Lembro-me como se fosse hoje; a primeira notÃcia que ouvi na rádio, manhã cedo, foi a da morte de Ronnie Peterson. Na véspera, tinha assistido com horror ao seu acidente, em Monza, na largada para o GP de Itália. Mas as notÃcias nada indicavam sobre a gravidade crÃtica do seu estado: apenas, que tinha partido as pernas e estaria consciente quando foi transportado de ambulância para o helicóptero. Afinal, um grosseiro erro médico, não obviando à formação de uma embolia gorda, derivada das múltiplas fracturas nos membros inferiores, levou-o à morte, numa cama do hospital de Milão.
Era, então, o meu Ãdolo na F1. Bengt Ronnie Peterson, de seu nome completo, nasceu em Orebro, Suécia, e chegou à F1 em 1970, com 25 anos e, logo no ano seguinte, foi vice- Campeão, atrás de Jackie Stewart. Na F1, participou em 123 Grandes Prémios, tendo ganho dez e liderado durante 707 voltas. A frieza dos números indicam ainda que conquistou 14 pole positions, nove voltas mais rápidas e 206 pontos. Mas, se uma coisa que Ronnie não era, era um ser frio. Isto, apesar das suas raÃzes nórdicas. Ele foi um dos primeiros pilotos a assumir o mediatismo da sua profissão, apesar de ser uma pessoa tÃmida. Tinha uma forma de pilotagem que arrastava multidões aos circuitos, só para o ver em acção. Generoso e com um sentido de domÃnio do carro impressionante, só pelo ruÃdo do motor se sabia que era ele quem lá vinha. E, depois, a sua forma de deslizar, à s quatro rodas, pelo asfalto, deixava em suspenso os espectadores. Ironicamente, foi um acidente numa largada que o afastou do número dos vivos.
Hélio Rodrigues, In Memoriam
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