Campeonato de Portugal de Ralis arranca em Fafe: New kid on the block…
Arranca mais uma vez em Fafe o CPR 2023, uma competição que continua em alta, mas que este ano conta com um fator absolutamente inédito, um piloto do WRC a tempo inteiro no CPR: Craig Breen vem para ser campeão, e para elevar o nível e a notoriedade da competição. Mas os habituais favoritos não estão pelos ajustes…
FOTOS AIFA, ZOOM, Go Agency
Vai arrancar o Campeonato de Portugal de Ralis, numa temporada que marca uma quebra com o passado. Pela primeira vez na história da competição, uma equipa nacional, o Team Hyundai Portugal contrata um piloto de topo do WRC para correr a tempo inteiro em Portugal. Uma espécie de ‘All in’.
Depois de ter sido campeã em 2018 com Armindo Araújo a Hyundai manteve-se nos anos seguintes sempre na luta, mas nunca repetiu o feito. Agora, aposta mais alto para concretizar esse objetivo. Craig Breen foi o piloto escolhido, um um piloto que luta, quando tudo lhe corre normalmente, pelos lugares de topo do WRC, e que por isso chega a Portugal com um rótulo de inalcançável para os ‘nossos’ pilotos, mas isso é algo que vai ter que provar na estrada.
Sem dúvida que Breen será o claro favorito ao triunfo na competição, mas a ‘armada’ lusa tem argumentos para lhe complicar a vida. Acima de todos eles, Armindo Araújo, que renova a sua parceria com a The Racing Factory e vai ter o novo Skoda Fabia RS Rally2, ainda que só no asfalto (é o que está previsto) uma ‘arma’ que se pode revelar importante. Mas há mais.
Ricardo Teodósio vai para a sua segunda época com o Team Hyundai Portugal, e se todos os ‘gremlins’ que se viram em 2022 forem resolvidos, será outro forte candidato ao título, até porque ao lado na ‘garagem’ terá alguém que pretende suplantar. Quem conhece Ricardo Teodósio sabe que vai à ‘guerra’…
O lote de candidatos este ano muda um pouco. Sai um ex-campeão nacional de Ralis, Bruno Magalhães, entra outro, Bernardo Sousa. O madeirense foi Campeão em 2010, e é conhecida a sua rapidez.
Agora mais maduro e experiente, é com o Citroën C3 Rally2 da Sports & You que vai à luta. Parte com o handicap de não disputar o CPR a tempo inteiro há alguns anos, mas em 2021, provou que, quando esse handicap é menor, leia-se rali que os habituais piloto de topo do CPR, não disputaram tantas vezes nos últimos anos, a margem diminui aumentando as do madeirense. Exemplo? Rali de Portugal 2021. Quando Bernardo Sousa foi segundo e lutou até ao fim pelo triunfo. Este ano essa dúvida pode tirar-se por exemplo no Algarve.
De José Pedro Fontes já se sabe que se conseguir elevar o nível de resultados que tem conseguido nas provas de terra, leva a sua contabilidade mais composta para a fase em que é realmente forte, e onde, por exemplo, ganhou dois ralis (para o CPR) no ano passado.
Outro piloto que este ano tem tudo para produzir acima do que fez no ano transato é Miguel Correia, que se estreou a vencer em 2022, significando que este ano podem contar com ele para andar na luta mais vezes, pelo menos nos pisos de terra, pois no asfalto, onde tem trabalhado para melhorar, ainda precisa de tempo.
Estamos certos que um dia ainda vai ser campeão no CPR. Quanto demora, logo se vê.
É verdade que o CPR só teve dois campeões nos últimos cinco anos, Armindo Araújo, três vezes, e Ricardo Teodósio, duas, mas houve sempre outros pilotos que poderiam lá ter chegado. Especialmente Bruno Magalhães e José Pedro Fontes. Se estivéssemos em Las Vegas, a grande maioria das fichas seriam colocadas em Craig Breen, mas também não nos admirávamos muito se existisse aqui um ‘jackpot’ inesperado.
Bom plantel
Há vários anos que o CPR tem mantido sensivelmente o mesmo nível com um conjunto de pilotos com bons carros e boas equipas, e este ano não será exceção. É verdade que foi na frente que surgiu a grande novidade, Breen, mas perdemos Bruno Magalhães, um dos mais titulados e destacados pilotos de sempre dos nossos ralis, vice-campeão europeu de Ralis e tricampeão nacional.
Pedro Meireles volta para a segunda época com o Hyundai i20N Rally2 do Team Hyundai N|M. & Costas, estando prevista a participação nas 8 provas, enquanto o seu irmão Paulo Meireles volta a fazer um programa parcial (Algarve, Terras D’Aboboreira, Alto Tâmega e Vidreiro), ambos com a Sports & You equipa que também assiste os Hyundai ‘oficiais’.
Paulo Neto regressa com o Skoda Fabia Rally2 evo e a ARC Sport, Pedro Almeida (Skoda Fabia Rally2 evo), trocou de assistência, passa a ser a espanhola MAPO Motorsport.
Ricardo Filipe (Ford Fiesta) continua com a Racing 4 You, e Paulo Caldeira (Citroen C3 Rally2), com a Sports & You. E há ainda um jovem, muito jovem, aliás, que está a fazer um percurso bem sustentado: Lucas Simões/Nuno Almeida (Ford Fiesta R5).
2RM bastante mais competitivo
Já aconteceu o mesmo no TT, agora parece que também no CPR há muito mais gente a apostar nas duas rodas motrizes, no caso do TT, categorias mais ‘baixas’, o que significa desde logo bem maior competitividade. É este o caminho. Para já em Fafe, 14 concorrentes, o que é bem mais do que o habitual.
A base dos ralis tem de ser maior e mais competitiva (no contexto) que o topo, pois é dessa forma que saem daí pilotos melhor preparados para o ‘salto’.
O campeão em título, Ernesto Cunha, quer manter o ceptro e volta a apostar no Peugeot 208 Rally4. Ricardo Sousa (Peugeot 208 Rally4) vai tentar de novo chegar ao título, Daniel Nunes (Renault Clio Rally4) regressa aos 2WD com a Domingos Sport, é de longe o mais experiente, Hugo Lopes (Renault Clio Rally4) é um piloto rápido, ainda jovem, que pode surpreender, Rafael Cardeira regressa com o Renault Clio R3T, é sempre candidato ao top 5, Pedro Silva eleva a fasquia com o Peugeot 208 Rally4 e a Domingos Sport, Hugo Mesquita (Renault Clio Rally4) é também um bom valor que regressa após três anos de ausência, Gonçalo Henriques, vencedor do FPAK Júnior Team e autor de uma grande exibição em Vieira do Minho é um caso a seguir com muita atenção, com o plantel a concluir-se com nomes como Gonçalo Fernandes (Renault Clio Rally4/Racing4you), Paulo Roque (Peugeot 208 Rally4/Racing4you), José Loureiro (Peugeot 208 Rally4), Miguel Abrantes (Renault Clio RS R3T), João Colaço (Renault Clio RS) e João Figueiredo (Renault Clio RS).
De resto, a competição mantém a estrutura, quatro provas em cada tipo de piso, terra e asfalto, e a única novidade do calendário é a saída do Azores Rallye a e entrada o Rali do Algarve. “Ladies and gentlemen start your engines…”
Palmarés
1956 Fernando Stock
1957 Horácio Macedo
1958 José Luís Abreu Valente
1959 José Luís Abreu Valente
1960 José Manuel Pereira
1961 Horácio Macedo
1962 José Baptista dos Santos
1963 Horácio Macedo
1964 Fernando Basílio dos Santos
1965 César Torres
1966 Manuel Gião
1967 Américo Nunes
1968 Américo Nunes
1969 Não houve Campeão Absoluto
1973 Não houve Campeão Absoluto
1974 Não se Realizou
1975 Manuel Inácio
1976 António Diegues
1977 Giovanni Salvi
1978 Carlos Torres
1979 José Pedro Borges
1980 Santinho Mendes
1981 Santinho Mendes
1982 Joaquim Santos
1983 Joaquim Santos
1984 Joaquim Santos
1985 Joaquim Moutinho
1986 Joaquim Moutinho
1987 Inverno Amaral
1988 Carlos Bica
1989 Carlos Bica
1990 Carlos Bica
1991 Carlos Bica
1992 Joaquim Santos
1993 Jorge Bica
1994 Fernando Peres
1995 Fernando Peres
1996 Fernando Peres
1997 Adruzilo Lopes
1998 Adruzilo Lopes
1999 Pedro Matos Chaves
2000 Pedro Matos Chaves
2001 Adruzilo Lopes
2002 Miguel Campos
2003 Armindo Araújo
2004 Armindo Araújo
2005 Armindo Araújo
2006 Armindo Araújo
2007 Bruno Magalhães
2008 Bruno Magalhães
2009 Bruno Magalhães
2010 Bernardo Sousa
2011 Ricardo Moura
2012 Ricardo Moura
2013 Ricardo Moura
2014 Pedro Meireles
2015 José Pedro Fontes
2016 José Pedro Fontes
2017 Carlos Vieira
2018 Armindo Araújo
2019 Ricardo Teodósio
2020 Armindo Araújo
2021 Ricardo Teodósio
2022 Armindo Araújo