O que significam os boatos da Ferrari para Hamilton
Pela primeira vez na sua carreira, Lewis Hamilton esta numa situação em que as vitórias parecem estar fora do seu horizonte num momento em que se aproxima do final da sua carreira. A ‘possibilidade Ferrari’ parece ter ganho força nos últimos dias, mas a Mercedes parece ser a sua única opção para se manter no mundo dos Grandes Prémios.
O piloto inglês ingressou na Fórmula 1 com estrondo, lutando pelo título mundial logo na sua primeira temporada, o que em parte contribuiu para a guerra civil que se viveu na McLaren em 2007, sendo Fernando Alonso o outro protagonista.
Desde então, Hamilton foi uma presença assídua na luta pelos campeonatos, o que se saldou em sete títulos, 103 vitórias e pole-positions, mas depois da intensa e frustrante batalha com Max Verstappen em 2021 – cujo campeonato perdeu nas circunstâncias que conhecemos – encontra-se numa travessia do deserto em que, normalmente, o máximo a que pode aspirar é a um lugar no pódio.
A Mercedes falhou completamente a entrada no novo regulamento técnico, entregando aos seus pilotos um carro que, no ano passado, era difícil, e que este ano, apesar de mais dócil, não demonstra as performances necessárias para que Hamilton possa alcançar o seu ambicionado oitavo ceptro.
Para além disso, o inglês tem ao seu lado um novo colega de equipa, George Russell, que parece ser o que mais dores de cabeça lhe oferece desde que teve Fernando Alonso ao seu lado, já no longínquo ano de 2007, e já teve como colegas de equipa Jenson Button ou Nico Rosberg.
Não é um cenário que seja muito favorável a Hamilton, por um lado tem um carro que não lhe dá expectativas de títulos, por outro tem um jovem piloto a morder-lhe os calcanhares.
Neste momento, Hamilton não tem contracto e tem 38 anos, tendo três opções pela frente para dar seguimento à sua carreira.
Uma delas passar por terminar a sua ilustre passagem pela Fórmula 1, dedicando-se aos interesses que tem vindo a evidenciar – luta por causas sociais, música, cinema e moda.
Não seria a forma mais airosa de deixar a categoria máxima do desporto automóvel, uma vez que criaria a ideia de que ‘lançaria a toalha ao chão’ num momento de dificuldades, abandonando a equipa que lhe trouxe tantos sucessos quando esta está a passar por um momento de menor competitividade.
Para além disso, Hamilton já frisou mais que uma vez que pretende continuar e que será uma formalidade chegar a um acordo com a Mercedes.
No entanto, outra opção para o heptacampeão mundial seria mudar de equipa, sendo o caminho mais viável o que passa pela Ferrari, uma vez que ninguém consegue ver o inglês e Max Verstappen juntos, muito embora seja delicioso para os adeptos e jornalistas contemplar esse cenário.
A eventualidade de Hamilton rumar a Maranello tem vindo a fazer notícia nos últimos dias com os rumores a apontarem que o inglês está em contacto directo com John Elkann, o presidente da Ferrari, estando a ‘‘Scuderia’’ preparada pagar quarenta e seis milhões de euros por temporada para ter os serviços do heptacampeão mundial.
Estas notícias esbarram em alguns factos, porém.
A Ferrari tem contracto com os seus actuais pilotos até ao final do próximo ano, o que dificulta que se encontre um lugar para o inglês na formação transalpina.
Claro que os acordos existem para serem quebrados e Charles Leclerc há muito que é apontado como uma opção para a Mercedes, quando Hamilton terminar a sua carreira, o que parece ser perfeito para história que teve origem no Reino Unido.
Mas qual seria a motivação do monegasco em deixar a Ferrari para rumar à equipa dos ‘Flechas de Prata’?
Neste momento, a Mercedes não parece muito melhor que a sua rival de Maranello e se alguma destas duas equipas parece ter um entendimento do regulamento técnico introduzido o ano passado não é a formação do construtor germânico, que continua sem conseguir perceber os problemas que assolaram o W13 e se estendem ao W14.
Por muito que possa estar farto das contrariedades que vem sentido na Ferrari, Leclerc não vai encontrar muito melhor a curto prazo na Mercedes e, para além disso, só agora se vão começar a sentir as mudanças criadas pela gestão de Frédéric Vasseur, um homem que o jovem piloto muito valoriza, logo seria abandonar o barco antes de este estar equilibrado.
Por seu lado, Carlos Sainz tem contracto com a Ferrari até ao final do próximo ano e, neste momento, não tem grande mercado, logo sem grande interesse em terminar antecipadamente a sua passagem pela ‘‘Scuderia’’.
Na verdade, não parece que exista espaço para Hamilton na formação de Maranello e o facto dos rumores quanto à sua possível ida para a equipa transalpina terem surgido em Inglaterra e não em Itália indica que foi uma fuga de informação controlada do lado da gestão do piloto inglês e não da Ferrari.
Hamilton já apontou diversas vezes que quer manter-se na Mercedes, muito embora o momento actual da equipa não prometa grande triunfos, uma vez que desde tenra idade defende as cores da marca da estrela de três pontas.
Acresce ainda que as diversas iniciativas que o inglês defende em termos sociais são co-financiadas pela formação de Brackley, que o apoia profundamente, havendo, portanto, uma ligação entre as duas partes que vai para além da Fórmula 1.
Toto Wolff já afirmou que é uma questão de tempo até se sentar com Hamilton para assinar um novo acordo que o mantenha na Mercedes.
No entanto, segundo alguns rumores, a oferta que o austríaco fez ao heptacampeão do mundo compreende uma redução no salário deste e uma extensão de apenas um ano.
Estas são condições que não interessam a Hamilton, tendo surgido os rumores da possibilidade de rumar a Maranello como uma forma de pressionar o seu actual empregador a melhorar as condições que lhe oferece.
Apesar dos boatos, a ‘possibilidade Ferrari’ não parece mais que um meio para alcançar um fim e, caso o inglês pretenda continuar na Fórmula 1, parece estar condenado a continuar com a Mercedes, o que garante a Wolff o poder de ditar os termos do contracto, uma situação que não parece agradar ao Hamilton, o que terá espoletado os rumores da ‘‘Scuderia’’.
Caro Jorge Girão, “contracto” significa que sofreu uma contracção, neste caso, fala-se de “contrato”.
Depende Pity. Para quem escreve segundo a grafia anterior àquele estranho acordo ortográfico, contracto está correcto 🙂
Digo isto pois continuo a escrever segundo a anterior grafia que não oferecia dúvidas. Com o actual, há casos bizarros como o pára já não ter acento. Se estiver escrito “ninguém para a Red Bull”, estou a dizer que ninguém consegue parar a Red Bull ou que ninguém deve ir para a Red Bull? Bizarrias
O “c” tem dado muitas confusões. Eu também não escrevo pelo (des) acordo ortográfico, mas as duas palavras já existiam muito antes de aparecer o famigerado acordo. Basta procurar num dicionário antigo.
Segundo a Priberam:
Dupla grafia pelo Acordo Ortográfico de 1990: contrato ou contracto.
“contracto”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/contracto [consultado em 22-05-2023].
Eu ainda me regulo pelo meu velhinho, com mais de 50 anos, Porto Editora.
Não está a ler bem.
Com o acordo- de 1990 para contracto (de contratura) é possível as duas grafias, mas para contrato (de contratar) apenas é possível a grafia sem “C”, conforme a Pity referiu no comentário original.
São duas palavras iguais com significados diferentes. É como fato. Posso escrever facto (AO 1990) como significado de prova, mas não posso escrever como sinónimo de vestuário.
Conclusão interessante (não estou a ser irónico) sobre a potencial origem dos rumores.Têm lógica dada a situação do LH tendo em conta a idade, a oferta actual a nivel de equipas para um piloto do seu nivel, e a posição da MB em relação ao futuro da equipa. Será interessante ver o desfecho, mas ir-se-á quedar por uma questão de dinheiro vs anos de contrato provávelmente.
Peço desculpa mas não tenho tempo de me debruçar sobre os problemas realmente importantes como a questão do acordo ortográfico