Morreu Carlos Gaspar
Morreu Carlos Gaspar, um dos grandes nomes do automobilismo português. O consagrado antigo piloto do Porto estava doente há algum tempo, faleceu hoje cerca do meio dia. Conhecido não só pelo seu talento como piloto, mas também pela sua capacidade organizativa e conhecimentos técnicos (tirou um curso de Engenharia em Inglaterra), esteve, entre muitos outros, no famoso Lola Team BIP. Carlos Gaspar tinha um palmarés impressionante a nível nacional (2 Títulos Nacionais) e também internacional, na F3. À família e amigos, o AutoSport apresenta as suas mais sentidas condolências.
Carlos Gaspar tinha 78 anos, cumpriu cerca de três décadas da atividade desportiva enquanto piloto de automóveis. Foi um verdadeiro “homem do Norte” colecionou um número apreciável de títulos e muitas mais taças, correspondentes a incontáveis vitórias: “O meu último ano de piloto foi em 1973. Era o segundo ano do Team BIP, que tinha começado em 1972, com o Lola T280 equipado com um motor DFV Consul de três litros”, disse-nos, há cerca de década e meia, numa altura em que era cronista do AutoSport.
As palavras não lhe traiam a emoção que sentia, quando falava do “seu” Team BIP: “Para 1973, o nosso projeto alargou-se. Comprámos dois Lola T292 com motores de 2 litros e decidimos promover pilotos portugueses que corriam no estrangeiro.” Um pouco como, mais tarde, outros (infelizmente escassos…) exemplos surgiram – o mais recente deles, o promovido pela Starzone, que deu corpo ao Team Portugal. “A ideia era passar da classe de 3 litros, que era onde corriam as equipas de fábrica, para a de 2 litros, mais acessível.” A equipa seria constituída por 4 pilotos, dois deles para as corridas de “sprint” e os outros numa equipa para as provas de resistência. Então, deu-se o “25 de Abril”… e tudo ficou em “águas de bacalhau”, como tantos outros projetos existentes na altura: “Foi então que descobri que a minha vida profissional era mais importante que correr. Mesmo assim, o ‘bichinho’ nunca morreu. Esperei dois, três, quatro, cinco anos e, ao fim desse tempo, sem garantias de poder avançar com os projetos antigos, a decisão foi simples – abandonei a ideia de continuar a ser piloto de automóveis.”
Contudo, isso não significou o afastamento de Carlos Gaspar desse mundo, onde “na verdade nasci e fui criado”, conforme singelamente assinalava: “Enfim, passei a ser o que sempre fui: um apaixonado destas coisas dos automóveis, um religioso seguidor da técnica dos automóveis de competição.” Além disso, Carlos Gaspar manteve-se firme na “parte comercial e industrial dos automóveis”, onde estava já por “continuidade familiar”. E, para dourar a pílula, juntado o útil ao agradável, passou a ser, “um leitor assíduo e devorador de tudo o que diga respeito à técnica dos automóveis de competição.”
Posteriormente, durante mais de uma década, fez dotes de “escriba” em algumas publicações ligadas, “umas mais outras menos”, aos automóveis, inclusive a nossa. Seja como for, o assunto era sempre o mesmo: a sua paixão, indelével e que levou consigo, no remanso de uma pacata aposentadoria, os automóveis e tudo o que o rodeia. Por vezes polémica, a sua voz sempre foi muito escutada com a certeza de quem sabia do que estava a falar: “Não estou velho, mas acho que já dei a minha contribuição. Foi um amor muito grande. Uma paixão autêntica. Nunca ganhei um tostão nestas coisas do automóvel e tenho o sentimento do dever cumprido. Posso dizer que ganhei muitas coisas, mas também perdi muitas. Seja como for, hoje sou um homem feliz. Muito feliz”, disse-nos na altura.
Que descanse em Paz, na certeza que o automobilismo perde muito com o seu desaparecimento.
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Mcrae
6 Janeiro, 2021 at 14:50
Obrigado por tudo o que fez pelo automobilismo. Que descanse em paz.
Cágado1
6 Janeiro, 2021 at 15:02
Grande piloto, totalmente anti-vedeta, dos primeiros (talvez o primeiro) em Portugal a encarar o desporto automóvel com verdadeiro rigor profissional.
João Pereira
6 Janeiro, 2021 at 21:13
De entre os mais velhos de nós (colheita de 60 pelo menos), quem não teve um poster do Lola BIP de Gaspar na parede do quarto? Na nossa História para sempre. R.I.P.