Opinião: Ou a McLaren assume a candidatura, ou vai perder os títulos
A Ferrari conseguiu hoje, em Monza, uma excelente vitória, alicerçada numa excelente estratégia e uma pilotagem brilhante de Charles Leclerc, tirando partido das circunstâncias. O destaque vai todo para a Scuderia, mas a McLaren terá de responder de forma muito breve a uma questão simples: quer, ou não, ser candidata ao título?
A Ferrari conseguiu ganhar uma corrida que, à partida, deveria sorrir à McLaren. Mais uma vez, a equipa de Woking desperdiçou pontos. Leclerc fez uma corrida brilhante e a Ferrari conseguiu colocar em prática uma estratégia de uma paragem, com Carlos Sainz a dar dados cruciais para a equipa tomar a decisão. Mas a Ferrari apenas conseguiu isso porque ficou em desvantagem. O undercut de Lando Norris na primeira paragem resultou e a Ferrari ficou em desvantagem. Obrigada a tentar algo diferente para lutar pela vitória, arriscou e deu-se bem. Mérito a quem o tem. Mas a história da corrida podia ter sido bem diferente se a McLaren tivesse outra postura.
A McLaren está a dar-nos um espetáculo da forma mais pura. Os pilotos são livres de lutarem entre si, desde que não exagerem. Do ponto de vista dos fãs, é excelente. Do ponto de vista da gestão da equipa… deixa algumas questões no ar.
É tempo de, uma vez por todas, a McLaren assumir se quer lutar pelo título ou não. Se não quer assumir essa corrida, pode manter o que está a fazer. Se quer aproveitar o seu excelente momento, e o momento mau da Red Bull, tem de fazer as coisas de outra forma. É que a tentativa de, aparentemente, dar tratamento igual aos dois pilotos, talvez numa tentativa de manter o bom ambiente e a justiça entre ambos, está a resultar em mau ambiente e… em injustiças.
O problema Lando Norris
Lando Norris tem sido o melhor piloto da equipa, está em segundo lugar, agora a 62 pontos de Verstappen. Oscar Piastri está em quarto com 106 pontos de distância para Verstappen. Piastri é um piloto talentoso, mas a maior experiência de Norris na F1 tem-lhe valido melhores resultados. Norris tem desapontado em momentos cruciais. Os arranques falhados, as defesas mais macias nas primeiras curvas… tudo o que acontece num dos momentos mais cruciais da corrida, a primeira volta, está a atrapalhar o progresso do #4. Hoje foi, mais uma vez, culpado do seu desfecho. Tinha obrigação de tentar defender um pouco melhor a sua posição, de responder com mais ímpeto. É que se esquecermos os erros das primeiras voltas, Norris tem sido brilhante. Mas as primeiras voltas têm sido o calcanhar de Aquiles do britânico. Assim, não pode ser candidato ao título.
O problema Oscar Piastri
Oscar Piastri está a fazer a sua evolução natural na F1. É uma estrela do futuro e vai dando cada vez mais sinais disso. Mas também já mostrou que não está muito preocupado com o potencial título do seu colega de equipa. Está focado apenas na sua corrida, no seu campeonato e hoje deu um sinal claro disso. Bateu o pé a Norris, como qualquer piloto deve faze ao seu colega. O “problema” de Piastri é que olha apenas para si, o que não é um problema para ele, mas pode ser um problema para a equipa. O australiano tem como agente um tal de Mark Webber que sabe uma coisa ou duas sobre o que é ser o piloto nº2, o preterido e terá dado conselhos valiosos a Piastri. Hoje o australiano marcou pontos, não só na tabela, mas na luta interna.
O problema McLaren
Até agora, a McLaren tem sido um local onde os sorrisos rasgados abundaram. A progressão da equipa e a caminhada feita até agora foi sempre com base num ambiente saudável de união entre todos, pilotos incluídos. Mas essa fase está a terminar. A McLaren está a chegar onde quer, ao topo. Para confirmar a sua candidatura, tem de ser mais agressiva em certas decisões.
Lando Norris é o piloto em melhor posição para tentar roubar um título, que já foi certo, de Verstappen. Já-lhe deu as ferramentas para isso, com um carro competitivo, mas terá de dar mais. Na Hungria, pediu de forma ostensiva a Norris para devolver a posição a Piastri, na premissa que o britânico iria precisar do seu colega de equipa no futuro na luta pelo título. Hoje era o dia que Norris precisava de Piastri. Hoje era o dia que Piastri recebia a ordem de se manter atrás de Norris na largada, para o defender, mantendo as duas primeiras posições. Em conjunto poderiam ter mantido as primeiras posições e ter dado um rude golpe à Red Bull. Hoje, a Red Bull marcou 12, a McLaren 34. A McLaren poderia ter marcado 54, se tudo tem corrido na perfeição, como podia ter corrido, sem as escaramuças da primeira volta.
É tempo da McLaren assumir ou não que quer o título. Há um piloto em melhor posição para atacar, as condições de igualdade foram dadas desde o arranque da época. Talvez seja tempo de assumir que há um número 1, temporariamente, até ao fim da época e aproveitar esta posição de força para lutar por títulos, que escapam desde 2008 (título de Hamilton) ou desde 1998 (último título de construtores). Se a McLaren acredita em Norris, tem de lhe dar condições para lutar por vitórias, mesmo que isso implique que Piastri fique menos satisfeito. A equipa já provou que está do lado dele, e a Hungria foi o sinal claro que todos na McLaren querem o sucesso de ambos. Mas esta indefinição, ou esta postura ligeira na definição de regras de equipa, pode custar caro. Pode custar títulos. É que na busca pela justiça, Piastri tem uma vitória que Norris, para todos os efeitos, ofereceu ao colega, e hoje perdeu uma corrida porque o seu colega foi mais afoito. Começa a criar-se um clima de injustiça interna que pode arruinar as hipóteses da equipa. Ter um carro dominador em F1 é algo raro que não pode ser desperdiçado. Mas a McLaren tem feito isso. É que, correndo bem, não é certo que a McLaren consiga os títulos. A correr como vimos hoje, é impossível!
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O de construtores só pode perder para a … Ferrari.
Logo logo vamos ver um “papaya crash” e só não aconteceu hoje porque o Norris levantou o pé! Impensável, e até mesmo intolerável, numa equipa que quer ganhar o campeonato de construtores, tolerar a ultrapassagem perigosíssima que o talentoso Piastri fez ao Norris na segunda chicane! Duvido que o britânico estivesse à espera de tal manobra! Jamais as outras equipas permitiriam que tal acontecesse e no lugar da McLaren já teriam definido há muito o piloto 1 e 2 porque essa treta de não querem dar ordens de equipa vai acabar mal para os mesmos! A continuar assim, para além… Ler mais »
Mas a McLaren já assumiu a muito que estava na luta pelo mundial de construtores!
Agora em relação ao mundial de pilotos eu entendo o trabalho que ele estão a fazer em relação aos dois pilotos, e acho que a McLaren está mais a tentar perceber se encurtam a distância para o Max sem para já dar prioridade a um dos pilotos.
Agora se tivermos mais uma ou duas corridas e o Lando encostar no Max e ficar a 30 pontos é lógico que a McLaren vai favorecer o Lando.
Norris ou arrepia caminho ou o Piastri come lhe as papayas na cabeça. É preciso estofo e colocar os cotovelos de fora.
Um belo texto- sobretudo o capítulo “O problema McLaren” – que eu gostava de ter visto aqui escrito no pós-Monza 2018 e 2019. Pois.