Armindo Araújo: Nove anos até ao título Mundial
Só mesmo Rui Madeira e Nuno Silva realizaram feito semelhante, com a ligeira diferença que em 1995 o campeonato de Produção não era um Campeonato do Mundo, agora é. Mas para os portugueses não há diferença, e este título sabe tão bem quanto soube o de Rui Madeira e Nuno Silva em 1995.
De Rebordões para o Mundo em apenas nove anos
A ideia sempre acompanhou Armindo Araújo desde que trocou as motos e o Enduro pelos carros e os ralis: vencer campeonatos, fossem eles nacionais ou internacionais. Mas, verdade seja dita, naquela tarde de 2000, no final do seu primeiro rali (Montelongo/Cidade de Fafe), quando explicou à AutoSport o que o motivara a apostar na modalidade – “estive em Santo Tirso, no primeiro rali do ano, e pelo andamento dos concorrentes achei que era capaz de não fazer má figura…” -, não lhe passaria pela cabeça o momento que agora vive.
Depois de Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva, no ‘longínquo’ ano de 1995 – Araújo tirou a carta de condução nesse ano… -, Portugal volta a inscrever um piloto na história da modalidade, o corolário de uma forte aposta pessoal em deixar Santo Tirso e rumar ao palco dos melhores carros e pilotos. Em 2007 e 2008, o nome começou a ser falado e notado, apesar de altos e baixos ao longo de cada temporada, para este ano finalmente acontecer a primeira vitória… e logo em casa!
De facto, quem como nós esteve presente no Algarve na edição deste ano do Vodafone Rali de Portugal ainda não esqueceu o momento em que Armindo Araújo saltou para cima do Mitsubishi, em pleno Estádio Algarve, ‘vestido’ com a bandeira nacional e foi saudado por mais de 20 mil pessoas que não regatearam palmas. Um ponto de viragem numa época que até já podia contar com mais um sucesso, caso o derradeiro troço do Rali da Grécia não tivesse significado a perda da liderança na sexta ronda do calendário.
Parabéns para nós!
Objectivamente, percebe-se porque surgem no Mundial de Ralis mais pilotos franceses, finlandeses ou espanhóis. Numa maior população, aumentam as possibilidades de encontrar novos e bons valores, os mercados são inegavelmente maiores e as próprias federações não se coíbem de ajudar quem mostra talento. Por cá, já se sabe. Não produzimos carros, o mercado é pequeno e a FPAK tem uma outra filosofia…
Por isso, o título agora conquistado por Armindo Araújo e Miguel Ramalho – pedra basilar neste resultado – acaba por ser uma recompensa… para todos aqueles que gostam e percebem de automóveis em Portugal. Há algum tempo atrás, ao telefone com Jean-Louis Schlesser, o francês recordava à AutoSport que o público português é dos mais entusiastas e conhecedores que já conheceu.
E Ari Vatanen, na sua passagem pelo nosso país ao serviço da VW no Dakar, apenas conseguiu seguir para África depois de ficar parado na passagem de um ribeiro no Alentejo, porque um espectador, mecânico de profissão, saltou para cima do motor e mostrou ao grande campeão finlandês qual o problema e como o resolver. O que emocionou o agora candidato à presidência da FIA. Armindo Araújo fartou-se de ganhar cá dentro, mas era preciso fazê-lo lá fora. Já está. Oficialmente!
E agora, Armindo?
Pois é… E agora? Será que um título mundial significa mais patrocínios, mais ambições ou, pelo contrário, uma fantástica recordação para os serões da reforma? O projecto de três anos chega agora ao fim e é preciso voltar à estaca zero. A crise não ajuda, as televisões, na generalidade, continuam a gostar mais de acidentes do que resultados – quem não se lembra do tratamento dado à notícia do acidente de Ricardo Teodósio, no Rali dos Açores ou mais recentemente na Rampa da Penha? – e o nosso mercado não cresceu. Será o fim da linha, Armindo? Provavelmente não, até porque agora há um argumento quase inigualável: Um título de campeão do Mundo.
PWRC 2009: A cereja no topo do bolo
O título no PWRC 2009 é, em definitivo, a cereja em cima do bolo para um piloto que apenas se iniciou há nove anos. No entanto, ao contrário da capacidade finalizadora da nossa Selecção, excepção feita ao jogo de ontem com a Hungria, acertou sempre no alvo e enriqueceu um currículo de campeão.
Em 2000, a estreia nos ralis traduziu-se no primeiro título, sagrando-se Campeão Nacional de Ralis/Promoção (5 vitórias). Depois, a passagem para o Troféu Saxo Rallye/Total, com 4 vitórias e mais um troféu. Em 2002, ‘aterra’ na Citroën para três épocas de sucesso: começa por ganhar a F3 (6 vitórias), antes do primeiro título absoluto (5 vitórias) e de novo a F3 e, em 2004, o segundo ‘caneco’ (2 vitórias) e o terceiro na F3. Ruma à Mitsubishi, mas mantém-se coerente: sagra-se Campeão Nacional em 2005 (3 vitórias) e 2006 (6 vitórias). Em 2007 e 2008, faz a dura e exigente aprendizagem do PWRC para este ano festejar mais um troféu, o ponto alto da sua carreira.
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