BMW M2, o mais recente membro da guerra dos ‘Safety-Car’
Longe vão os tempos em que os ‘safety-car’ tinham apenas como missão servir de veículo de apoio destinado a colocar o pelotão das corridas ‘em sentido’. Os construtores de automóveis cedo perceberam o impacto promocional que a exposição das suas viaturas poderia ter na notoriedade das suas marcas e modelos, e daí que hoje muitos campeonatos tenham um ‘safety-car’ oficial que está presente em todas as provas dos seus calendários.
Poderíamos selecionar muitos exemplos, inclusive o Alfa Romeo 4C, que foi o carro de segurança oficial do WTCC nos últimos dois anos. Mas decidimos antes olhar para a BMW e para a Mercedes por serem das mais antigas (e cuja presença se prolonga há mais tempo) em duas competições de topo: o MotoGP e a Fórmula 1.
Se a BMW ‘patrocina’ há incríveis 18 anos (dez como ‘safety-car’ oficial) a principal competição de velocidade do mundo do motociclismo, a Mercedes está num patamar ainda mais elevado por fazer o mesmo com a Fórmula 1 desde 1996, ou seja, há precisamente 20 anos!
O primeiro modelo da casa de Estugarda a ter essa honra foi o C 36 AMG, com um potente motor de 3.6 litros. Seguiram-se o CLK 55 AMG (1997 e 2003), o CL 55 AMG (2000), o SL 55 AMG (2001 e 2004), o CLK 63 AMG (2006), o SL 63 AMG (2008), os inesquecíveis SLS AMG e SLS AMG GT (2010 e 2012), e finalmente o AMG GT S introduzido em 2015. Além do ‘safety car’, a Mercedes tem ainda o controlo dos carros médicos oficiais. E se numa primeira fase manteve uma total concordância com os ‘safety-car’, a partir de 1998 decidiu promover as suas carrinhas, como a C 55 AMG Station (introduzida em 1998 e 2004), a C 32 AMG Station (2001) e a C 63 AMG Station (2008 e 2015).
A BMW, por outro lado, tem-se servido da popularidade do MotoGP ora para apresentar novos modelos, como o BMW Z8, ora para entregar viaturas do departamento ‘M’ aos pilotos, neste caso com base em competições que premeiam, por exemplo, aqueles que obtiverem o maior número de pole-positions numa dada temporada. Em 2006, a marca passou também a ter o exclusivo sobre os ‘safety-cars’ oficiais do campeonato, direcionando as luzes dos holofotes para modelos como o M6 Gran Coupé ou o M4 Coupé.
O negócio não pára. E é por isso que, em 2016, a marca bávara irá promover três elementos da divisão M: o M3, o M4 e… o novíssimo M2. Já a Mercedes irá continuar a apostar no AMG GT S, o sucessor do SLS.
Vamos então a factos: prefere um pequeno coupé desportivo de 370 cv extraídos de um motor de 3.0 litros, com um roll-bar propositadamente construído para o efeito… ou um supercarro repleto de alumínio e equipado com um potente V8 biturbo de 4.0 litros e 510 cv?
A escolha pela potência pura não deixa outra alternativa senão eleger o Mercedes, mas o BMW tem tudo para ser um brinquedo bem divertido, até porque, enquanto o AMG GT S demora 3,8 segundos a atingir os 100 km/h, o M2 leva apenas mais 0,5s a fazer o mesmo…
Preferências à parte, foram necessárias algumas alterações de modo a torná-los aptos para as tarefas de ‘safety-car’. Se no caso do Mercedes, dada a natureza ‘competitiva’ do AMG GT S, tal verifica-se apenas na gestão eletrónica e em alguns componentes da transmissão, amortecedores e direção (há ainda as jantes, mais leves, e o respirador em fibra de carbono que se encontra no tejadilho), a BMW deu-se a muito mais trabalho para tornar o M2 ‘especial’, num projeto iniciado em outubro de 2015 e que levou dez semanas a ser concluído.
A base começa num modelo básico de produção em série, que foi depois personalizado dentro das instalações da BMW M com peças exclusivas da “BMW M Performance”.
Os bancos traseiros foram retirados para suportar o arco de segurança inspirado no M4 GTS, mas também para libertar espaço para a instalação do extintor obrigatório. Seguiu-se o painel de luzes LED que se encontra no topo do tejadilho e a barra que o suporta, composta por materiais leves e revestida por fibra de carbono da mesma cor da carroçaria.
O difusor e a enorme asa traseira, igualmente inspirada no M4 GTS e construída em plástico reforçado com fibra de carbono, servem para compensar o distúrbio aerodinâmico provocado pela instalação das luzes de segurança e da barra que a recebe. Já a frente inclui um ‘splitter’ e um defletor adaptados propositadamente para servirem no para-choques do modelo de série.
O M2 Coupé ‘Safety-Car’ recebeu ainda os travões de carbono-cerâmica do M3 e M4, enquanto o sistema de escape ‘perdeu’ o silenciador, conversor catalítico e borboleta para que o ronco do motor se faça ouvir na sua máxima força, mas acima de tudo para que se consiga sobrepor ao ruído das motos enquanto estas realizam a volta de aquecimento antes da partida. Por fim, o mais recente membro da divisão M da BMW foi presenteado com um novo capot, mais de acordo com os seus pergaminhos desportivos, e um corta-corrente e um corta-combustível para garantir a sua segurança (e a de quem viaja com ele) sempre que é transportado em direção às diversas rondas dos campeonatos em que a sua presença é necessária, neste caso o MotoGP.
O habitáculo conta também com pormenores únicos, como o dourado do volante, a replicar a tonalidade do arco de segurança, jantes, pinças dos travões, apoios da asa traseira e encaixes dos cintos. Mas também com a profusão de couro e Alcantara no tablier e nos bancos.
Já a pintura é composta pelo branco e as riscas vermelhas e azuis típicas da BMW M.
André Bettencourt Rodrigues
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