«Uma verdadeira aventura»

Por a 11 Setembro 2007 17:00

«Uma verdadeira aventura»

Esta foi a melhor forma que o nosso leitor Ricardo Barbosa, vencedor da Liga GP AutoSport 2006 encontrou para resumir a sua deslocação, com a companhia da sua esposa, ao Grande Prémio da Turquia, evento que escolheu para gozar o prémio ganho na edição do ano passado deste concorrido passatempo organizado pelo AutoSport, e que este ano goza de semelhante êxito. O texto que conta as peripécias vividas naquele inesquecível fim-de-semana pode ser visto na íntegra, em baixo:

«A viagem ao Grande Prémio da Turquia de Formula 1, revelou-se uma verdadeira aventura.»

«Começou logo na véspera com um corte de cabelo completamente inesperado, com um “pente 3” por toda a cabeça, devido a um erro de interpretação e comunicação entre a profissional do ramo e a minha pessoa. Ultrapassado o susto inicial, pois nunca tão grande corte tinha efectuado em 32 anos, lá fomos nós rumo a Istanbul.»

«A primeira parte da viagem decorreu entre o Porto e Lisboa, e foi aqui que tomei consciência do feito alcançado, do lugar 12A, sobrevoando a região de Aveiro, tinha uma ampla perspectiva do nosso país e imaginava na quantidade de pessoas que podiam ter conquistado o prémio e estarem no meu lugar.»

«Uma verdadeira aventura»

«Mas esse momento era meu e estava a partilhá-lo com a minha desde sempre companheira de viagem, a minha esposa. Senti-me muito honestamente – Especial. Pois, mais do que em mim, pensava naqueles que desde sempre desejaram e sentiram que podiam ter vencido. Tal como o azar também a sorte só bate aos outros, pensamos nós, e a vida é um misto dos dois.»

«A viagem continuou desde Lisboa até Istanbul sem qualquer tipo de problemas e continuávamos com uma expectativa e ansiedade enormes.»

«Mas depressa a moral bateu no fundo e pela primeira vez desejei não ter ganho o concurso e pensei várias vezes, mas porque raio não fiquei em segundo, pelo menos não tinha este stress com que acabava de me deparar e tinha o capacete do Senna no meu estúdio lá de casa e mais tarde, se os tiver oferecia-o aos netos.»

«A mala não chegou a Istanbul e um turbilhão de pensamentos começava a fervilhar nas nossas mentes. Depois do corte de cabelo e das malas o que mais poderia acontecer?»

«Deslocámo-nos ao “Lost and Founds” do aeroporto e fizemos a participação do sucedido, como o mal não nos aconteceu somente a nós estivemos na fila de espera cerca de 90 minutos até tudo estar aparentemente resolvido, ou neste caso, reclamado.»

«Enquanto esperávamos, o meu nome era repetidamente anunciado nos altifalantes do aeroporto, pois tínhamos a carrinha para nos levar ao hotel à nossa espera e comecei a pensar que o mais certo era ter de apanhar um táxi, pois o motorista estava com certeza a pensar que já lá não estaríamos ou não teríamos chegado.»

«Reclamação feita e toca a sair do aeroporto com a roupa que tínhamos vestido e uma pequena mochila onde tínhamos apenas dois casacos de agasalho, para o caso de termos frio no avião ou uma eventual chegada mais fresca ao destino.»

«Apresentado o pedido de desculpas ao motorista por tão grande atraso lá fomos em direcção ao Hotel. O hotel situava-se em pleno centro histórico de Istanbul, muito bem localizado e arranjadinho, mas sobretudo limpo.Combinado o horário do motorista em nos ir buscar ao Hotel, lá madrugámos em direcção ao Istanbul Park. O circuito impressionou-nos pela sua modernidade, a contrastar com a cidade e estilo de vida turco.»

«Muito funcional, mas com um grande senão, foi-nos completamente vedada a entrada de água no circuito e na bancada, gerada uma breve discussão com os seguranças do circuito, em que manifestámos o nosso completo desacordo por tal medida, dadas as elevadas temperaturas que se verificavam e a ausência de sombras no circuito, pois está num verdadeiro descampado, não existindo uma única árvore em torno do mesmo.»

«O tom das discussões ao longo de sexta-feira foi aumentado pelas inúmeras reclamações efectuadas pelo público presente e no sábado e no domingo lá deixaram entrar a água. Até hoje continuo a não perceber qual o problema da água, se alguém souber concretamente o porquê, que me explique. Mas a moral continuava em baixo pois não sabíamos ainda nada acerca das malas, pois as informações na Turquia eram escassas, apenas nos diziam que as mesmas não tinham saído de Lisboa e não havia ainda uma localização precisa. Abandonámos o circuito e regressámos ao hotel e… nada, tudo na mesma.»

«Decidimos então ligar directamente para cá e solicitamos a ajuda da Ex.ma Srª D. Anabela Santos do Key Club, que nos deu o calmante que precisávamos tomar na ocasião. Estabeleceu os contactos necessários e informou-nos que apenas no Domingo é que as malas seriam despachadas para Istanbul.»

«Perante tal informação e depois de adquiridos uma série de artigos de higiene, lá tivemos de comprar roupas para os dias seguintes, pois a que tínhamos já não dava para mais.»

A partir daí, e sentindo-nos um pouco mais confortáveis, decidimos entrar novamente no espírito F1.

«O sábado, correu como tínhamos pensado, usufruímos em pleno das magníficas instalações do circuito e áreas de lazer envolventes, com umas voltinhas de simulador, muita música no stand da “Coca-Cola” e da “Red Bull”, aquisição de umas lembranças nas tendas de merchandising e claro está rentabilizar os decibéis dos nossos “amigos” V8.»

«Em relação ao circuito, por muito que nos custe admitir, percebe-se o porquê de não termos mais a Formula 1 em Portugal. O Istanbul Park é do melhor que vi até hoje, excelentes acessibilidades, inúmeros locais de estacionamento, óptimas bancadas com um raio de visão excelente, podendo ver-se vários pontos do circuito, em todas as bancadas um ecrã gigante, amplas escapatórias e pista exterior de evacuação rápida de veículos acidentados e ainda para comodidade de todo o público um serviço de 20 autocarros em torno do circuito, que passam a cada 5 minutos nas diversas paragens junto das bancadas, o ‘paddock’ é muito espaçoso e todos os camiões de apoio encontram-se numa área completamente independente de tudo o resto e possui também vários WC impecavelmente limpos. Perante isto só a construção de raiz de um novo autódromo é que nos permitirá estar novamente na alta-roda do desporto motorizado.»

«Uma verdadeira aventura»

«As provas de suporte foram agradáveis, quer a Porsche SuperCup, quer o GP2, que são de facto uns carros com um nível de andamento muito interessante e um pelotão muito simpático.No domingo a corrida não foi de facto a mais espectacular dos últimos tempos, mas foi outro momento em que senti que era meu, como que se estivesse isolado de todos os outros, quando começaram a passar senti aquele friozinho bom e aquele arrepio na espinha. A corrida tinha começado e eu estava lá.»

«Terminada a corrida a viagem ainda não tinha acabado, havia mais para ver, locais históricos para visitar e mais lembranças para comprar e a estadia prolongou-se…»

«Notícia boa, as malas acabariam por chegar na segunda-feira e uma sensação de alívio tomou conta de nós, as nossas coisas estavam todas lá e pudemos desfrutar um pouco mais de Istanbul. Agora é tempo de olhar para trás e recordar toda a época de 2006 e as apostas que foram lançadas e que nos permitiram viver esta aventura e todas as histórias que ainda ficaram por contar.»

«Uma palavra de agradecimento ao Sr. Hilmi, o nosso motorista, da enorme Mercedes Sprinter Bus, de 24 lugares que só nos levava aos dois. Era a maior limusine do evento.»

«O Sr. Hilmi apesar dos seus 50 e alguns trocados e com um inglês quase imperceptível e mínimo, foi também dentro dessas limitações o nosso verdadeiro guia turístico, mostrando-nos muito do que há para ver em Istanbul. Para ele aquele abraço. Lamento não ter tirado mais fotografias para poder partilhar convosco, conforme era nossa intenção, pois o carregador encontrava-se precisamente na famosa mala. Contudo as que tirei serão brevemente publicadas na “galeria dos leitores” e enviadas também para o Key Club.»

«Ao AutoSport uma vez mais o nosso sincero agradecimento pela iniciativa, que ficará para sempre na nossa memória e álbum de recordações.»

«Ao Key Club, principalmente à D. Anabela Santos, muito obrigada pela sua disponibilidade, simpatia e paciência em “aturar” a nossa ansiedade e nossas dúvidas e sobretudo por nos ter dado o tranquilizante certo em relação aos nossos pertences. A todos os foristas, acreditem que um dia chegará a vossa vez. À nossa família e amigos um grande abraço e beijinho pela forma entusiasmada como partilharam connosco esta imensa alegria.»

«À Bé, minha mulher, por ser aquela extraordinária companheira de todas as viagens.»

«Um até breve,

Ricardo Barbosa»

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