ANTEVISÃO 2009: Mundial de Ralis a duas mãos
Não é fácil olhar para o passado e encontrar um ano que se perspective semelhante ao do Mundial de Ralis de 2009. Ainda a recuperar do súbito choque que foi perder duas das suas principais equipas, a Subaru e a Suzuki, a principal competição de ralis tutelada pela FIA irá, no próximo ano, viver uma das temporadas mais pobres de sempre. Com um calendário de 12 provas (onde o Rali da Polónia se afirma como a única verdadeira novidade de vulto), o campeonato navegará ao sabor da luta entre a equipa Citroen Total e BP Ford Abu Dhabi e dos pilotos que defendem as duas formações, ficando no ar um certo sabor a pouco.
Num ano que é já considerado o primeiro de transição na revolução que a entidade federativa tem apontada para 2011, não são de esperar também grandes evoluções nos Citroen C4 WRC e Ford Focus RS WRC que ditarão a lei no campeonato não só porque a altura é de “apertar o cinto”, mas também porque não vale mais a pena investir em carros que têm, à partida, os dias contados.
Loeb à procura do sexto título
Mas à parte de um indisfarçável crise nas forças em presença, o que se pode esperar do Mundial de 2009? Para muitos, mais do mesmo. Sébastien Loeb volta, com toda a naturalidade, a vestir a camisola de favorito por força dos cinco títulos que leva já no bolso, mas também porque lhe é reconhecido um talento inato sempre que tem um volante que no centro tem o símbolo do “double chevron” ou seja, se tiver nas mãos o C4 WRC por si concebido e desenvolvido.
A grande questão é se o francês terá ainda a mesma motivação para vencer ou se se apresentará no terreno apenas para cumprir mais um ano de contrato e preparar o futuro de forma a dar uma volta de 180 graus à sua carreira e enveredar pelos circuitos finda a temporada. De uma maneira ou de outra, o piloto da Citroen Total que terá oportunidade de se tornar o primeiro piloto do mundo (e provavelmente único durante muitos anos) a ganhar 50 provas do Mundial, apresenta credenciais que cheguem e sobrem para ser o “alvo a abater” por toda a concorrência.
Ao seu lado, vai voltar a estar Dani Sordo. Ofuscado, até agora, pelo brilho do Campeão do Mundo, o espanhol continua à procura da sua primeira vitória no Mundial e é bem provável que a consiga na próxima temporada. Mais à vontade nos ralis de asfalto que de terra, o Campeão do Mundo Júnior de 2005 volta a partir na sombra do seu companheiro de equipa e com enorme responsabilidade sobre os ombros no que à revalidação do título de Marcas por parte da Citroen diz respeito.
Mas se a Citroen Total é vista como a equipa mais equilibrada de todo o “plantel”, a formação da BP Ford Abu Dhabi promete não lhe facilitar a vida até porque pouco terá gostado de ter perdido a oportunidade de conseguir o seu terceiro título de Construtores consecutivos em 2008. Suficientemente rodada e tendo talvez como o seu maior trunfo a experiência ao nível da estratégia de Malcolm Wilson, a equipa volta a entregar o papel principal a Mikko Hirvonen que se conseguir igualar a regularidade deste ano, só que terá que acrescentar uns “pózinhos” de rapidez para conseguir tentar ao seu primeiro título de Pilotos isto é, bater um “Super-Loeb”.
Mas, depois de um ano atribulado onde confirmou todas as suas potencialidades, mas também deu alguns “tiros no pé”, Jari-Matti Latvala apresentar-se-á no terreno de jogo, teoricamente, mais maduro e sem complexos para rivalizar com o seu chefe de fila dentro da equipa, desde que esta não lhe “corte as asas”. Se conseguir melhorar as suas “performances” no asfalto e, sobretudo, anular alguns excessos de impetuosidade na terra, então Latvala poderá ser mais do que um candidato a partilhar o protagonismo com Hirvonen, podendo mesmo começar a aflorar a palavra “Campeão” que, unanimemente, todos os especialistas na matéria, consideram que entrará no seu vocabulário mais ano, menos ano. Mas será este um cenário demasiado optimista? Provavelmente, mas que não é totalmente de excluir, lá isso não é.
“Outsiders” de luxo
Com o mercado de pilotos fechado e com o consequente aumento da taxa de desemprego entre os pilotos “top”, é de esperar que não faltem “outsiders” de luxo capazes de dar nas vistas, num ou noutro rali. Para já e no plano das “formações B” que pontuam para o Mundial de Construtores 2 (obrigadas a participar em pelos menos oito das 12 provas), são de esperar quatro registos, que não estão ainda todos confirmados.
A Stobart é, à partida, a equipa a que melhores resultados pode aspirar, mas não divulgou ainda quem serão os seus pilotos, sendo de esperar que François Duval e Henning Solberg, para além de Matthew Wilson possam defender as cores da primeira equipa satélite da BP Ford Abu Dhabi, sem menosprezo de outros pilotos que poderão também ser pontualmente inseridos no conjunto branco e verde.
Do lado da Subaru e com a perda da formação oficial, a principal equipa que promete levar o Impreza a “voos” mais altos é a Adapta, onde, naturalmente, Mads Ostberg se tentará revelar uma vez mais como menino-prodígio, o que poderá não ser fácil se a Petter Solberg ou mesmo a Chris Atkinson for dada a oportunidade de guiar um dos carros japoneses, sobretudo, se a equipa norueguesa herdar parte da estrutura desenvolvida pela Prodrive, nomeadamente, as mais recentes evoluções do Impreza S14.
Igualmente na corrida pelos melhores privados, tudo aponta para que também possa estar a “equipa B” da Citroen, ainda não formalmente conhecida e onde as duas únicas certezas são que os pilotos guiarão os competitivos Citroen C4 WRC e que quaisquer que sejam as suas identidades terão sempre que levar o livro de cheques bem recheado pois a equipa terá pilotos pagantes. De resto, há, de momento, a registar uma considerável corrida aos patrocinadores por parte de alguns pilotos que esperam fazer apenas participações pontuais, mas que, na verdade, não têm ainda totalmente garantida a sua presença.
PWRC e JWRC em baixa
Se o WRC ficou inegavelmente “ferido” pela crise financeira global, é de esperar que competições de segunda linha como o PWRC e o JWRC possam também sofrer fortes consequências, nomeadamente, uma assinalável redução do número de participantes. O primeiro sinal veio do facto do Campeão em título de Produção, Andreas Aigner, não ter lugar na sua equipa para prosseguir, mas outros pilotos lhe poderão seguir o exemplo.
Para já e a nível nacional, Bernardo Sousa continua com a sua presença assegurada num segundo ano onde finalmente os resultados vão ser levados mais a sério, enquanto Armindo Araújo não tem ainda totalmente assegurada a sua participação, mas deixa indícios claros que não falta muito para a confirmar, o que, a acontecer, voltará a colocá-lo no centro das atenções da disciplina, sobretudo, se se confirmar a referida redução de participantes. Concretamente em relação ao JWRC, não são ainda conhecidos projectos que possam lutar pela vitória no campeonato.
Martin Holmes: “Final de um ciclo”
De repente tudo mudou. Só haverá duas equipas oficiais (Citroen e Ford) no Mundial de Ralis porque duas delas (Subaru e Suzuki) abandonaram, mas, em compensação, provavelmente, haverá quatro equipas no Mundial de Construtores 2. A ideia imediata é que vão faltar muitos amigos no Mundial e que a sua “família” ficou mais pobre. Não só porque vão faltar pilotos de inegável valor como Gardemeister, Andersson, Solberg, Atkinson e até Guy Wilks que tinha já um pé na Subaru, mas também pela confirmação da mudança de regras para 2010 e rotatividade do calendário que impedem grandes investimentos e atrofiam a evolução.
O desenvolvimento dos WRC como os conhecemos terminará e os Super 2000 passarão a ser o alvo de todas as atenções, especialmente aqueles que têm pretensões de virem a tornar-se na nova geração dos World Rally Cars. Quem sairá beneficiado com todas estas mudanças será, a curto prazo, o IRC, especialmente depois da decisão da Skoda aí assentar armas e bagagens, relegando o Mundial para segundo plano…até ver. Será, sem dúvida, uma época diferente e carregada de mudanças.
Calendário
Data Prova
28 Janeiro/01 Fevereiro Rali da Irlanda
11/15 Fevereiro Rali da Noruega
11/15 Março Rali do Chipre
01/05 Abril Rali de Portugal
22/26 Abril Rali da Argentina
20/24 Maio Rali de Itália-Sardenha
10/14 Junho Rali de Acrópole
24/28 Julho Rali da Polónia
29 Julho/01 Agosto Rali da Finlândia
02/06 Setembro Rali da Austrália
30 Setembro/04 Outubro Rali Catalunha – Espanha
21/25 Outubro Rali de Gales
O que muda em 2009
– O calendário passa a contar apenas com 12 provas e a ser o mais curto desde 1996. É a primeira vez que a Córsega fica de fora e a Polónia reentra (após 36 anos).
– Tanto o PWRC como o JWRC terão oito ralis, dos quais os concorrentes nomeiam seis. Pela primeira vez, os participantes de uma e de outra competição vão partilhar quatro ralis.
– A redução de eventos significa que é possível impor maiores limites no número de carros construídos, no número de motores preparados e no número de dias de testes disponíveis. O número de jantes também é reduzido passando a ser apenas possível utilizar jantes de 15 polegadas na terra e 18 no asfalto. No Rali da Noruega haverá também pneus de terra disponíveis.
– Apenas quatro mecânicos podem trabalhar nos carros, em vez dos seis actuais.
– Nos ralis onde são permitidos “batedores”, só poderá haver um “batedor” por equipa.
– Pela primeira vez, desde o Rali de Sanremo de 1996, haverá uma prova mista, com etapas em asfalto e terra. Trata-se do Rali do Chipre, a terceira ronda do campeonato.
– A regulamentação do Mundial de Ralis for reescrita por forma a tornar-se mais uniforme e deixar menos dúvidas, nomeadamente numa nova clausula que refere expressamente: “tudo o que não esteja autorizado pelo regulamento é proibido”.
– Se um rali for encurtado, será atribuída a totalidade dos pontos (o que protege os concorrentes do PWRC e JWRC que nomeando seis em oito eventos, poderiam ser prejudicados).
– Nasce a iniciativa Pirelli Star Drivers que se estreia no Vodafone Rali de Portugal.
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