Campeonato de Portugal de Ralis: O recomeço
Prossegue no próximo fim de semana em Castelo Branco o Campeonato de Portugal de Ralis 2020. Três meses e meio depois de Fafe, vamos ter uma competição mais curta, mas em que o importante é ‘atravessar’ 2020 para garantir 2021.
Novo começo! Com o rebentamento da pandemia de coronavírus em março, o desporto motorizado mundial sofreu um forte abalo, cujas consequências ainda se vão viver por muito tempo. Contudo, como qualquer tempestade, ela não dura para sempre, e por isso, ainda sem saber bem quando vamos navegar novamente em águas menos turbulentas, o desporto motorizado em geral, ralis em particular vão tentar regressar da melhor forma possível, com um plano de contingência, com muitas novas regras, de modo a combater a pandemia que ainda está bem viva em Portugal, mas com a certeza de que se todos fizerem o seu papel o vírus terá muito mais dificuldade em propagar-se.
É neste contexto que vai arrancar de novo o CPR, e depois de se ter realizado uma prova, o Rallye Serras de Fafe e Felgueiras, vamos fazer nova antevisão do que pode acontecer daqui para a frente, sendo certo que a prova da Demoporto deu alguma luz quanto à competitividade relativa dos concorrentes, correlação essa que pode sofrer algumas mudanças pois se em Fafe se correu em pisos de terra, agora o campeonato entra numa fase de asfalto, depois de terem ficado pelo caminho os ralis dos Açores (adiado), Mortágua e Portugal, cancelados. Dissemos na altura, repetimos agora. Este é um ano Vintage no CPR! Há muito tempo que esta competição tem vindo a crescer de qualidade, pelo menos no topo da pirâmide, e mesmo com a pandemia, cremos que Castelo Branco pode ser um excelente rali, já que a ‘fome’ de competição é muita, e com o campeonato reduzido no seu número de provas, há menos latitude para erros.
MESMOS CANDIDATOS
Apesar de já ter havido uma prova, e por isso, uma classificação de campeonato, vamos regressar à ordem do campeonato anterior, e por isso começar esta antevisão pelos Campeões em título, Ricardo Teodósio e José Teixeira, a quem o Rali Serras de Fafe e Felgueiras não correu da melhor forma, porque choveu muito e isso foi um problema para a dupla que não tinha testado nessas condições. O CPR regressa com uma prova que já venceram no passado – único rali de asfalto que venceram nos últimos três anos – e por isso há que contar com eles para a luta pelo triunfo. Com a experiência acumulada com o Skoda Fabia R5 nos últimos três anos, e com a mesma estrutura que os levou ao título em 2019, têm o que precisam para vencer, se bem que a concorrência é enorme, e está igualmente muito forte. Já é assim há algum tempo e a dupla algarvia tem sabido sempre ir à luta.
Bruno Magalhães e Carlos Magalhães foram segundos em Fafe e voltaram em 2020 com o Team Hyundai Portugal e com um i20 R5 mais evoluído. Sabendo-se que são fortes no asfalto, Castelo Branco foi uma prova em que o ano passado marcou o ponto de viragem, já que se até aí as coisas não correram tão bem quanto esperava, daí para a frente ficou bastante mais forte ao ponto de Bruno Magalhães lutar pelo título até à última prova. Já não vai ter a vantagem do ritmo mais elevado que os adversários, porque não vai poder, como tinha previsto, disputar também o ERC, mas espera-se que esteja na luta.
Em Fafe, face a um Armindo Araújo que esteve no seu melhor, lutou até ao último troço pelo segundo lugar, que conseguiu, começando por isso o ano com um resultado muito positivo.
Já Armindo Araújo e Luís Ramalho surgiram este ano com um novo projeto, e correm agora com um Skoda Fabia Evo R5 Evo. Ligaram-se à The Racing Factory, uma estrutura, que sendo nova, já provou que está ao nível das melhores, não sendo por aí que algo pode falhar, bem antes pelo contrário.
Em Fafe, realizaram uma excelente exibição, dominando por completo a prova, deixando claro que apesar da saída da Hyundai, a sua candidatura a recuperar o título que ganhou em 2018 é uma probabilidade bem forte, pois a adaptação ao Skoda foi imediata, depois de alguns problemas com o Hyundai, que até o ano passado era um carro difícil de afinar. Conhecendo a valia do piloto, navegador e do carro, não se espera menos do que lutar novamente pelo título. E para já as coisas começaram de forma perfeita em Fafe.
Já José Pedro Fontes e Inês Ponte, não começaram bem em Fafe, mas a história pode mudar um pouco para as próximas provas, já que quis o destino que o calendário do CPR daqui para a frente contemplasse apenas seis provas, sendo cinco delas em asfalto, terreno em que Fontes está um pouco mais à vontade que na terra, sendo por isso – e já o seria também com o campeonato ‘normal’ – um candidato ainda maior ao título nacional de 2020.
Basta olhar para o que fez em Fafe, onde andou quase sempre longe dos lugares da frente. Agora, em Castelo Branco, vai para terreno que lhe costumam ser bem mais favoráveis. As suas duas vitórias de 2018 e outras tantas em 2019 foram em asfalto, e por isso, com uma competição tão equilibrada, qualquer pormenor conta, e por isso Fontes é ainda mais candidato tendo em conta o calendário que tem pela frente.
No lote das equipas que em teoria vão lutar pelos lugares da frente estão também Pedro Meireles e Mário Castro, que depois duma época de estreia difícil com o Volkswagen Polo R5, esperam este ano espantar os azares, e tirar o máximo partido do bom carro que têm nas mãos. Mas não foi isso que sucedeu em Fafe, já que logo a abrir, na PE2, Meireles e Castro desistiram com um problema mecânico no VW Polo. Caso não tenham problemas mecânicos, são bem capazes de andar muito perto dos lugares da frente.
Outra dupla com que se terá de contar para as lutas dos lugares da frente é João Barros e Jorge Henriques, que se estreiam em competição com o seu novo Citroën C3 R5. Resta saber como Barros se apresentará em Castelo Branco a nível de ritmo, e da adaptação que conseguiu nos testes ao C3, mas sendo Castelo Branco uma prova que gosta – e que já venceu, em 2016 – temos que contar com ele para as lutas mais à frente.
SEGUNDO PELOTÃO
Mas não é só o primeiro pelotão que é interessante no CPR, já que entre os concorrentes que lutam um pouco mais atrás, há também bom equilíbrio. Neste ‘plantel’ do segundo pelotão destacam-se Manuel Castro e Miguel Correia.
Manuel Castro regressou este ano à Skoda, uma marca com que já foi bem feliz no passado. Com Ricardo Cunha ao lado, o homem forte da Racing4You não tem tido épocas fáceis, mas este ano tem um novo trunfo que pode fazer mudar algumas coisas, o Skoda Fabia R5, carro que lhe pode permitir ascender a patamares mais altos. Para já, em Fafe travou uma boa luta com Miguel Correia, e provavelmente vamos ver mais do mesmo em Castelo Branco. Claro que este período de pandemia, tirou-lhe ritmo, mas isso sucedeu com toda a gente. Agora, há que continuar no processo de adaptar-se ao carro, conhecê-lo melhor e ganhar ritmo.
Miguel Correia e Pedro Alves (Skoda Fabia R5) terminaram em quinto a prova de Fafe, depois duma prova em que tiveram uma bela luta com Manuel Castro e Ricardo Cunha (Skoda Fabia R5) e vão prosseguir, agora no asfalto, a sua aprendizagem e evolução, pois não foi ainda há muito tempo que largou o Renault Clio de duas rodas motrizes. Para correr a este nível este é um processo moroso, mas o jovem está a cumpri-lo da melhor forma.
Paulo Neto e Vítor Hugo é outra dupla que enfrenta este ano um novo desafio, já que saíram das duas rodas motrizes e correm agora de Skoda Fabia R5. Depois de muitos anos a correr nas duas rodas motrizes, agora será um desafio completamente novo e diferente, mas para o qual a dupla se tem vindo a preparar bem. Sabe-se que a transição não será fácil, o ritmo no CPR é elevado, mas logo se verá onde se inserem. Nas quatro rodas motrizes conta-se ainda com a presença da experiente dupla, Carlos Martins/José Pedro Silva (Citroën DS3 R5) r também de André Cabeças e Bino Santos (Citroën DS3 R5), que este ano se mudaram para os RC2.
NOVIDADE ABSOLUTA
Uma grande novidade em Castelo Branco será a presença de Gil Antunes e Diogo Correia aos comandos do seu novo Dacia Sandero R4, do qual não existem referências a nível nacional e essa incógnita joga a seu favor. Um mundo novo para explorar em 2020. Recorde-se que este KIT R4 FIA, desenvolvido pela Oreca, foi concebido para poder ser aplicado numa maior diversidade de marcas, e ao mesmo tempo as equipas usufruírem de uma viatura competitiva com uma manutenção mais económica, quando comparado com um R5.
Paulo Caldeira e Ana Gonçalves têm feito apenas provas de asfalto no CPR, e em Castelo Branco vão estrear o seu novo Citroën C3 R5.
O Campeonato de duas rodas motrizes perdeu Gil Antunes e Paulo Neto, mas Daniel Nunes regressou, sendo que resta esperar para ver que plantel estará em Castelo Branco. Pedro Almeida e Hugo Magalhães marcam presença com o Peugeot 208 R2, mas depressa devem receber o 208 Rally4.
Resta esperar para ver o que sucede em Castelo Branco, numa prova que pode ser bem diferente de Fafe, já que o lote de favoritos é maior. De resto, continua-se à espera de decisões definitivas por parte das autoridades de Saúde, de modo a ser possível à FPAK oficializar e calendário e ajustar os regulamentos.
Calendário
4 e 5 de julho Rali Castelo Branco
6 a 8 de agosto Rali Vinho da Madeira
28 a 30 de agosto Rali Alto Tâmega
19 e 20 de setembro Azores Rallye
9 e 10 de outubro Rali Vidreiro
13 a 15 de novembro Rali Casinos do Algarve