Nelson Piquet Jr: “Briatore e Symonds pediram-me para bater em Singapura”
Num documento em que assevera a veracidade das suas declarações, Piquet Jr, admite que “durante o GP de Singapura, realizado no dia 28 de setembro de 2008, a contar para o Mundial de 2008, fui convidado pelo Sr. Flavio Briatore, que é meu empresário bem como director da equipa Renault, e pelo Sr. Pat Symonds, director técnico da mesma equipa, a bater deliberadamente, com o objectivo de influenciar positivamente o desempenho da Renault no evento em questão. Concordei com esta proposta e fiz com que o meu carro embatesse no muro, provocando um acidente entre as voltas 13 e 14.”
“A proposta de causar um acidente de forma deliberada foi-me feita pouco antes da corrida, quando me encontrei com Briatore e Symonds no escritório de Briatore. Symonds, na presença de Briatore, perguntou-me se eu estaria na disposição de sacrificar a minha corrida pela equipa, causando um período de safety car”, acrescenta o ex-piloto da equipa gaulesa.
“No momento da conversa, eu estava num estado mental e emocional muito frágil. Este estado de espírito surgiu pelo stress intenso causado pelo facto do Sr. Briatore se ter recusado a dizer-me se o meu contrato seria renovado para 2009, como habitualmente ocorre no meio da temporada (entre Julho ou Agosto). Ao invés, o Sr. Briatore pediu-me repetidamente para assinar um acordo de opção, o que queria dizer que eu não poderia negociar com qualquer outra equipa”, refere, lembrando que muitas vezes o seu contrato era discutido instantes antes de cada corrida, “momento que deveria ser de concentração e relaxamento”.
“Quando me pediram para bater e provocar a entrada do ‘safety car’ para ajudar a equipa, aceitei porque esperava que pudesse melhorar a minha posição na equipa naquele momento crítico da temporada. Em nenhum momento fui informado por qualquer pessoa que, ao concordar com o acidente, teria garantido a renovação do contrato ou qualquer outra vantagem. No entanto, dado o contexto, pensei que seria útil para alcançar este objectivo. Por conseguinte, concordei em causar um incidente.”
Piquet refere, ainda, que o local do acidente foi previamente escolhido antes da prova começar: “Após a reunião com o Sr. Briatore e o Sr. Symonds, o Sr. Symonds levou-me para um canto sossegado e, com um mapa, apontou-me para a curva exacta onde deveria bater. Esta curva foi escolhida porque naquele local específico não existem gruas que permitissem a remoção rápida de um carro danificado. Assim, considerou-se que um acidente naquela posição específica quase de certeza provocaria a obstrução da pista e a entrada do safety car, de forma a permitir que a pista fosse limpa.”
“O Sr. Symonds também me disse a volta exacta em que deveria provocar o incidente, para que o meu companheiro de equipa, Fernando Alonso, tivesse uma estrategia apropriada, reabastecendo pouco antes da entrada do safety car, durante a 12ª volta. O ponto fulcral desta estratégia residia no facto de que, sabendo que a o safety car entraria em pista entre as voltas 13 e 14, isso permitiu que a equipa fizesse inicar o carro de Fernando Alonso com com uma estratégia agressiva de combustível, graças a um carro leve com gasolina suficiente para chegar a 12 voltas, mas não muito mais. Isso permitiria que o Sr. Alonso ultrapassasse o máximo de carros (pesados) possível, sabendo que esses carros teriam dificuldade em recuperar o tempo perdido depois da paragem nas boxes devido ao safety car. A estratégia foi bem sucedida e o Sr. Alonso venceu o GP de Singapura de F1 de 2008”.
“Um engenheiro inteligente teria percebido”
Admitindo que as únicas menções à segurança se resumiram ao pedido de Pat Symonds para “ter cuidado” e não se ferir, Piquet refere que cumpriu o plano na íntegra, perguntando repetidas vezes a volta em que se encontrava, “algo que não costumo fazer”.
“Depois da discussão acima mencionada, com Briatore e Symonds, ‘a estratégia do acidente’ nunca foi comentada novamente com nenhum deles. O Sr. Briatore disse discretamente ‘Muito obrigado’, sem mencionar nada mais. Não sei se mais alguém na equipa sabia desta estratégia no inicio da corrida”, afirmou, lembrando que já na altura muito jornalistas lhe perguntaram se o acidente tinha sido propositado.
“Na minha própria equipa, o engenheiro do meu carro questionou a natureza do incidente, porque o considerou pouco habitual, e respondi-lhe que tinha perdido o controlo do carro. Julgo que um engenheiro inteligente teria percebido a partir da telemetria que causei o acidente de propósito, já que continuei a acelerar, ao passo que a reacção ‘normal’ teria sido travar o mais cedo possível”, concluiu.
Na altura desta ‘confissão’, obtida em Paris, a 30 de Julho, estavam também presentes na sala Alan Donnelly, responsável pelos comissários de pista da F1, bem como Martin Smith e Jacob Marsh, elementos da empresa de investigação particular contratada por Max Mosley, a Quest, que tem como missão investigar este caso, assim como o relativo à divulgação do vídeo da orgia de Mosley em meados do ano passado.
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