O primeiro grande adversário dos pilotos de Fórmula 1…

Por a 2 Novembro 2017 18:11

 

Alguém disse uma vez que o companheiro de equipa é o primeiro rival de um piloto, uma ideia que pôde ser confirmada com lutas como as de Mansell vs Piquet na Williams, Senna vs Prost na McLaren, Hamilton vs Alonso na McLaren e Hamilton vs Rosberg na Mercedes. São apenas alguns exemplos mais ‘azedos’ do que é uma realidade diária de um desporto que exige tanto esforço de equipa mas que ao mesmo tempo vive do egoísmo e da tenacidade dos pilotos em ultrapassar qualquer adversário, mesmo que este esteja na mesma box que a sua.

O companheiro de equipa é a primeira referência de qualquer piloto, por ser o único que usa o mesmo material. Comparar andamentos entre carros diferentes no início da época é um exercício que além de exigente, é pouco produtivo. Mas comparar andamentos de carros iguais faz todo o sentido e ninguém quer ser o mais lento da equipa e ver a equipa começar a ‘interessar-se’ mais pelo carro do colega. Começa então uma luta que tem dois desfechos possíveis: uma convivência relativamente pacífica, (pela capacidade de ambos ser completamente distinta ou porque não há um campeonato em disputa) ou guerra fria constante para se conseguir aquele décimo de segundo que fará a diferença.

Nico Rosberg, atual campeão de F1 explicou como conseguiu a vantagem que ele precisava para se tornar campeão. O alemão admitiu que durante as férias de verão decidiu não fazer mais bicicleta para não aumentar a massa muscular das pernas. Com essa decisão perdeu 1kg, que no carro equivale 0.04s. Rosberg conseguiu a pole em Suzuka por 0.03 seg, o que terá afetado Hamilton que depois falhou a largada.

São este tipo de jogos que começam a tomar conta dos intervenientes e que podem minar o ambiente numa equipa. A Mercedes passou por fases complicadas durante o triénio em que Lewis e Nico se digladiaram dentro e fora de pista. Os jogos psicológicos eram uma constante e começou a formar-se uma espécie de barreira invisível entre os dois lados da box que poderia ter implicações mais graves. A decisão da saída de Rosberg permitiu à equipa recuperar e viver um ambiente mais leve pois Bottas não conseguiu atingir o nível de Hamilton e contentou-se com o lugar de nº2.

O caso das queixas de Prost por achar que estava a ser prejudicado recebendo motores diferentes que os de Ayrton que tinha uma relação mais privilegiada, o caso da asa dianteira da Red Bull em Silverstone onde Webber não escondeu o seu desagrado por ver a sua asa dianteira (com atualizações) passar para o carro de Vettel, ou o de Hamilton que colocou os dados da telemetria para provar que a asa traseira de Button tinha dado a vantagem que lhe permitiu ficar com a Pole, são apenas escolhas aleatórias de muitos outros casos que aconteceram e que mostram a importância que tem para os pilotos baterem o primeiro adversário que enfrentam.

Toda esta ‘pólvora’ tem de ser gerida com muita cautela pela equipa que precisa de manter ambos pilotos motivados, ao mesmo tempo que colocam os interesses da equipa em primeiro lugar, o que pode culminar em ordens de equipa que podem desestabilizar um ambiente cujo equilíbrio é frágil.

É por isso que as comparações entre colegas de equipa são sempre vistas como importantes para analisar o desempenho geral de cada piloto. O exemplo de uma rivalidade renhida e talvez a dupla de pilotos com o resultado mais equilibrado que há registo foi a Nick Heidfeld com Robert Kubica que correram juntos na BMW Sauber por 57 vezes. O registo (excluindo desistências por falhas mecânicas) foi de 24-24 em corrida. Seguindo o exemplo inverso, comparando a parceria Alonso vs Massa vemos que a balança cai para o espanhol (62-11). Alonso é um dos pilotos que mais dominou os seus colegas de equipa, levando claramente a melhor também sobre Fisichella (26-5) e Piquet Jr. (20-4).

Mas é injusto assumir a partir daqui que Massa foi um companheiro de equipa fácil pois na luta com Raikkonen o resultado ficou em 18-16, com vantagem para o brasileiro e com Bottas as coisas também foram equilibradas, com o finlandês a levar a melhor por 26-23. A comparação entre colegas de equipa é um ‘barómetro’ que permite entender a forma do piloto durante o ano e a sua valia no geral, sendo apenas uma parte da complicada equação que é avaliar a capacidade de um piloto.

A F1 (assim como o desporto motorizado em geral) é uma modalidade tão rica em motivos de interesse que por vezes torna-se difícil entender como o adjetivo aborrecido pode ser conotado com ela. Este é mais um dos aspetos que fazem das corridas muito mais do que ser o mais rápido às voltas num circuito.

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3 Comentários
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so23101706
so23101706
7 anos atrás

Gosto dos artigos deste Fábio Mendes. Bem escritos, com análises oportunas e sempre interessantes. O único reparo a este é que por vezes, nestas estatísticas, há factores que desequilibram e não são evidenciados pelos números. Por exemplo, os 24-24 entre Heidfeld e Kubica não mostram a verdadeira diferença entre os pilotos, pois Kubica ganhou um GP. O mesmo pode dizer-se da dupla Bottas-Massa, já que o primeiro teve mais pódios e ficou sempre com uma vantagem assinalável em termos pontuais. Ainda quanto ao Massa, a comparação com o Raikkonen não nos diz que este último foi campeão do mundo.

Pascassio
Pascassio
Reply to  so23101706
7 anos atrás

Resumindo…Massa, o parceiro ideal !

Pascassio
Pascassio
7 anos atrás

Pobre Massa… A levar tareias dos parceiros, dês de tenra idade !

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