Procurar talento para as fábricas fora da Fórmula 1
As equipas de Fórmula 1 estão sempre à procura de contratar os melhores engenheiros e desenvolver as suas infraestruturas. Em regra geral, as equipas com mais capacidade financeira – mesmo numa era de limite orçamental – e com melhores condições competitivas, atraem mais talento. É natural que os funcionários tenham a ambição de fazer cada vez melhor e para isso precisam de estar numa estrutura em que isso seja preciso.
Recentemente, por causa da reestruturação da Alpine e de algumas notícias sobre a vida interna da Ferrari, tem-se discutido como é importante criar condições dentro das equipas para que os funcionários possam errar sem serem criticados, uma vez que é assim que muitas vezes são encontradas soluções fora da caixa para problemas complexos.
A Red Bull é apontada por muitos elementos que conhecem bem o que se passa dentro das fábricas, como uma das equipas que mais defende esta forma de trabalhar, por exemplo. A equipa de Milton Keynes, como ficou vincado quando perderam Dan Fallows para a Aston Martin, preocupa-se em estar tão atenta ao mundo académico como ao mercado de pilotos. Procura talento nas universidades, tendo condições financeiras para os formar ‘in-house’. Curiosamente, duas das 10 equipas do paddock confirmaram que precisam de contratar funcionários, mas que não chega “reciclar” – termo usado por James Vowles em declarações ao AutoSport britânico sobre este tema – do universo da Fórmula 1.
A Williams contratou um reforço de peso para o seu departamento técnico – Pat Fry – que estava órfão de um diretor técnico. O chefe de equipa, que tem muitos desafios pela frente numa estrutura que perdeu muitos ‘cérebros’ durante os tempos em que a família Williams perdeu a capacidade de investir financeiramente, revelou que não quer só reforçar a sua equipa com engenheiros de outras equipas. Apesar de serem uma enorme ajuda, visto serem experientes na Fórmula 1 e a Williams precisar de funcionários assim, quer trazer elementos de outras indústrias, de forma a ter “pensamento diversificado” na sua estrutura, como designou.
Também à mesma fonte, Mike Krack, responsável da Aston Martin, sublinhou que são precisas “pessoas experientes no topo”, mas para ter um futuro sustentável, a equipa precisa de recrutar nas universidades, por exemplo. O chefe da equipa que, possivelmente, mais tem contratado elementos para fazer crescer a sua capacidade técnica, explicou que o recrutamento dos elementos mais caros e mais experientes da Fórmula 1 “pode comprar sucesso a curto prazo, mas não um sucesso duradouro”.
Sabemos que a Ferrari tem dificuldade em captar talento das outras equipas que operam através das fábricas instaladas no Reino Unido – e não é um problema apenas do presente, uma vez que Adrian Newey revelou ter recusado o convite da equipa italiana numa altura em que os seus filhos estavam na escola – tendo que procurar novos funcionários fora da Fórmula 1. O mesmo acontece com a Sauber, com alguma resistência à mudança de país, neste caso para a Suíça.
O que fica provado é que, apesar de todas as notícias sobre as maiores contratações para as equipas, os movimentos que acontecem nos bastidores e são pouco conhecidos, têm um peso mais preponderante para as equipas de Fórmula 1, principalmente numa era em que o principal objetivo é a sustentabilidade dentro da equipa. Por exemplo, o nome mais sonante confirmado pela Ferrari será Loïc Serra, ainda diretor de performance na Mercedes, mas Frédéric Vasseur confirmou ao La Gazzetta dello Sport que contrataram “cerca de 25 pessoas” e procuram mais. De onde virão? Possivelmente, de fora da Fórmula 1.
Foto: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull Content Pool