A nova geração do WRC
Sébastien Ogier arrisca-se a dominar uma era no WRC caso Jari-Matti Latvala e companhia não consigam contrariar a fabulosa rapidez e consistência do francês. Mas o Mundial de Ralis precisa urgentemente de encontrar novos talentos sob pena de ficar ‘preso’ aos mesmos protagonistas dos últimos anos…
Renovar para não morrer. É uma verdade indesmentível em tantas áreas da vida – e o pelotão do Campeonato do Mundo de Ralis não é exceção. Com a lenda de Sébastien Loeb no WRC (quase) definitivamente votada aos livros da História, ‘abriu-se’ uma janela de oportunidade para toda uma nova geração de pilotos… bem, pelo menos até Sébastien Ogier abalar a moral dos seus rivais com uma prestação absolutamente dominante em 2013. Há quem defenda que Loeb deixou de ter um adversário à altura desde a retirada de Marcus Grönholm no final de 2007, e que Mikko Hirvonen, Jari-Matti Latvala ou Petter Solberg nunca conseguiram colocar real pressão sobre o lendário alsaciano. Certo é que, depois das vitórias retumbantes em Monte Carlo e no México e antes do erro que o afastou de novo triunfo na Suécia, parecia plausível acreditar que algo de semelhante se passará com Sébastien Ogier no futuro próximo, até porque a Volkswagen tem meios e ambição para fazer nos próximos anos aquilo que a Citroën fez durante o ‘reinado Loeb’.
Repare-se que Ogier ‘só’ tem 30 anos de idade e é três anos mais novo do que Hirvonen, quatro do que Kris Meeke e alguns meses mais jovem do que Dani Sordo. Além disso, o francês não é muito mais velho do que Latvala (28) ou Mads Ostberg (26), e mesmo Thierry Neuville e Elfyn Evans (25) podem ser colocados na mesma geração de Ogier. Entre todos os pilotos oficiais do WRC, o mais jovem é Andreas Mikkelsen, com 24 anos, mas o norueguês ainda terá de provar que consegue incomodar regularmente os seus dois cotados companheiros na VW, agora que tem mais experiência ao volante do Polo R WRC.
Um dos grandes dilemas do WRC é a falta de novos talentos que nos últimos anos têm conseguido chegar à categoria principal. Talvez por isso a incursão de Robert Kubica tenha sido altamente valorizada do ponto de vista mediático e comercial, já que o polaco era um dos maiores talentos da Fórmula 1 antes do acidente sofrido em 2011 ao volante de um Skoda Fabia S2000. Kubica e essa aura de ‘estrela’ foram altamente benéficos para os ralis, cujos responsáveis e adeptos estão ávidos de encontrar novas estrelas que possam lutar com Ogier, Latvala e companhia durante a próxima década. Esapekka Lappi é talvez a grande esperança dos ralis mundiais na atualidade, embora o jovem finlandês esteja contratualmente ligado à Skoda e, portanto, não deverá dar o salto para o WRC antes de 2015. Pilotos como Meeke (34 anos), Juho Hänninen (32) ou Bryan Bouffier (34) também já não são propriamente esperanças e, neste contexto, fomos perceber qual é o panorama atual da famigerada renovação no WRC.
Cada vez mais próximos do topo…
Thierry Neuville, 25 anos, Hyundai
Neuville foi ‘descoberto’ pelo Junior Team da Peugeot/Citroën e portanto as comparações com Loeb e Ogier foram inevitáveis no início de carreira. Contudo, o belga está na sua terceira época no WRC… e na terceira equipa diferente (Citroën, M-Sport e Hyundai), sem conseguir ainda provar que tem maturidade suficiente para se tornar um piloto de topo. Rapidez não lhe falta e a forma como obliterou Mads Ostberg e Evgeny Novikov no ano passado foi o cartão-de-visita decisivo para ser a grande aposta do milionário programa da Hyundai. Que, diga-se, até ao pódio no México tinha sido pouco menos que desastroso…
Andreas Mikkelsen, 24 anos, Volkswagen
O Rali da Suécia mostrou um Mikkelsen mais competitivo e confiante mas também não se pode esquecer que esta já era a quarta presença do norueguês na prova nórdica, na qual se estreou com apenas 18 anos ao volante de um… Ford Focus WRC (5º da geral). Mikkelsen pôde este ano testar tanto como Ogier e Latvala na pré-época, e isso foi crucial para se aproximar dos seus companheiros de equipa quando encontrou um terreno mais familiar (tinha sido apenas 7º em Monte Carlo). O bicampeão do IRC (2011 e 2012) tem ainda de provar que conseguirá ser um piloto ganhador no WRC, onde a exigência e pressão são naturalmente maiores mas onde a enorme competitividade do Polo R WRC também é um trunfo precioso. E com apenas 24 anos, Mikkelsen tem várias épocas ao mais alto nível pela frente…
Robert Kubica, 29 anos, M-Sport
A entrada de Kubica no WRC fez mais pela projeção do Mundial do qualquer medida dos seus (incógnitos) promotores. O polaco revelou uma enorme resiliência ao recuperar do grave acidente sofrido em Itália, há três anos, dando a primeira demonstração de talento no Rali das Canárias de 2013, onde ganhou todos os troços até desistir devido a um toque. Com um DS3 RRC adaptado à falta de mobilidade na mão e pulso direitos, Kubica foi campeão do WRC2 e venceu o Janner Rally (ERC) no início deste ano, embora sempre com algumas ‘escorregadelas’ pelo meio. Despistes que continuaram nas três primeiras provas como piloto oficial da M-Sport, mas a verdade é que Kubica ainda está a aprender a modalidade e poucos duvidam que será um forte candidato às vitórias nas provas de asfalto. Se é um potencial campeão? Isso já é mais difícil…
Elfyn Evans, 25 anos, M-Sport
Os britânicos procuram a todo o custo um sucessor para Colin McRae, e depois de terem tentado ‘colar’ esse rótulo a Kris Meeke – que só agora, aos 34 anos, tem uma verdadeira oportunidade no WRC – viram-se atualmente para o jovem galês Elfyn Evans, filho do antigo piloto Gwyndaf Evans. O protegido da M-Sport dominou a WRC Academy em 2012 e a vitória no WRC2 com um Fiesta R5, a fechar 2013, também ajudou a sua promoção à equipa oficial no WRC. Sexto em Monte Carlo e desistente na Suécia (quando era 11º na última especial), Elfyn Evans ainda não mostrou capacidade para lutar pelos pódios na categoria principal.
A caminho…
Esapekka Lappi, 23 anos, Skoda
Os olhos estão postos neste jovem finlandês desde que Lappi ganhou todas as provas do campeonato da Finlândia em 2011, ao volante de um Fiesta S2000. As vitórias em Portugal (WRC2), Polónia, República Checa e Letónia (estas no ERC) ajudaram a cimentar a opinião de que este é o talento do futuro nos ralis mundiais, que ainda por cima brilhou no campeonato Ásia-Pacífico em 2013. Antigo piloto de karting, o finlandês de 23 anos parece ter um estilo menos exuberante do que o dos seus famosos compatriotas, mas Lappi também precisa de acumular mais experiência e terá este ano a oportunidade de aprender a desenvolver um carro novo, o Fabia R5. É um favorito à vitória nos próximos ralis da Acrópole e SATA Açores.
Craig Breen, 24 anos, Peugeot
Ao ganhar a WRC Academy e o SWRC em anos consecutivos, o irlandês começou a ser visto como umas futuras estrelas do WRC, embora esse estatuto tenha sido ‘beliscado’ pelas exibições algo discretas como piloto oficial da Peugeot no Europeu de Ralis. Contudo, o 207 S2000 é um carro desatualizado face aos Fabia S2000, R5 e RRC da concorrência, o que atenua a análise às performances recentes de Breen, que, recorde-se, perdeu o seu navegador e melhor amigo Gareth Roberts num acidente no IRC, em 2012. A estreia do novo Peugeot 208 T16 (R5) também será um teste ao verdadeiro potencial de Breen para o futuro.
Ott Tänak, 26 anos, privado
Bicampeão de ralis da Estónia, Tänak chegou ao Mundial por intermédio do seu mentor Markko Märtin e o certo é que o jovem piloto mostrou enorme rapidez tanto no Mitsubishi de Grupo N do Pirelli Star Driver (PWRC) como no Ford Fiesta S2000 com que venceu quatro provas do SWRC. O resultado foi um contrato de cinco anos com a M-Sport mas a época de 2012 ao volante de um Fiesta RS WRC foi absolutamente desastrosa e isso minou a confiança e reputação de Tänak, que no ano passado competiu unicamente no seu país. Só regressou ao Mundial no recente Rali da Suécia mas como em 2014 terá um programa patrocinado pela DMack dividido entre o WRC (incluindo Portugal) e WRC2, o estónio ainda poderá reabilitar a sua carreira.
Jovens a ter em conta…
Sébastien Chardonnet, 25 anos, Citroën
Outro Sébastien?? Pois é; o apelido Chardonnet tem antecedentes nos ralis e nos circuitos mas é o nome Sébastien combinado com o facto de ser francês e de ter ganho o WRC3 em 2013 que deixam os adeptos gauleses com água na boca. Para já, Chardonnet tem a responsabilidade de estrear o novo Citroën DS3 R5 no Rali de Portugal, e, tal como no caso de Craig Breen, a sua prestação nesta fase poderá determinar até que ponto será levado a sério pelas equipas do WRC no futuro.
Keith Cronin, 27 anos, privado
O tricampeão britânico de ralis chegou relativamente tarde do Mundial mas Cronin esteve em bom plano no WRC3, ao volante de um Citroën DS3 R3T que bem conhece. O irlandês venceu a categoria no emblemático Rali da Finlândia e subiu ao pódio em quatro das cinco provas restantes, sagrando-se vice-campeão atrás de Chardonnet. Contudo, Cronin debate-se com a falta de budget para continuar a evoluir no Mundial e não é certo quando voltará a aparecer em cena.
Pontus Tidemand, 23 anos, privado
O enteado de Henning Solberg é o atual campeão sueco de ralis mas já tinha dado nas vistas precisamente no Rali da Suécia de 2013, na estreia com um Fiesta RS WRC. Tidemand terminou a época passada a conquistar também a WRC Academy/JWRC e este ano foi oitavo no ‘seu’ rali, novamente com um Fiesta RS WRC privado. A grande questão sobre o jovem nórdico é: será que consegue ser igualmente rápido nas outras provas do Mundial?
Quentin Gilbert, 24 anos, privado
Mais um francês e mais um nome saído do famoso Rally Jeunes, o programa de deteção de jovens talentos organizado pela FFSA (federação francesa) em conjunto com Peugeot/Citroën. Quentin Gilbert venceu o Citroën Racing Trophy em 2012 (com os DS3 R3T) e por isso foi contratado para piloto de testes da marca francesa em 2013, onde ainda venceu a prova do WRC3 no Rali da Alsácia. Mas a herança é pesada para os jovens franceses…
O Autosport já não existe em versão papel, apenas na versão online.
E por essa razão, não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Desconto nos combustíveis Repsol
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI