“Quem projectou a frente nunca falou com quem projectou a traseira!”

Ainal, tudo indica que vamos mesmo ter dez equipas na grelha de partida do Mundial de Fórmula 1 em 2009, já que a possibilidade da equipa ‘herdeira’ da Honda estar presente em Melbourne é cada vez maior.

Fonte da equipa já confirmou que também a Virgin de Richard Branson apresentou uma proposta, pelo que a questão deverá ser agora resolvida com mais facilidade.

Curiosamente, e se forem confirmadas as linhas mestras que foram avançadas nos últimos dias, nomeadamente a questão do motor Mercedes, a equipa vai ter de alinhar em Melbourne com um chassis feito de duas partes distintas: até ao motor será igual ao projecto original; daí para trás será um projecto de compromisso, pois as exigências do motor Mercedes são bastante diferentes das do Honda V8 para que foi concebido.

Além da questão das dimensões e peso do motor – onde as diferenças dificilmente ultrapassarão os três por cento, mas isso já é o bastante para obrigar a compromissos importantes – existem muitos outros elementos que terão de ser modificados, com repercussões no aspecto aerodinâmico, como nos explicou Adrian Newey, velho “conhecido” de Brawn: “Meu Deus!

Motor novo, projecto refeito

Mudar um motor implica refazer todo o projecto. A caixa de velocidades será diferente e, por isso, se a suspensão traseira é uma tradicional “push rod”, a sua geometria será diferente da original; as entradas de ar para os flancos, os radiadores e as saídas de ar dos flancos serão diferentes, porque cada motor tem as suas necessidades especificas de arrefecimento; as dimensões dos escapes e o posicionamento das suas saídas serão, igualmente, diferentes, alterando a forma da secção posterior dos flancos; e bomba e todo o sistema hidráulico terão de ser redesenhados, para fazer face ás novas exigências do motor e da caixa de velocidades. É uma trabalheira infernal com a aerodinâmica a ter de ser alterada para satisfazer as necessidades do novo pacote mecânico.”

Dai que, como por graça nos disse outro director Técnico em Jerez, “quando o carro aparecer em Melbourne vamos ficar com a ideia que quem projectou a frente do chassis nunca falou com quem projectou a traseira!” Junte-se a isto a impossibilidade de testar fora do programa dos Grande Prémios e a presença dum estreante absoluto na F1, com apenas um dia e meio de testes no seu currículo, e percebe-se que a equipa que vai renascer das cinzas da Honda vai ter uma tarefa hercúlea à sua frente em 2009, dificilmente podendo sair dos últimos lugares do pelotão.