Vitórias Improváveis na F1: Olivier Panis, Mónaco 1996
A competição não vive só do domínio e da luta entre as grandes equipas pela vitória e pelos campeonatos. As lutas por categorias intermédias ou no meio do pelotão apaixonam muita gente, e no meio dessas contendas, descobrem-se grandes talentos que poderão, um dia, ascender ao Olimpo do desporto motorizado. Isto é transversal a todas as disciplinas do desporto automóvel. No caso da Fórmula 1, nunca faltaram vencedores inesperados. Aqui fica uma dessas histórias.
Lembro-me de ver esta prova. Tinha sete anos, e era minha terceira temporada a seguir o Mundial de F1, e foi a primeira prova verdadeiramente rocambolesca que me lembro de assistir. Na verdade, aquele G.P. do Mónaco conseguiu ter mais incidentes que a célebre edição de 1992, marcada pela vitória de Patrese obtida nas voltas finais. O dia da prova amanheceu nebulado, mas só depois do warm-up é que se abateu uma forte chuvada sobre o Principado, o que levou a organização a autorizar uma sessão de aclimatização, para que os carros pudessem ser afinados para chuva. Logo na primeira volta, começou o caos, com dois incidentes separados na primeira curva, e com o pole-position Schumacher a errar e bater em Portier. À medida que a corrida avançava, Hill, Alesi e Berger destacavam-se na frente, com Irvine a reter o resto do pelotão, cada vez mais reduzido à custa dos despistes. A pista estava a secar e, entretanto, Berger abandonava, mas Hill mantinha uma confortável vantagem sobre Alesi e parecia favorito à vitória, logo no traçado em que o seu pai vencera por cinco vezes. Cá atrás, Frentzen tinha partido a frente a tentar passar Irvine, mas Panis, que já tinha sido o mais rápido no warm-up, estava a fazer a melhor prova da sua vida e conseguiu forçar a ultrapassagem ao irlandês em Loews, destacando-se rapidamente no terceiro lugar. Depois, sucederam-se os golpes de teatro… Primeiro, Hill partiu o motor à saída do túnel, quando já tinha parado e tinha mais de meio minuto de avanço sobre Alesi. O francês herdou a liderança, mas a sorte foi-lhe fugaz de novo, já que a suspensão partiu após 20 voltas no comando, promovendo Panis à liderança. Embora pressionado por Coulthard até ao fim, o francês nunca cometeu um erro e aguentou o McLaren, para obter uma fabulosa vitória, a única da sua carreira e a última da história da Ligier.