Vitórias Improváveis na F1: Pastor Maldonado, Espanha 2012
Há uma dúzia de anos, em Barcelona, teve lugar uma das vitórias mais improváveis na F1. Foi a última da Williams e a única de Pastor Maldonado…
A competição não vive só do domínio e da luta entre as grandes equipas pela vitória e pelos campeonatos. As lutas por categorias intermédias ou no meio do pelotão apaixonam muita gente, e no meio dessas contendas, descobrem-se grandes talentos que poderão, um dia, ascender ao Olimpo do desporto motorizado. Isto é transversal a todas as disciplinas do desporto automóvel. No caso da Fórmula 1, nunca faltaram vencedores inesperados. Aqui fica uma dessas histórias.
Quando se fala em Pastor Maldonado, de imediato soam os sinais de alarme, já que o venezuelano ficou célebre pelos numerosos acidentes em que se envolveu ao longo da carreira, desde as categorias inferiores até à sua atribulada presença na Fórmula 1, muito atribuída aos “petrodólares” da PDVSA, a petrolífera estatal da Venezuela. Depois de se sagrar campeão de GP2 em 2010, assinando pela Williams no ano seguinte. A equipa de Grove estava muito longe do seu fulgor habitual e já não vencia desde 2004, no penúltimo ano da sua colaboração com a BMW. Tinha-se seguido um período de altos e baixos, mas com tendência para uma decadência gradual, que só seria interrompida com a chegada da era turbohíbrida e a utilização de motores Mercedes. No entanto, pelo meio, em 2012, a Williams tinha deixado os pouco potentes Cosworth e montado motores Renault, e Pastor Maldonado surpreendia tudo e todos ao conquistar a pole para o G.P. de Espanha, aproveitando-se da desclassificação de Lewis Hamilton que, depois da pole, tinha ficado parado em pista, sem gasolina. Todos esperavam que o Williams fosse, gradualmente, engolido pelo pelotão dos favoritos, mas a história foi bem diferente. Na largada, Maldonado não teve hipóteses perante um superagressivo Alonso (Ferrari), mas nunca deixou grande margem para o piloto da Scuderia. A maioria dos pilotos optou por uma estratégia de três paragens, saindo com a mistura mais macia para trocar bem cedo para os compostos mais duros. Na segunda paragem, Alonso perdeu algum tempo atrás do Marussia de Charles Pic e Maldonado conseguiu assumir a liderança graças ao “undercut”. Alonso voltou à carga, mas o jovem venezuelano não cometeu um único erro e manteve-se no comando até à terceira paragem dos dois. Alonso parou primeiro e Maldonado em seguida, mas não teve a paragem ideal, devido a uma roda que custou a entrar. Ainda assim, conseguiu sair precisamente na frente do Ferrari e, enquanto todos esperavam que a pressão do experiente espanhol e a superioridade do Ferrari acabassem pro levar a melhor, Maldonado não cometeu um único erro e aguentou o comando até ao fim. Pena que esta performance não lhe tenha dado o ganho de confiança e a consistência desejada. Com a crise no seu país, Maldonado ficou sem apoios e, com a reputação desfeita, deixou a F1, mas tem vindo a reconstruir a sua carreira e imagem no WEC, brilhando nas condições dantescas nos últimos 1000Km de Spa. Será que assim vai continuar? Ironicamente, esta é, até à data, a última vitória da Williams, que está a atravessar, provavelmente, o pior ano da sua história desde a sua fundação como Williams GrandPrix em 1977.