atrás de Ricardo Moura. Perante este desfecho, os dois estão agora separados por 33,5 pontos quando faltam três jornadas para o final da temporada. Com o segundo lugar na Madeira, Miguel Campos subiu ao terceiro lugar do campeonato. Tem agora 76,5 pontos, ou seja, menos 47 que o comandante da classificação.

O época prossegue no próximo mês com a realização do Rali de Mortágua, a sexta ronda do ano, entre os dias 16 e 17.

2015: Póquer de Bruno Magalhães

O piloto de Lisboa juntou-se ao restrito grupo de pilotos a vencer por quatro vezes o Rali Vinho Madeira, uma prova que em 2015 foi muito emotiva e conheceu cinco líderes.

Antes daquela que foi a 56ª edição da prova madeirense ir para a estrada os prognósticos eram bem claros, venceria Bruno Magalhães e este seria um rali com muita discussão pelos lugares do pódio. O público não se enganou e tanto o piloto do Peugeot 208 T16 assegurou a sua quarta vitória numa prova que já confessou sua predileta como nunca nenhum dos cinco concorrentes que passaram pelo comando pode sentir-se à vontade já que a margem que os separava dos perseguidores foi, em geral, sempre bastante curta.

Magalhães ficou muito perto da liderança após o primeiro dia de competição em que apenas se disputou a classificativa na baixa funchalense mas julgou terem ficado comprometidas as suas hipóteses de novo sucesso no arranque da segunda secção quando não pode optar pela melhor mistura da Pirelli. Apesar do piso estar ligeiramente húmido em curtas partes do trajeto, os pneus muito macios montados no Peugeot rapidamente sobreaqueciam e perdiam eficácia e, num ápice, Magalhães estava a mais de 30 segundos do líder, uma margem dificilmente recuperável numa prova com as características da insular.

Para além disso e uma situação que já se havia feito sentir em Ypres, o motor da viatura não debitava todo o seu potencial com um erro na informação recolhida pela sonda das árvores de cames e que apenas foi solucionado a meio da primeira etapa. A partir daí, Magalhães passou ao ataque e foi vencendo classificativas ou ficando muito próximo dos melhores até conseguir passar para a liderança logo após o começo do terceiro dia de competição.

Instalado na frente, o piloto de Lisboa forçou até conseguir uma vantagem próxima aos 10 segundos que pode gerir na última ronda pela costa oeste da ilha. Bom conhecedor da prova, Bruno Magalhães não arriscou na parte final do evento e adotou um ritmo que lhe permitiu chegar à Avenida Arriaga, no coração do Funchal, com uma vantagem pouco maior que os 5 segundos e que lhe permite entrar no grupo de recordistas de triunfos numa das grandes provas internacionais portuguesas.

Camacho poderia ter vencido

Alexandre Camacho era igualmente apontado como um dos favoritos à vitória na prova disputada “em casa”. O piloto das Vespas trocou o habitual Porsche por um Citroën DS3 R5 mas demorou muito a lhe “tomar a mão” pois logo após a disputa da segunda prova especial era já o líder do evento. Camacho foi o único a vencer troços cronometrados nas segunda e terceira secções mas viu todas as probabilidades de sucesso se esfumarem quando furou na primeira passagem pela Cidade de Santana. Bastante atrasado na classificação, até ao final do segundo dia de competição o piloto demorou a reencontrar o ritmo e concluiu a primeira etapa no quinto lugar.

Já no último dia, o piloto navegado por Pedro Calado mostrou-se o mais veloz depois do vencedor numa fase em que aquele atacava forte e venceu quase todas as classificativas da última secção mostrando que poderia ter vencido. Algo desolado apesar da recuperação até ao quarto posto, Camacho perdeu uma oportunidade de ouro dum piloto insular voltar a fazer história e inscrever, depois de Vítor Sá em 2004, o nome dum madeirense no palmarés da mais importante prova do arquipélago.

Para além de Consani, líder após a classificativa de abertura, e Alexandre Camacho, José Pedro Fontes foi outro dos pilotos a passar pelo comando da organização do Club Sports Madeira. Vencedor de duas classificativas, o piloto do Citroën DS3 R5 esteve na liderança entre os sexto e nono troços cronometrados e tudo fez para poder acompanhar os protagonistas mas o imperativo de conquistar um bom resultado para o campeonato nacional de ralis acabou condicionando a sua performance que, contudo, acabou premiada com a conquista do lugar mais baixo do pódio.

Nunes também impressionou

A par de Bruno Magalhães e Alexandre Camacho, Miguel Nunes era um dos nomes mais apontados à vitória entre os apostadores. O piloto da Tomiauto surgiu nesta prova ao volante dum Ford Fiesta R5 mas demorou algum tempo a se mostrar completamente à vontade com aquela viatura. Rodando quase sempre na segunda posição, Nunes atacou forte quando surgiu uma janela de oportunidade e assumiu a liderança bem perto do final da primeira etapa. O piloto servido pela P&B Racing, que abria a estrada no último dia, ainda tentou resistir aos ataques de Magalhães mas rapidamente se viu ultrapassado pelo futuro vencedor.

Melhor em duas provas especiais e muito constante no pódio isolado das classificativas, o campeão regional em título sofreu da sua falta de ritmo pois não tem competido em 2015 e apenas havia estado ao volante dum carro de competição nos cerca de 60 km de testes que antecederam esta sua participação. Terceiro em 2013 e segundo o ano passado nesta prova, Nunes voltou à competição esperançado em poder subir ao degrau mais alto do pódio mas, apesar do objetivo não ter sido atingido, a sua prestação foi bastante positiva na medida em que, num panorama competitivo muito forte e limitado pelas condições, conseguiu reeditar o segundo lugar já conquistado há doze meses.

Tal como José Pedro Fontes, João Barros esteve condicionado pela obrigatoriedade de pontuar para o campeonato nacional mas liderou durante quase toda a prova o pelotão que seguia aqueles que lutavam pela vitória. O piloto do Ford Fiesta R5 acabou não conseguindo suster os ataques de Robert Consani e concluiu no sexto posto. Ricardo Moura, também a pensar no CNR, queixou-se bastante da sua viatura e era sétimo quando um violente acidente o forçou ao abandono.

2014: terceira vitória de Bruno Magalhães

Bruno Magalhães conquistou o seu terceiro triunfo no Rali Vinho Madeira, sucesso que poderia ter conseguido em 2013, mas que só agora chegou, na ‘esforçada’ estreia com o Peugeot 208 T16. A ‘falar’ só português, a prova da Pérola do Atlântico foi plena de emoção

Bruno Magalhães teve que suar as estopinhas para subir pela terceira vez ao lugar mais alto do pódio daquela que confessa ser a sua prova preferida. Só conseguindo à última da hora os apoios para se deslocar à ilha, o piloto de Lisboa teve um rali cheio de sobressaltos mas saiu-se com distinção, ao voltar a revelar a sua velocidade nos troços locais, evidenciando também uma boa gestão do material que teve à disposição.

A vitória de Magalhães assenta-lhe que nem uma luva pois foi obtida ao volante dum carro que descobria, e com o qual rodou muito pouco antes do arranque da prova organizada pelo Club Sports Madeira. Apesar disso, foi sempre muito rápido e foi ainda melhorando as suas prestações à medida que ia alterando a configuração do carro da Delta Rally. Igualmente importante, numa prova em que desconhecia a viatura tripulada, Magalhães evitou sustos, numa prova marcada pela instabilidade climatérica e em que tinha a desvantagem da sua escolha de pneus, enquanto primeiro na estrada, poder ser copiada.

Sendo para já o Peugeot 208 T16 conhecido pela sua fraca fiabilidade, o piloto de Lisboa soube igualmente não colocar a mecânica do carro francês em risco e manter a liderança, mesmo com a embraiagem prestes a ceder ao longo de quase metade do percurso total do evento. Desta forma, este resultado abre excelentes perspectivas para a sua restante temporada no ERC, para além de que foi um triunfo que não sofreu contestação pois foi obtido com a coabitação de viaturas com homologação nacional e outras da FIA.

Nunes e Sousa no pódio oficial

A história oficial do rali vai lembrar que Miguel Nunes, um ano depois de ter subido pela primeira vez ao pódio da mais importante prova do arquipélago, cortou a meta na segunda posição. O piloto da Tomiauto, tal como acontece nas provas locais, voltou a rodar nos limites do seu Mitsubishi Lancer X R4 e surpreendeu muitos dos que se deslocaram à ilha. Nunes aproveitou ao máximo as capacidades de um carro que conhece como poucos e obteve mais um resultado de relevo, para além de merecido. Logo atrás, Bernardo Sousa realizou uma prova em crescendo. Sem hipóteses de testar antes do evento, o madeirense foi-se entrosando aos poucos

com o Ford Fiesta R5, que apresenta várias diferenças ao nível da caixa de velocidades, suspensão e diferenciais para com o carro que habitualmente tripula, bem como perdeu muito tempo com uma má escolha de pneus na primeira etapa. A sua audácia viria, contudo, a ser recompensada já no último dia em que venceu duas classificativas, subiu várias posições e ocupou o posto mais baixo do pódio, muito perto do segundo classificado numa prova em que, por ser natural da Madeira, está sempre sob grande pressão.

Quarto classificado, Miguel Campos tinha todas as razões para poder aspirar discutir o triunfo nesta prova mas o Peugeot 208 T16 da PA Racing, que realizou ali a sua primeira prova, não cooperou. Um problema elétrico levava o motor a falhar de forma intermitente e uma penalização sofrida num dos parques de assistência quando a equipa tentava solucionar o problema tiraram-lhe quaisquer hipóteses de ir mais longe.

História real

O que porventura muito poucos se lembrarão dentro de alguns anos é que existiram três pilotos em Porsche 997 GT3 com homologação nacional a trazer competitividade ao evento. Segundo no rali pelas normas FPAK, José Pedro Fontes chegou a passar pelo comando da classificação e lutou até final pelo triunfo num rali que já não disputava há algum tempo e em que a potência do carro com as cores da Vodafone tanto era um aliado nas muitas zonas rápidas do traçado como dificuldade acrescida onde o piso estava escorregadio e traiçoeiro. Fontes nunca deixou Bruno Magalhães respirar de alívio e a diferença final de 4 segundos entre ambos

mostra que apenas deitou a toalha ao chão depois de cumprido o último metro da derradeira prova especial. Do pódio ‘virtual’ faria igualmente parte Alexandre Camacho numa prova em que voltou a revelar toda sua mestria com o Porsche. O piloto das Vespas rodou várias vezes nos tempos dos primeiros e mostrou ser um dos mais fortes numa participação em que teve de lutar contra os elementos mas em que também fez bom uso do seu bom conhecimento do terreno. Mais atrás, Filipe Freitas foi ganhando confiança aos poucos com um carro com que tem conhecido muitos problemas e desistências.

Um pouco à margem da história pelas suas desistências ficará igualmente o desempenho de vários outros pilotos. Ricardo Moura esteve na luta pelo pódio até sofrer um violento acidente no arranque da segunda etapa e Pedro Meireles, já virtual campeão nacional, manteve-se me prova e rodava entre os primeiros até o motor do seu Skoda Fabia S2000 ameaçar ceder. João Barros rodou logo atrás de Meireles até ceder um dos cubos de roda do seu Ford Fiesta R5 e Diogo Salvi teve uma prova para esquecer. Despistou-se no shakedown e voltaria a bater forte no primeiro troço cronometrado do último dia de prova.

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