O Top-10 da Fórmula 1 by AutoSport
Como é tradição no final de qualquer temporada, as listas dos dez melhores vão-se sucedendo, e claro, não quisemos ficar atrás, classificando os pilotos que, na nossa opinião, se destacaram. Cada um terá a sua, mas nesta não é Lewis Hamilton que figura no primeiro lugar…
1º Max Verstappen
O holandês mostrou este ano ser um piloto de presente e de futuro, conseguindo um conjunto de prestações impressionante, suplantando por diversas vezes o potencial do seu carro e mostrando estar pronto para lutar por títulos.
Aqueles erros que ia cometendo nas épocas anteriores foram completamente evitados, mas isso não impediu que espremesse o Red Bull RB16 Honda em cada fim-de-semana, colocando os Mercedes sob pressão sempre que era possível e, muitas vezes, quando nem sequer era esperado.
Dificilmente seria possível mais que duas vitórias este ano, face à supremacia do Mercedes W11, mas sem os cinco abandonos de que foi vítima, sempre sem culpa própria, não seria difícil ficar à frente de Valtteri Bottas no Campeonato de Pilotos.
Claro que Hamilton estava fora do alcance Verstappen na maioria parte das vezes, mas a forma como andou no limite de um carro tecnicamente inferior sem cometer erros, coloca-o na primeira posição deste top-10.
2º Lewis Hamilton
Pode parecer estranho que o piloto que este ano bateu recordes e igualou o número de títulos de Michael Schumacher figure apenas no segundo posto desta classificação.
Que o homem que esmagou o seu colega de equipa ao longo da temporada e que venceu o Grande Prémio da Turquia num dia em que o Mercedes não tinha o direito de se impor, não domine também esta lista.
A verdade é que Hamilton voltou a mostrar-se a um nível elevadíssimo, sendo o líder claro no seio da equipa, uma vez que Bottas, uma vez mais, não mostrou ter resposta para o inglês. É o justo campeão por ter maximizado o potencial do monolugar que tinha à sua disposição, mas este ano cometeu alguns erros, talvez até decorrente a superioridade que vinha evidenciado, sendo mais claros os sucedidos em Monza, quando entrou nas boxes quando estas estavam fechadas, e na Rússia, quando simulou arranques antes do início da prova fora do local designado.
Pode-se dizer que a Mercedes deveria estar mais atenta, mas no final cabe ao piloto tomar as decisões em pista e um piloto com a experiência tem de estar mais atento a todos os detalhes. Para além disso, a forma como George Russel se exibiu no carro de Hamilton no Grande Prémio de Sakhir coloca algumas dúvidas quanto à forma como Bottas e, também, o heptacampeão do mundo exploram o potencial do carro de Brackley.
3º Charles Leclerc
Se dúvidas houvesse, a temporada deste ano provou que a Ferrari apostou no cavalo certo ao garantir os serviços do monegasco até ao final de 2024.
Com um carro problemático como o Ferrari deste ano, Leclerc não se deixou confinar pelas limitações deste e guindou-o a posições a que não merecia, tendo conquistado um segundo lugar na Áustria e um terceiro em Silverstone.
Em qualificação foi imperial, reduzindo à vulgaridade Sebastian Vettel, que parecia nem sequer perceber o que lhe estava a acontecer, sendo batido copiosamente pelo seu colega de equipa. Foi na qualificação do Grande Prémio de Sakhir que Leclerc produziu um dos momentos de toda a temporada, ao cravar uma volta que lhe permitia ficar na quarta posição da grelha de partida. A sua volta foi de tal forma perfeita, que o jovem piloto da Ferrari soube imediatamente que seria impossível melhorá-la.
No entanto, o monegasco não deixou de cometer alguns erros, como foi o caso nos arranques dos Grandes Prémio da Estíria e de Sakhir, mas esses surgiram da necessidade de arriscar para carregar um carro para posições onde não deveria andar.
Assim que a Ferrari lhe garanta um monolugar digno do seu enorme talento, não há dúvidas de que estará na luta com Hamilton e Verstappen pelos títulos dos próximos anos.
4º Sérgio Pérez
Chegarmos ao final da temporada sem a certeza de que o mexicano teria um volante em 2021 mostra claramente que nem tudo está bem na Fórmula 1, havendo situações em que os melhores nem sempre se impõem na luta por um lugar na grelha de partida.
Pérez protagonizou uma época impressionante, alcançando domingo após domingo o potencial do monolugar que a Racing Point lhe disponibilizava e sem cometer erros, mostrando ser rápido e fiável.
O facto de ter conseguido o quarto posto no Campeonato de Pilotos, apesar de ter falhado dois Grandes Prémios, devido à COVID-19, e de duas desistências por problemas nas unidades de potência Mercedes do seu monolugar são a prova cabal da performance impressionante do mexicano.
A vitória no Grande Prémio de Sakhir só evidenciou a qualidade do mexicano, dissipando qualquer dúvida a quem ainda as tivesse.
Se no próximo ano não estivesse num Red Bull à partida para o Grande Prémio da Austrália, seria uma das maiores injustiças dos últimos anos.
5º Daniel Ricciardo
2019 não foi um ano fácil para o australiano, o ingresso na Renault não foi tão suave como esperava e a competitividade da equipa também não era a aguardada pelos seus responsáveis.
Mas os pilotos de carácter conseguem dar sempre a volta por cima e foi o que aconteceu com Daniel Ricciardo.
O australiano mostrou ao longo de 2020 que o piloto que alcança consistentemente potencial dos monolugares e capaz de realizar ultrapassagens impensáveis estava de volta, apoiado por uma ambientação plena à estrutura de Enstone e por um carro que foi um claro passo em frente face ao seu antecessor.
Na retina fica a corrida que protagonizou em Spa-Francorchamps, em que nas voltas finais estava a ganhar tempo aos dois Mercedes e a Max Verstappen, de quem não ficou muito longe, assinando pelo caminho a melhor volta da corrida.
O pódio que lhe fugia acabou por surgir no Grande Prémio de Eifel, repetindo o feito em Imola, o que o colocou na corrida ao quarto lugar no Campeonato de Pilotos. Contudo, uma descida de forma da Renault na ponta final da temporada deixou-o no quinto lugar a seis pontos de Pérez.
6º Carlos Sainz
“The Smooth Operator”… O espanhol nem sempre dá nas vistas, mas quando se dá por ele, está em posição de garantir um bom resultado para si e para a sua equipa.
Não teve uma temporada fácil, iniciando a sua campanha com um chassis que o impedia de alcançar a velocidade de ponta registado pelo seu colega de equipa e terminou a época com uma unidade de potência debilitada, não lhe oferecendo as performances a que Norris tinha acesso.
Ainda assim, ficou à frente do inglês no Campeonato de Pilotos, contribuindo decisivamente com ele para que a McLaren garantisse o terceiro lugar no Campeonato de Construtores. Em Monza esteve muito perto de vencer pela primeira vez na Fórmula 1, mas acabou por ter de se vergar perante Pierre Gasly.
Com um piloto de topo garantido, a Ferrari, com a contratação de Sainz, reforçou o seu poder de fogo em pista, esperando-se que, pelo menos, o espanhol possa acompanhar Leclerc de perto.
7º Pierre Gasly
O francês começava a temporada com uma ideia clara – mostrar que a Red Bull se tinha enganado ao despromovê-lo da equipa de ponta para a formação secundária.
Na segunda metade de 2019 já tinha deixado bem vincada a sua subida de forma e este ano foi verdadeiramente formidável, lançando Daniil Kvyat para o desemprego e, claro, vencendo o Grande Prémio de Itália, ao aproveitar bem a oportunidade que lhe surgiu.
O décimo lugar no Campeonato de Pilotos espelha mais o potencial do AlphaTauri que as capacidades do francês, que fez tudo o que podia para ganhar nova oportunidade na Red Bull.
Acabou por não acontecer, mas se mantiver em 2021 o nível que evidenciou este ano, o mercado abrir-lhe-á novas possibilidades para lá daquelas na esfera da companhia de bebidas energéticas.
8º George Russell
O inglês parecia caminhar para mais uma temporada sem pontos e em que os erros em Imola – quando bateu atrás do Safety-Car – e em Istambul – bateu na entrada para as boxes ainda antes da corrida começar – pareciam ser dois episódios de grande frustração, sobretudo o primeiro, uma vez que essa era uma corrida em que os pontos estavam no seu horizonte devido ao elevado número de abandonos.
Porém, já perto do final do ano surgiu a sua grande oportunidade, quando substituiu Lewis Hamilton na Mercedes, que tinha contraído COVID-19.
Russell não a enjeitou, Bottas viu-se e desejou-se para o bater na qualificação, e na corrida parecia caminhar para uma vitória autoritária, até que a Mercedes meteu os pés pelas mãos durante as paragens nas boxes.
Não ganhou, nem sequer assegurou um pódio, apenas conquistou os seus primeiros pontos, mas colocou uma data de validade na permanência de Bottas na equipa de Brackley.
9º Valtteri Bottas
Um piloto com dois triunfos, onze pódios e cinco pole-positions ao longo de uma época tem quase o direito de estar presente em qualquer top-10, mas o finlandês entra neste à justa. Bottas iniciou bem a temporada com uma “pole” e uma vitória, parecendo que estaria em condições de este ano dar luta a Lewis Hamilton.
Mas com o andar das corridas, Bottas foi perdendo gás, tendo por diversas vezes sido vulgarizado pelo seu colega de equipa, ficando claro rapidamente que o máximo a que poderia aspirar seria ganhar algumas corridas e terminar no segundo posto do Campeonato de Pilotos.
O finlandês teve alguns azares pelo caminho – como foi o caso na primeira corrida de Silverstone e em Imola – mas a supremacia do Mercedes W11 obrigava-o a fazer mais, terminando a temporada com o mesmo número de pódios e vitórias de Max Verstappen que bateu no Campeonato de Pilotos por apenas nove pontos.
Na retina ficaram ainda a sua prestação paupérrima na Turquia e a forma como foi batido por George Russel na segunda corrida do Bahrein, onde o inglês colocou uma data de validade na permanência de Bottas na Mercedes.
10º Lando Norris
O inglês é uma das jovens certezas da Fórmula 1! É rápido e consistente e leva para a equipa os resultados de que esta precisa, como se verificou este ano, permitindo, juntamente com Sainz, à McLaren assegurar o terceiro lugar no Campeonato de Construtores.
Conseguiu o seu primeiro pódio na categoria máxima do desporto automóvel logo na primeira corrida da temporada.
O valor de Norris é inquestionável, como se verificou em 2020, mas tem faltado ao jovem de 21 anos o brilhantismo de Verstappen ou de Leclerc, tendo sido suplantado por Sainz em corrida, apesar de alguns problemas que este sentiu durante a temporada.
2021 será um ano de grande importância para Norris que terá um novo colega de equipa, mas se nem com Verstappen Ricciardo se atemorizou, o inglês terá uma árdua tarefa pela frente.