«Temos de fazer melhor em 2008!»

Por a 27 Dezembro 2007 10:44

Dizem os entendidos que para se ser um grande Campeão são necessários diversos ingredientes: talento natural, espírito de sacrifício, personalidade forte e uma ambição sem limites. Se isso for suficiente para se chegar a Campeão do Mundo de Fórmula 1, então Robert Kubica é um potencial sucessor de Alonso, Raikkonen e companhia, pois é um eterno insatisfeito e procura sempre mais.

Tendo terminado a sua primeira temporada completa de Fórmula 1 no sexto lugar do Mundial de Pilotos, ajudando a BMW a sagrar-se vice-campeã do Mundo (graças à desclassificação da McLaren), poderia pensar-se que o jovem polaco estaria feliz com os seus resultados de 2007, mas basta uma primeira questão para se perceber a fibra deste piloto de Cracóvia: «É tudo uma questão de ponto de vista, não é? Se há um ano me tivessem perguntado se o sexto lugar no Mundial de Pilotos me satisfaria, o mais provável era dizer que sim; mas depois de termos sido sempre a terceira equipa mais competitiva do plantel, pois tínhamos um chassis sem defeitos de base e as nossas rivais mais directas – sobretudo a Renault e a Honda – terem tido problemas com os seus chassis, os resultados deste ano sabem-me a pouco. Penso que deveríamos ter feito mais, pois falhámos a nível de fiabilidade, o que nos custou a possibilidade de ganhar em Xangai, e também nas decisões estratégicas, pois nunca corremos riscos e, por isso, nunca estivemos em posição de aproveitar os problemas da McLaren e da Ferrari.»

Xangai atravessada na garganta

As referências ao GP da China são aquelas em que Kubica mais insiste e com razão: quando faltavam 17 voltas para o final da corrida e não havia mais reabastecimentos para fazer, o polaco estava na liderança da prova, três segundos na frente de Raikkonen e já bastante destacado de Alonso e Massa, que acabarem por discutir a segunda posição. Um problema hidráulico, forçou-o ao abandono, mas talvez mais duro tenha sido o comentário de Willy Rampf, que declarou publicamente que, mesmo sem esse problema, o melhor que Kubica poderia ter conseguido era o quarto lugar: «Para mim esta foi a maior desilusão do ano. Tinha trocado de pneus na altura certa, corrido riscos com os pneus para piso seco quando a pista ainda estava húmida e como o Raikkonen e o Alonso demoraram muito a trocar de pneus, fiquei na frente da corrida e sem mais paragens previstas. Não garanto que ganharia, pois o Kimi era mais rápido, mas posso garantir que não iria ser fácil passar-me. Mas mesmo que ele me passasse, o segundo lugar era meu, pois o Alonso e o Massa estavam longe de mais. Teria sido uma compensação para todos os problemas que tive este ano, e que me custaram tantos pontos.»

Respeito por Heidfeld

Outro dos pontos baixos da temporada da BMW aconteceu no Nurburgring, quando Heidfeld acertou em Kubica logo na segunda curva, atrasando bastante os dois F1.07, quando as circunstâncias da corrida até poderiam ter dado um resultado histórico à equipa de Hinwill. Nem por isso Kubica perdeu o respeito pelo seu companheiro de equipa, mas o seu relacionamento com Rampf sofreu bastante por este estar sistematicamente do lado de Heidfeld: «Não tenho problemas com o Nick, pois ele cometeu um erro e essas coisas podem acontecer. Não foi o primeiro incidente que tivemos, mas foi o mais visível; em Suzuka, em 2006, tocámo-nos por diversas vezes, quando eu estava a tentar passá-lo e ele me empurrou para a relva, mas não se viu na televisão e, por isso, ninguém falou. A equipa decidiu que tínhamos tido culpa os dois no incidente do Nurburgring e isso pareceu-me estranho, mas ao longo do ano habituei-me a ver o Director Técnico sempre do lado do Nick, provavelmente uma consequência de se conhecerem à mais tempo, falarem a mesma língua e serem muito próximos. Não preciso de ter uma “baby-sitter” na equipa, para me proteger, mas ao menos gostaria de ter tratamento igual ao do meu companheiro.»

Mais ambições para 2008

Como lhe é habitual, Robert Kubica faz uma antevisão bastante lúcida das possibilidades da BMW para o próximo ano: «Os objectivos para 2008 passam por conseguirmos uma vitória e nos aproximarmos da Ferrari e da McLaren. Mas teremos de melhorar muito como equipa para os atingirmos, pois as duas equipas da frente continuam a evoluir e espero muito mais concorrência por parte da Renault, Honda e Williams. O regresso do Alonso à Renault vai tornar a equipa muito mais forte, a Honda tem o Ross Brawn e isso vai fazer uma grande diferença, enquanto a Williams terminou a temporada em grande e poderá ser muito forte no próximo ano.»

A nível pessoal Kubica ambiciona a, «voltar a subir ao pódio, pois o melhor que consegui em 2007 foi uma série de quartos lugares. E se voltar a estar na liderança dum Grande Prémio, espero que o carro aguente até ao fim, pois é muito frustrante desistir quando se está na primeira posição!»

Uma personalidade forte

Com Robert Kubica sabe-se sempre o que ele pensa. O polaco não tem papas na língua, gosta de dizer o que lhe vai na alma e se isso lhe tem ganho algumas inimizades, também lhe garante total fidelidade por aqueles que lhe são próximos. Em contrapartida, Kubica respeita as criticas daqueles por quem tem consideração e tem resistido às tentações da fama, apesar de ser a grande estrela do desporto polaco e poder fazer tudo o que quiser no seu país natal.

As dificuldades por que passou na adolescência ajudam a explicar a formação da sua forte personalidade:

“Quando tinha 13 anos ganhei tudo o que havia para ganhar na Polónia e o meu pai não tinha dinheiro para que eu pudesse competir no estrangeiro. Felizmente a CRG acreditou em mim, contratou-me como piloto semi-oficial e também como mecânico e fui viver para Itália, sem conhecer ninguém nem falar a língua. Vivia na fábrica, comia com os mecânicos ao almoço, mas não tinha dinheiro para jantar.

Por isso, se ninguém ficava a trabalhar à noite eu também não jantava, porque dependia dos outros para ir comer fora. Acredita que nessas circunstâncias a tua personalidade define-se depressa e tens de endurecer bastante para sobreviver. Para mim só havia uma coisa a fazer: trabalhar a fundo, aprender tudo acerca dos karts e vencer o máximo de corridas possíveis, pois essa era a única forma de sobreviver fora da Polónia.»

Foi como mecânico que Kubica conheceu o seu primeiro grande sucesso, «pois ganhei o Mundial de Fórmula Super A com o Danilo Rossi, quando tinha apenas 14 anos. Ainda hoje somos grandes amigos e nessa altura fiquei com a certeza que se não conseguisse seguir carreira como piloto, ao menos como mecânico poderia ficar no meio do karting.»

Luís Vasconcelos

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