‘Vítimas’ na Ferrari, McLaren e Mercedes comprovam os seus erros

Por a 22 Abril 2023 13:02

No ténis existem as designações de erro não forçado e erro forçado. Para as jogadas em que os atletas cometem um erro em virtude do maior mérito do seu oponente chama-se erro forçado, enquanto que o erro não forçado acontece quando a jogada ocorre em situação mais simples, sem pressão, sendo a responsabilidade do próprio jogador. O que acontece na Fórmula 1 desde a temporada passada na Ferrari e Mercedes são erros forçados pelo domínio da Red Bull, enquanto a McLaren parece mais um caso de erro não forçado.

Mike Elliott, que foi diretor técnico da Mercedes até sexta-feira, foi o mais recente visado nas “mexidas” que estas três equipas conduziram na sua estrutura interna. Começou pela saída de Mattia Binotto da chefia da Ferrari, substituído por Frédéric Vasseur, passou depois pelo diretor técnico da McLaren James Key e agora a Mercedes fez James Allison voltar a ocupar o cargo de maior responsabilidade no departamento técnico, apenas 20 meses depois de ter deixado essa função e trabalhar noutros projetos, substituindo Elliott que continuará dentro da estrutura.

Não são casos de um erro de casting semelhante ao que aconteceu na Williams com François-Xavier Demaison e que custou o lugar a Jost Capito e ao engenheiro francês, porque todos eles tinham um passado dentro das suas equipas e eram bem conhecidos. Binotto pagou caro pelos episódios lamentáveis na estratégia da temporada passada e pelo facto da equipa não ter conseguido lutar pelo título quando começou por ter um dos melhores monolugares da grelha. As dificuldades da Scuderia continuam e se tivermos em conta o que ecoa na imprensa italiana, as diferenças internas não estão ultrapassadas e podem estar a minar o trabalho.

A Mercedes dominou por completo a Fórmula 1 durante o “reinado” de James Allison como diretor técnico, mas quando Mike Elliott assumiu a liderança técnica da Mercedes em 2021, tendo a difícil tarefa de suceder a Allison, e supervisionou a construção do W13, com um conceito radical, não entendeu que os ganhos teóricos não se iriam reproduzir na prática. Não havia correlação. Pior do que isso, apostou no mesmo conceito em 2023. A pressão para alcançar resultados com uma Red Bull mais forte do que em temporadas passadas parece ter atingido o responsável técnico, que foi agora substituído pelo seu antecessor.

Na McLaren o caso é diferente de Mercedes e Ferrari. A equipa de Woking tem a intenção de alcançar a luta pelos primeiros lugares da classificação e isso parecia ser possível, tendo vencido uma prova em 2021 e quase alcançado um outro na mesma temporada, mas entre a falta de competitividade de Daniel Ricciardo e um monolugar que começou por dar muitos problemas no início de 2022, a equipa passou a discutir e perdendo para a Alpine o quarto lugar. Em 2023 uma série de problemas no monolugar não permitiu bons resultados e apenas na terceira prova, uma corrida recheada de incidentes, é que a McLaren somou os primeiros pontos, mas viu a Aston Martin – que fez a época de 2022 toda atrás da estrutura de Woking – assumir-se como uma das melhores equipas neste momento. O trabalho desenvolvido pela equipa de Silverstone supera ainda a Ferrari e Mercedes, colocando mais pressão nos adversários para que o rumo seja mudado. E para se mudar o rumo, muitas vezes têm que rolar cabeças.

Os casos da Ferrari, McLaren e Mercedes podem não ser os únicos na Fórmula 1 ainda nesta temporada. O ambiente é tenso na AlphaTauri, que não consegue regressar ao meio do pelotão e o seu chefe de equipa já criticou abertamente o departamento técnico, podendo levar à saída de algum responsável.

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