«O máximo que se ganha é uma volta a mais em pista»

Para o comum dos observadores, custa a entender que os pilotos registem tempos mais altos na fase decisiva da qualificação, do que fizeram na fase anterior da sessão. Os tempos dos pilotos no “top ten” são sempre piores na terceira secção de qualificação, obviamente por que ainda têm gasolina no depósito. Fique com as explicações de Luís Vasconcelos, e fique a conhecer exactamente como tudo se processa:

«O jogo da terceira qualificação é bem mais complexo do que parece. Por um lado convém ter o mínimo de gasolina possível, para se fazer um tempo rápido; por outro, há que guardar o máximo de gasolina possível, para se parar o mais tarde que se puder na corrida. Complicado, não acha? Qual tem sido a solução da equipas?»

«Dado que a FIA define quanta gasolina por cada volta efectuada vai dar aos que participam na última sessão – em Spa isso correspondia a três quilos por volta – o segredo tem estado em gastar o mínimo indispensável nas primeiras voltas da sessão e nas voltas de regresso ás boxes. Assim, recebe-se no final da sessão mais gasolina do que a que se gastou e pode-se parar mais tarde na corrida. Por melhor que faça, mesmo poupando 15 por cento de gasolina nas voltas em que não tem de andar a fundo, o máximo que cada piloto pode ganhar é uma volta a mais em pista, na primeira fase da corrida.»

«Admito que é um processo complexo, pois em Spa, por exemplo, três quilos de gasolina (equivalentes a mais uma volta na corrida) traziam uma penalização teórica de 0,168s por volta, o que pode bem ser a diferença entre arrancar na pole-position ou na quarta posição. Dai que apesar de me divertir muito com os cálculos para saber com avanço em que volta os dez primeiros da grelha vão parar na corrida – um exercício que todas as equipas também têm de fazer – espero que este sistema desapareça no final do ano, para tornar o espectáculo mais acessível a quem assiste sem ser um fanático da F1.»