Mark Webber: “O Jenson Button é o nosso grande obstáculo”

“Foi um dia muito especial. Pessoalmente, foi muito importante para mim mas o facto da equipa ter conseguido outra ‘dobradinha’ parece ter sido ignorado. Mas isso também é muito importante. Tinha conseguido dois segundos lugares e sabia que agora podia aproveitar e consegui vencer. É fantástico conseguir finalmente uma vitória”, começou por referir o australiano, que só conseguiu vencer na sua 130ª tentativa.

Para Webber, este foi o momento certo, na medida em que tinha o carro perfeito e porque não tinha ninguém “chamado Michael Schumacher” à sua frente: “Fiz imensas corridas e na grande maioria não tive hipótese de vencer porque o carro não colaborava ou porque estava lá um tipo chamado Michael Schumacher. Nessa era, precisava-se de pilotar um Ferrari ou um McLaren. Agora, nesta nova era da Fórmula 1, há outras equipas na discussão e estou muito satisfeito com a situação da Red Bull Racing, o que significa que estamos em posição de lutar pelo pódio e pelas vitórias em todas as corridas”, comentou Webber.

Apesar da sua longa espera por uma vitória, o piloto australiano sente-se aliviado por inscrever o seu nome na lista de vencedores: “Estar na liderança e não ser o perseguidor foi uma novidade para mim. Espero que o bom momento continue, mesmo que não haja duvidas que haverão algumas corridas difíceis no futuro”, observou, lembrando ainda os primeiros momentos ao chegar à fábrica de Milton Keynes na segunda-feira.

“Foi incrível. Como boas-vindas, [as pessoas da fábrica] fizeram tocar a gravação do rádio do carro para as boxes quando passei a linha de meta. Não me tinha apercebido quanto tempo é que eu tinha gritado. A resposta foi fantástica. Ainda há muitas pessoas na fábrica com quem eu trabalhei desde os tempos da Jaguar e passámos por muito juntos”, acrescentou Webber, enaltecendo o bom trabalho feito por Dietrich Mateschitz, Adrian Newey e Christian Horner.

“Os últimos anos foram muito difíceis mas agora tirámos o máximo partido dos regulamentos e mostrámos que somos uma equipa que consegue lutar na frente. Sabemos que podemos esperar alguma luta da parte das outras equipas nesta temporada, mas o desporto é assim e estamos preparados para isso”, disse.

O feito de Mark Webber teve, como seria de esperar, uma grande repercussão na imprensa australiana, mas não só, chegando mesmo a receber os parabéns de Jack e David Brabham: “Recebi um e-mail do Sir Jack Brabham e do seu filho, David, o que foi fantástico. A família Brabham sempre foi extraordinária em relação a mim. Lembro-me, há cerca de 15 anos, que o Jack me disse que sempre considerou fantástico ter vindo à Europa e batido ‘aqueles europeus’, embora ele não tenha sido assim tão diplomático quando falou comigo! Certamente, uma parte da minha vitória deve-se ao Jack, porque o meu pai foi um grande admirador e provavelmente eu não teria começado a correr se não fosse o Jack a acender essa paixão na minha família”, reconheceu.

Quanto à gestão do campeonato pela Red Bull, que tem agora dois pilotos na luta pelo campeonato, Mark Webber demonstra-se completamente despreocupado: “O bom da situação é que é tudo muito simples. Tudo o que nós, pilotos e a equipa, temos de fazer é aparecer e tentar fazer o melhor trabalho possível. Sabemos o quão importante a qualificação é, e talvez um dia, isso não corra tão bem para mim ou para o Sebastian. Para além disso, há mais rivais na batalha, pelo que não é uma luta directa entre nós. O Sebastian e eu poderemos enfrentar-nos um pouco nas corridas e isso irá reflectir-se na tabela de pontos. Continuará a ser disputado pelos dois até que um tenha um azar. É irreal esperar que tenhamos ‘dobradinhas’ sempre até ao final da época e haverá grandes prémios interessantes a caminho. Para a equipa, é uma excelente situação: ter-nos virtualmente igualados no campeonato, o que também é muito bom para o campeonato de construtores. O Jenson Button é o nosso grande obstáculo quanto aos pilotos, já que ele tem dois grandes prémios de vantagem em termos de pontos”, completou.