Bruno Magalhães: “Para o ano vamos fazer melhor e estar mais fortes”

Por a 22 Dezembro 2010 11:32

É com esse espírito que Bruno Magalhães encara a época de 2011, pois mesmo sabendo que os adversários estão melhor equipados, não é por isso que deixa de dizer que ele e a equipa se sentem mais fortes e melhor preparados para 2011. Em entrevista a Gonçalo Cabral/16 Válvulas, o piloto da Peugeot Portugal projeta 2011, sem prometer vitórias, mas sim muita luta:

“A época de 2010 foi um sonho realizado, pois há muito que pensava em correr lá fora. Não fui só eu como piloto que corri no estrangeiro, mas sim toda a estrutura da Peugeot Portugal. Estar presente no IRC foi um sonho realizado.”, começou por referir.

“Sabíamos que o IRC era um campeonato muito competitivo, mas isso era fundamental para aprender e evoluir como piloto. A competição garantia logo à partida bom retorno, pois há muitas marcas envolvidas, e a certeza de ser um campeonato competitivo, eram ingredientes para uma boa época, onde se poderiam extrair muitos ensinamentos para este ano de 2011.”, referiu o piloto, confirmando que toda a equipa sabia que 2010 seria um ano difícil, de aprendizagem, pois uma coisa é correr e vencer em Portugal, lutando contra adversários com menos meios, e num campeonato competitivo como o IRC, onde o equilíbrio entre os concorrentes é grande e são pormenores como a experiência a fazer a diferença:

“O IRC é um campeonato com ralis muito variados, e a verdade é que em algumas provas não tirei o máximo potencial do carro, muito porque não conhecia os ralis.”, disse Bruno Magalhães, que este ano, mesmo sem as armas dos seus adversários, e com um carro mais antigo, tem como argumento a favor o facto de já ter acumulado um ano de experiência: “2010 foi um ano difícil, mas acima de tudo muito produtivo pois a experiência adquirida vai ser fundamental para 2011.” 

Balanço positivo em 2010

O ano de estreia no IRC ficou marcado pela primeira vitória, no Açores, e a certeza que em 2011, em determinados eventos vai ser possível a Bruno Magalhães lutar pelas vitórias. No ano que agora termina, o desconhecimento da maioria dos s ralis impediu que fosse mais longe, e o início do campeonato foi complicado. Quando chegou a fase portuguesa da competição, as coisas mudaram por completo e provavelmente só o acidente na Madeira impediu a segunda vitória:

“Foi um sonho estar à partida do Monte Carlo, um rali muito especial, que ainda por cima voltou às suas origens, com troços míticos. Foi uma aventura chegar ao final com apenas 100 quilómetros de testes, e sem um único arranhão no carro. Foi um milagre. Sem dúvida o Rali da Madeira era a prova onde tinha mais possibilidades de vencer, mais que nos Açores, pois o nosso carro tinha mais potencial relativamente à concorrência no asfalto, para além de que é um rali que gosto muito, mas onde quase nunca tenho tido muita sorte. Este ano acabámos fora de estrada, um desfecho que custou bastante aceitar, pois sabia que o nosso carro estava muito bom, houve inclusivamente tempos meus do ano anterior que não foram batidos e o nosso carro estava ainda melhor, pelo que sabia que tinha grandes possibilidades de vencer a prova. Mas o desporto motorizado é assim mesmo, e um problema de travões ditou o acidente e o abandono. O desporto automóvel é assim mesmo, é isso que nos fazer ter grande paixão, mas as contingências fazem parte, e apesar do amargo de boca, só penso voltar e ganhar.”, revelou Bruno Magalhães, antes de falar um pouco do Campeonato de Portugal de Ralis, uma competição que enferma de grandes problemas:

“O CPR infelizmente tem perdido muito do seu interesse, sem marcas presentes e no nosso caso, precisámos de evoluir e sair, para um campeonato mais desafiante, com outras condições, e muito mais competitivo. Reparem que no IRC em 12 provas houve oito vencedores distintos, pelo que o potencial do campeonato não tem nada a ver. Claro que estive atento ao CPR, onde no fundo foi um campeonato com apenas dois pilotos a lutar pelo título, onde um deles tinha melhores condições para vencer. Foi uma competição sem grande emoção, o que é uma grande pena. Para além disso a quantidade e qualidade inscritos, que continua a decrescer, preocupa-me imenso.”, referiu Magalhães, que já projeta 2011.

Sendo certo que a Peugeot Portugal vai correr no IRC em 2011, a verdade é que a situação é exatamente a mesma do ano passado por esta altura: “Neste momento estamos em altura de decisões para 2011, mas para já não assumo nada. Continuamos à espera respostas, sobre quantas provas vamos poder fazer. É esta a nossa realidade, há que aceitá-la.”

“Para já, vamos ao Monte Carlo, uma prova onde vários pilotos de ponta já fizeram três, quatro ou cinco dias de testes, só para este rali, enquanto o nosso carro continua na oficina. Esta é a realidade, e neste momento não posso dizer quantas provas faremos. Quando delinearmos o calendário, gostaria de repetir provas, devido à experiencia adquirida. É certo que vamos aos Açores e Madeira, e para já ao Monte Carlo, depois as outras logo se vê.”

Ao contrário do WRC, o Intercontinental Rally Challenge não tem alterações a nível de carros, se bem que neste momento os organizadores têm um problema em mãos, já que decidiram não admitir S2000 1.6 Turbo, mas a verdade é que se estes forem mesmo “impostos” pela FIA para os campeonatos locais, vai haver disparidade entre os S2000 aspirados, os mesmos deste ano, e os S2000 1.6 Turbo:

“Para já, no IRC os carros são os mesmos, e apesar de haver alguns ralis diferentes, os regulamentos são os mesmos. Tenho consciência que o nosso carro é o quinto ano que vai fazer de ralis, há atualmente carros de gerações mais recentes, mas há que trabalhar e acreditar que o nosso carro ainda tem potencial para fazermos boas provas. É este o espírito da Peugeot para 2011.” disse o primeiro piloto português a inscrever o seu nome no topo da classificação duma prova do IRC. Apesar do seu calendário ainda não ter sido delineado, Magalhães deixa um desejo: “Para além do IRC, gostaria de fazer o Rali de Portugal, pois em 2010 custou-me bastante estar de fora. Apontamos baterias ao IRC pois é o campeonato mais importante, e é aí que concentramos os nossos esforços.”

Paulo Grave é o novo navegador

Carlos Magalhães vai rumar ao WRC fazendo parceria com o brasileiro Daniel Oliveira, num dos novos MINI Countryman WRC que a Prodrive vendeu, mas está já encontrado o novo navegador para 2011: “Vou voltar a ter ao meu lado o Paulo Grave, que já correu comigo entre 2002 e 2007. O Carlos recebeu uma boa proposta e tem em mãos um novo e aliciante projeto. Fico a torcer por ele, e sei que ele também vai torcer por mim. O Paulo é excelente navegador, e depois de três anos sem fazer ralis está com grande vontade, pelo que tudo vai correr bem, e passar a ter um novo navegador não vai ser um problema.”

Teste antes do Monte Carlo

A menos de um mês do Rali de Monte Carlo, Bruno Magalhães não tem ainda agendado qualquer teste de preparação para a prova, sendo a sua participação do ano passado o único trunfo que tem na manga: “É certo que temos de fazer alguns quilómetros antes do Monte Carlo, em França,  antes da prova, mas ainda não está nada definido. Não é a situação ideal, quando outros testam quatro ou cinco dias, mas quanto a nós sabemos que isso não é possível. O carro é novo, está agora a ser montado. Devido ao acidente da Madeira tivemos que optar por uma nova carroçaria, mas não vamos ter quaisquer evoluções para este ano, pelo que não há diferenças relativamente ao carro que terminou o ano passado. De qualquer forma, sei que a equipa vai estar mais bem preparada para 2011, e aproveito para agradecer aos patrocinadores que acreditaram no projeto e a todos os que nos apoiam. Para o ano vamos fazer melhor e estar mais fortes.”, concluiu Bruno Magalhães.

AutoSport com Gonçalo Cabral/16 Válvulas

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